TV exibe relato de Clélia Barcelos, mãe de Dora, da
VAR-Palmares
Um emocionante relato pessoal, revelador da época
da ditadura militar; uma homenagem antecipada às mães; um depoimento
que registra a história recente do País pela narrativa de quem viveu
o período. Este é o testemunho inédito de Clélia Lara Barcellos, mãe
de Maria Auxiliadora Lara Barcellos, a guerrilheira e militante
Dora, da VAR-Palmares, que será exibido neste sábado (14/4/07), às
20 horas, pelo programa Memória e Poder, da TV Assembléia
(canal 11 do sistema a cabo, em Belo Horizonte). Presa em 1969 e
exilada em 1971 no Chile, Dora morreu na Alemanha, em 1976, aos 31
anos. "Minha filha teve uma vida curta, mas viveu intensamente,
viveu mais do que muitos que vivem cem anos", relembra a mãe.
No depoimento ao Memória e Poder, Clélia
Barcelos narra a curta vida da filha, seus ideais, os valores que
ela defendeu. E relembra os anos 60 e 70 da história brasileira, a
ditadura, a luta armada, o engajamento de estudantes na guerrilha, a
tortura instituída, a busca dos pais pelos filhos. Trechos de um
depoimento da própria Dora, gravado no Chile após a deportação, e de
outros presos políticos também poderão ser vistos na entrevista -
que será reprisada no domingo (15), às 15h30; na segunda-feira (16),
à meia-noite; na terça (17), às 21 horas; e na quarta (18), ao
meio-dia.
Mineira de Antônio Dias, Dora era estudante de
medicina na UFMG, marcada pelo tratamento dos doentes em
instituições como o Hospital Galba Veloso, e militante do Grupo
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, a VAR-Palmares, nos anos
de chumbo da ditadura militar. Seu envolvimento com a militância
política começou na época da faculdade e desde então seu pai temia
as repressões que ela poderia sofrer. A resposta de Dora era também
um questionamento e apelo por mudança: "Pai, enquanto o senhor
respira morrem cinco, seis crianças de fome".
Em 1969, Dora fugiu para o Rio de Janeiro, passando
a viver na clandestinidade. Em novembro do mesmo ano, com 24 anos,
Dora foi presa com o marido e outro militante. Com eles, foram
apreendidos planos contra o então presidente Médici. Os três foram
levados pela polícia. E torturados. O amigo militante preso com Dora
morreu na mesma noite. Ela e o marido sobreviveram. Em janeiro de
71, Dora foi exilada para o Chile com outros 69 presos políticos,
libertados em troca do embaixador suíço, que havia sido seqüestrado
no Brasil pela guerrilha.
Relatos da ditadura - O Memória e Poder tem caráter
histórico-documental e registra a história recente do País pela
narrativa de vida das pessoas que foram testemunhas do período e das
relações de poder na sociedade.
Entre aqueles que já falaram ao programa sobre o
período da ditadura, estão os professores Aluísio Pimenta e Eduardo
Cisalpino, ex-reitores da UFMG, e Apolo Heringer, também da
universidade federal; o cineasta Helvécio Ratton; Carmela Pezzutti,
mãe de militantes da VAR-Palmares, também presos e torturados; o
jornalista Guy de Almeida; o ex-deputado José Gomes Pimenta, o
Dazinho; além de Frei Beto.
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