Saúde acata projeto sobre publicidade antidrogas nos
cinemas
O Projeto de Lei 26/07, do deputado Ivair Nogueira
(PMDB), que obriga os cinemas mineiros a exibirem filme publicitário
sobre as conseqüências do uso de drogas, antes das sessões
principais, recebeu parecer favorável da Comissão de Saúde da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em reunião realizada nesta
quarta-feira (4/4/07). O parecer, de 1º turno, aprovado, foi pela
aprovação do PL em sua forma original, sendo rejeitado substitutivo
da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que restringia a
obrigatoriedade aos cinemas administrados pelo Estado. O PL segue
agora para a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária,
antes de ser apreciado em Plenário.
Enquanto a CCJ entendeu, em seu substitutivo, que
obrigar os cinemas privados a exibirem filme publicitário feriria o
princípio da livre iniciativa, previsto no artigo 170 da
Constituição Federal, o relator da proposição na Comissão de Saúde,
deputado Doutor Rinaldo (PSB), argumentou que o uso indevido de
drogas já se configura como um problema de saúde pública, e que o
interesse público se sobrepõe ao princípio alegado. "É dever da
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação", afirma o parecer,
referindo-se ao artigo 227 da Constituição Federal.
Doutor Rinaldo salientou ainda que a modificação
feita pela CCJ torna o projeto ineficiente, já que a única sala de
cinema administrada pelo Estado é o Cine Humberto Mauro, da Fundação
Clóvis Salgado. Por esse motivo, o projeto, em sua forma original,
foi considerado mais adequado. O PL 26/07 altera dispositivos da Lei
11.544, de 1994, que regulamenta o §3º do artigo 222 da Constituição
do Estado, segundo o qual a prevenção da dependência de drogas e
afins é dever do Estado. De acordo com a proposta, o filme
publicitário será elaborado pelo Governo do Estado, e os cinemas
estarão sujeitos a multas caso não cumpram a legislação.
Em seu parecer, Doutor Rinaldo argumenta ainda que
o consumo de drogas lícitas, como álcool e tabaco, e ilícitas tem
crescido continuamente, principalmente entre os jovens das grandes
cidades. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 10%
da população dos centros urbanos de todo o mundo consomem
abusivamente substâncias psicoativas. Já segundo estudos do Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), a
experiência com substâncias psicoativas legais ou ilegais é cada vez
mais precoce entre os estudantes.
Parlamentares discutem apoio do Governo ao
PSF
Outra proposição discutida pela comissão foi o PL
7/07, do deputado Paulo Guedes (PT), que acrescenta dispositivo ao
artigo 15 da Lei 13.317, de 1999, que contém o Código de Saúde do
Estado de Minas Gerais. A proposição estabelece que o Estado
prestará apoio técnico e financeiro aos municípios na área de saúde
e auxiliará na implantação do Programa Saúde da Família (PSF) em
municípios que não possuam infra-estrutura mínima para seu
funcionamento. O parecer do deputado Hely Tarqüínio (PV),
vice-presidente da comissão, chegou a ser lido, mas não foi votado,
em função do pedido de prazo regimental pelo próprio relator.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) argumentou que o
Governo Aécio Neves já desenvolve o programa Saúde em Casa, de forma
complementar ao PSF, com investimentos de R$ 1 mil a R$ 2 mil por
equipe, dependendo da região. Já Hely Tarqüínio lembrou que
parâmetros como Índice de desenvolvimento Humano (IDH) ou número de
habitantes são considerados pelo Governo nos investimentos para o
PSF. E o presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB),
concluiu que a intenção do autor do PL já estaria contemplada.
Porém, o próprio Carlos Pimenta ressaltou que a
aprovação de uma lei nesse sentido evitaria que as ações hoje
desenvolvidas pelo governador Aécio Neves fossem descontinuadas em
outra administração. A Comissão optou, então, por agendar audiência
pública com os gestores dos programas PSF e também Viva-Vida e
Pro-Hosp, antes de votarem a matéria. Requerimento nesse sentido, do
deputado Carlos Pimenta, já havia sido aprovado no dia 14 de março.
Pimenta completou que hoje há uma grande rotatividade de médicos do
PSF, em função da não realização de concursos públicos. Já Carlos
Mosconi alertou que o programa tem sido uma válvula de escape para
os reprovados na residência médica. "Faltam centros de treinamento
em PSF no Brasil", opinou.
Requerimentos - A comissão
aprovou ainda dois requerimentos. O primeiro, assinado pela deputada
Ana Maria Resende (PSDB) e pelos deputados Arlen Santiago (PTB);
Carlos Pimenta; Gil Pereira (PP); Luiz Tadeu Leite (PMDB); Paulo
Guedes; Ruy Muniz (DEM); e Hely Tarqüínio, solicita audiência
pública da comissão para debater o processo de contratualização na
área de saúde com os hospitais do Estado. O argumento é de que o
processo de contratualização, na forma como vem sendo feito,
resultará na falência de muitos hospitais.
Outro requerimento, de autoria do deputado Dinis
Pinheiro (PSDB), solicita audiência pública para discutir a grave
situação financeira dos hospitais filantrópicos e privados de Minas.
O requerimento foi aprovado, mas com emenda à lista de convidados,
com o objetivo de ampliar os debates para todo o Estado. A Comissão
aprovou também outros 34 requerimentos que dispensam apreciação do
Plenário.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV),
vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT); Doutor Rinaldo (PSB); e Ruy
Muniz (DEM).
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