Lotéricos denunciam insegurança no transporte de valores no Estado

O Sindicato dos Lotéricos do Estado pediu à Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais a...

17/04/2007 - 00:01
 

Lotéricos denunciam insegurança no transporte de valores no Estado

O Sindicato dos Lotéricos do Estado pediu à Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais apoio no processo de ampliação do sistema de transporte de valores nos estabelecimentos do setor no Estado. Segundo o presidente da entidade, José Mário Moreira da Silva, apenas 187 das 1.128 casas lotéricas de Minas são atendidas por carros-forte, e que nesses locais houve uma redução de 60% no número de assaltos e roubos. A reunião, realizada nesta terça-feira (17/4/07), foi solicitada a requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT), e recebeu também representantes da Caixa Econômica Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais.

De acordo com José Mário, a situação é crítica, uma vez que os serviços bancários realizados pelas casas lotéricas têm aumentado e, com isso, esses estabelecimentos são cada vez mais alvo da ação de assaltantes. Os dados do sindicato apontam que 70% dos clientes procuram as lotéricas para pagamento de contas e apenas 12% freqüentam as lojas para fazer apostas. Segundo ele, é responsabilidade da Caixa Econômica Federal zelar pela segurança do transporte desses valores. "Esse volume grande de dinheiro, que atrai os bandidos, nem é nosso. Acho injusto que nós paguemos por essa insegurança. Estamos realmente apavorados", reclamou.

José Mário Moreira da Silva solicitou que a comissão interferisse junto à Caixa Econômica Federal, para que a liberação de recursos da verba de segurança para casas lotéricas (1% da arrecadação com jogos) seja proporcional ao que o Estado arrecada. Minas Gerais ocupa o 2º lugar no ranking de arrecadação nacional, com 22% do total, atrás apenas de São Paulo, que arrecada 40%, segundo informação do Sindicato dos Lotéricos, confirmada pelo representante da CEF, Dimas Lamounier. O deputado Sargento Rodrigues informou que apresentará requerimento na próxima reunião da comissão, para pedir informações à CEF sobre esta verba, seus percentuais e forma de aplicação.

O representante da Polícia Militar, tenente-coronel Robson Campos, concordou que a situação é preocupante, mas apontou dados que mostram redução no número de assaltos a lotéricas no Estado. De acordo com ele, as ocorrências em Minas caíram de 497, em 2003, para 129 em 2006. Em Belo Horizonte, os números mostram a redução de 295, em 2003, para 44 em 2006. "Acreditamos que a solução passa pela integração das polícias, dos lotéricos e da comunidade. Se conseguirmos desenvolver um plano amplo de segurança poderemos melhorar a prevenção e o poder de resposta aos assaltos a estabelecimentos lotéricos," disse. "A curto prazo a solução é utópica, mas o resultado já começa a aparecer. Já sabemos o que fazer e como fazer, mas precisamos ainda de recursos e maturidade nessa rede de articulação", completou. A representante do Ministério Público, Cássia Virgínia, concordou com o tenente-coronel sobre a importância da integração dos interessados e ressaltou ainda a necessidade da capacitação dos vigilantes e policiais militares neste processo.

Caixa afirma não haver negligência

Os deputados Sargento Rodrigues e Délio Malheiros (PV) afirmaram que a responsabilidade pelo transporte de valores é da Caixa Econômica Federal. Segundo eles, os bancos transferiram para as agências lotéricas as operações de menor rentabilidade e não fornecem a segurança necessária aos servidores e cidadãos. "As lotéricas hoje são verdadeiros bancos, que trabalham com o que não dá lucro. O sistema bancário deve rever essa situação, pois a corda está arrebentando para o lado do mais fraco", disse Délio Malheiros.

O superintendente da Caixa em Minas, Dimas Wagner Lamounier, disse que não há negligência da instituição nesse caso. Segundo ele, a parceria do banco com o sindicato tem evoluído e que a universalização do sistema de transporte de valores é dificultada pelo custo de contratação das empresas de segurança. Ele sugere aos lotéricos que se articulem e procurem se instalar em locais de menor incidência, tais como shoppings centers e galerias comerciais. "A Caixa não foge à responsabilidade, mas há uma série de outras ações, que não somente o transporte contratado de valores, que vêm dando resultado. Se a situação ainda não é a ideal, não é por desinteresse da Caixa", afirmou.

Os deputados Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Paulo César (PDT) também consideram ser praticamente impossível atender toda a rede de lotéricas do Estado. Para Luiz Tadeu, o problema é um reflexo da deficiência da segurança pública no Estado e no País. Segundo ele, a responsabilidade não pode ser atribuída somente aos bancos, mas ao poder público. "Temos que fazer um apelo aos governos estadual e federal. É preciso que se desenvolvam melhores políticas públicas para que se tenham soluções efetivas. O problema não é dos bancos, é de segurança pública", concluiu.

Requerimentos pedem audiências públicas

A comissão aprovou nove requerimentos durante a reunião, sendo três que dispensam a apreciação do Plenário da ALMG. Foram três proposições de autoria do deputado Sargento Rodrigues, que solicitam realização de audiência pública em Itamarandiba, para debater o aumento da violência nos municípios de Setubinha e Aricanduva, no Norte de Minas; e manifestações de aplauso a membros do Corpo de Bombeiros e das polícias Civil e Militar. O deputado Paulo César pede a realização de audiência pública em Nova Serrana, no Centro-oeste de Minas, para debater a violência no município; o deputado Luiz Tadeu Leite pede voto de congratulações ao Major Franklin, por ter assumido o comando do 10o Batalhão de Polícia Militar de Montes Claros; e o deputado André Quintão (PT) solicita realização de reunião conjunta das comissões de Participação Popular e Segurança Pública, para debater a redução da maioridade penal no Brasil.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo César (PDT), vice; Délio Malheiros (PV); Leonardo Moreira (DEM); Luiz Tadeu Leite (PMDB); e Weliton Prado (PT). Além dos parlamentares, fizeram parte da mesa o delegado da Polícia Civil, Willian Leroy; o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais, Edílson Pereira, além dos convidados citados na matéria.

 

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