ALMG cobra liberação de cubanos presos nos Estados
Unidos
Encaminhar aos principais órgãos dos Estados
Unidos, ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU), ao Congresso Nacional brasileiro e às Assembléias
Legislativas estaduais e do Distrito Federal documento solicitando a
liberação imediata de cinco cidadãos cubanos presos nos EUA desde
1998. Esta foi a principal decisão da audiência pública promovida
pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, na manhã desta quarta-feira (4/4/07). O requerimento
solicitando o envio do documento elaborado pela Associação Cultural
José Martí (ACJM), que trabalha pela solidariedade a Cuba e pela
autodeterminação dos povos, é dos deputados André Quintão (PT),
presidente da Comissão de Participação Popular, e Carlin Moura
(PCdoB), também autores do pedido para o debate.
Antonio Guerrero Rodriguez, Fernando Gonzáles
Llort, Gerardo Hernández Nordelo, Ramon Labañino Salazar e René
González Sehwerert estão detidos e incomunicáveis nos Estados
Unidos, acusados e condenados por crimes de espionagem política.
Condenações estas que foram revistas pela Corte de Atlanta e
consideradas ilegais também pelo Grupo de Trabalho sobre Detenções
Arbitrárias da Comissão de Direitos Humanos da ONU. Mas apesar das
decisões, os cinco cubanos continuam detidos nos Estados Unidos há
mais de oito anos. Segundo o documento da ACJM, eles estavam nos
Estados Unidos investigando planos de ações terroristas contra a
ilha de Cuba e não causaram dano a ninguém e nem ao país.
O advogado Roberto González Sehwerert, irmão de um
dos presos, lamentou e cobrou o motivo de os cubanos continuarem
detidos, apesar de todas as condenações terem sido revogadas, e
pediu a solidariedade dos brasileiros. "Por isso estamos aqui e pelo
mundo, buscando solidariedade", afirmou. "Eles estão presos por
investigar os responsáveis pela morte de 3.478 pessoas em Cuba,
devido a ações terroristas. A causa dos cubanos é pela humanidade e
por humanidade", completou Roberto González.
Participantes pedem solidariedade mundial
Todos os presentes na audiência pública foram
unânimes em afirmar a necessidade de uma corrente mundial solidária
pedindo a libertação dos cinco cidadãos cubanos. Segundo o deputado
André Quintão, o debate na ALMG é importante para ajudar a resolver
essa questão e que a comissão está aberta para a luta do povo
cubano. Para o deputado Carlin Moura, a causa é importante para
contribuir com a unidade da América Latina. "Defender a soberania de
Cuba é defender a nossa soberania", afirmou o parlamentar, que
recebeu o apoio de André Quintão e da deputada Maria Lúcia Mendonça
(DEM). A deputada cobrou a necessidade de se fazer justiça sobre o
caso.
O vice-presidente do Instituto Cubano de la Amistad
con los Puebos (Icap), José Estévez Hernández, ressaltou a
importância de se globalizar não apenas a tecnologia e a informação,
mas também os direitos. "Os cubanos tiveram todos os direitos
violados", afirmou. Hoje são cubanos, mas amanhã podem ser
venezuelanos, colombianos, argentinos ou mesmo brasileiros", disse
José Estévez ao lembrar que a batalha pela liberação dos cubanos
deve ser feita no terreno jurídico e no político: "Eles são
prisioneiros políticos do governo norte-americano e a forma de
libertá-los é mobilizando a opinião pública".
José Estévez também destacou a mobilização
internacional em prol da libertação dos cubanos ao informar que os
parlamentos inglês, boliviano e venezuelano, entre outros, já
aprovaram moção de apoio aos cubanos. Segundo ele, no mundo, já
foram criados mais de 400 comitês em defesa dos cubanos em 83
países. A criação desses comitês também foi destacada pelo
especialista do Icap para questões brasileiras, Reynaldo Feijoo
Garcia, que trabalha em prol destes grupos no Brasil. Ele criticou
ainda a falta de cobertura da mídia sobre o fato, e que, quando faz,
trata os cubanos como espiões. Para ele, a palavra espião já causa
uma aversão nas pessoas. "Este silêncio da imprensa sobre o caso
mostra efetivamente que eles não são espiões. Se fossem, a mídia
estaria cobrindo", afirmou.
Presenças - Deputados
André Quintão (PT), presidente da comissão; e Carlin Moura (PCdoB) e
a deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM). Além das autoridades citadas
na matéria, participaram da reunião o especialista em questões
latino-americanas, economista Alejandro Aguilar; o diretor de
Cultura e Eventos da Associação Cultura José Martí, José Rodrigues
da Silva, a estagiária do ICAP, Yarisleidis Medina Valle, a
professora de espanhol, Dalva Rosa, e representantes do Centro
Cultural Manoel Lisboa, da União da Juventude Rebelião (UJR) e do
Partido Comunista Revolucionário (PCR).
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