| Sindicalistas se mobilizam pela manutenção de veto de 
            Lula Representantes sindicais de diversas categorias de 
            trabalhadores participaram, nesta segunda-feira (9/4/07), de reunião 
            conjunta das comissões de Participação Popular e do Trabalho, da 
            Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas 
            Gerais. O encontro ficou marcado pela indignação contra a possível 
            derrubada, no Congresso, do veto presidencial à emenda 3 ao projeto 
            que implantou a chamada "Super-Receita". A emenda é vista por 
            sindicalistas como uma ameaça aos direitos trabalhistas assegurados 
            pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O deputado Carlin 
            Moura (PCdoB), autor do requerimento para realização da reunião, 
            resumiu o ponto de vista dos participantes: "A emenda retira do 
            trabalhador o direito de ser protegido pelo Estado contra formas 
            precárias de contratação". Centrais sindicais preparam uma 
            paralisação e protestos contra a proposta nessa terça-feira (10), em 
            diversas capitais do País. A emenda 3, aprovada pelo Congresso em fevereiro de 
            2007, estabelece que apenas a Justiça do Trabalho - e não um fiscal 
            da Receita - poderá contestar um contrato firmado entre duas pessoas 
            jurídicas para a prestação de serviços. Hoje, o fiscal tem 
            prerrogativa para desconstituir a pessoa jurídica, se verificar que 
            ela funciona como uma forma de fraudar relações de trabalho e 
            direitos trabalhistas. Empresas de diversas áreas, atualmente, 
            pressionam seus funcionários a se constituírem como pessoas 
            jurídicas para prestarem serviço, ao invés de serem contratados pela 
            CLT. Com isso, os ex-funcionários pagam menos imposto de renda, mas 
            deixam de ter direito a férias, 13º salário, FGTS e aposentadoria, 
            entre outras coisas. É o caso de muitos médicos, professores, 
            jornalistas e até funcionários de nível médio, organizados em 
            empresas de terceirização ou cooperativas. O presidente do PDT municipal e ex-deputado federal 
            Sérgio Miranda, um dos participantes da reunião, citou documento 
            produzido pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, que aponta a 
            emenda 3 como a mais profunda reforma trabalhista já feita no país. 
            "É um golpe de morte no combate ao trabalho escravo, já que a 
            fiscalização não poderá mais demonstrar vínculo entre os 
            trabalhadores e o proprietário da fazenda ou empresa onde eles são 
            explorados", afirmou o ex-parlamentar. Os participantes da reunião 
            disseram que a emenda, se mantida, irá oficializar e legalizar a 
            figura do "gato", arregimentador de mão-de-obra para fazendeiros, 
            terceirizada, em condições precárias e sem garantias 
            trabalhistas. Proposta reduzirá receita da Previdência Os prejuízos da emenda 3, no entanto, não ameaçam 
            apenas o combate ao trabalho escravo. Com essa medida, integrantes 
            de praticamente todas as categorias profissionais poderão ser 
            pressionados a constituir uma pessoa jurídica. Com menos pessoas de 
            carteira assinada, as contribuições à Previdência se reduzirão ainda 
            mais, agravando seu déficit e ameaçando a aposentadoria de muitos. 
            Os participantes da reunião destacaram que, hoje, dois terços dos 
            trabalhadores já estão no mercado informal. Se o fiscal do trabalho não puder mais agir contra 
            a fraude trabalhista, essa situação só poderá ser contestada 
            judicialmente, a partir de uma queixa do próprio trabalhador. Só que 
            esses trabalhadores só podem fazer isso após serem demitidos, e o 
            processo é extremamente demorado. "Temos que lutar para que essas 
            arbitrariedades sejam sanadas na origem, e não que dependam de uma 
            ação transitada em julgado que demorará seis ou sete anos", afirmou 
            Carlin Moura. De acordo com informações de Sérgio Miranda, a emenda 
            3 foi aprovada no Senado por 64 dos 81 senadores. Na Câmara, foram 
            304 votos favoráveis, contra 157. A derrubada do veto, geralmente, é 
            decidida em votação secreta, o que pode facilitá-la. Os 
            sindicalistas querem pressionar pela votação aberta.  O representante da Associação dos Auditores Fiscais 
            do Trabalho de Minas Gerais (Aafit/MG), José Augusto de Paula 
            Freitas, rejeitou as críticas de empresários de que as punições e 
            multas trabalhistas são excessivas e arbitrárias. Segundo ele, a 
            decisão do fiscal não é a palavra final, pode ser contestada 
            administrativamente e judicialmente. Em um exemplo citado, a multa 
            por empregado sem registro está hoje em R$ 500. "Temos a obrigação 
            de impedir que, no governo dos trabalhadores, assistamos ao enterro 
            das conquistas dos trabalhadores", afirmou. Informado, durante a reunião, sobre caso de 
            trabalho em condições precárias na tecelagem Mascarenhas Barbosa, em 
            Alvinópolis, José Freitas recomendou que todas as denúncias sejam 
            encaminhadas ao Ministério do Trabalho por e-mail, ou pelos 
            telefones 3270-6117 e 3270-6100. Segundo ele, as denúncias podem ser 
            feitas anonimamente. O presidente da Central Única dos Trabalhadores 
            de Minas Gerais (CUT-MG), Lúcio Guterres, afirmou que a questão é 
            tão grave que, se a emenda for mantida, poderá motivar uma 
            articulação de todas as centrais sindicais em favor de uma greve 
            geral. Presenças - Deputado 
            Carlin Moura (PcdoB); o presidente do Sindicato dos Professores da 
            Rede Particular (Sinpro/MG), Gilson Reis; representantes do 
            Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Igarapé, do Sindicato dos 
            Metalúrgicos de Belo Horizonte, do Sindicato da Saúde de Contagem, 
            da Federação dos Bancários, do Sindicato dos Comerciários, do 
            SindUTE, entre outros.       
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