Direitos Humanos deve pedir interdição de cadeia em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deve pedir a interdição do 5º Distrito Polic...

30/03/2007 - 00:00
 

Direitos Humanos deve pedir interdição de cadeia em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deve pedir a interdição do 5º Distrito Policial da 6ª Delegacia Seccional da Polícia Civil de Contagem. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (30/3/07) pelo deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, após visita à delegacia. No local, 26 mulheres, a maioria acusada de envolvimento com o tráfico de drogas, se amontoam em duas celas e um corredor com espaço total de 13 m², com capacidade para até oito pessoas. Durval Ângelo informou que a comissão deverá aprovar um requerimento, antes de enviar uma representação ao Ministério Público Estadual, pedindo a interdição.

O deputado Carlin Moura (PcdoB), autor do requerimento para a visita, também esteve presente, assim como o vereador de Contagem, Lucas Cardoso (PR), que fez a denúncia de superlotação, e defensores públicos. O coordenador da Defensoria Pública de Contagem, Willer Castro, informou que também deve ajuizar uma ação na Vara de Fazenda Pública do município, pedindo a interdição. Segundo ele, o assunto será decidido pelos defensores durante reunião na próxima segunda-feira (2/4).

O titular do 5º Distrito Policial, delegado João da Silva Lisboa, admitiu que a situação é precária. Como apenas três policiais fazem expediente da delegacia, além do trabalho de polícia, não é possível liberar as presas para o banho de sol. Segundo ele, das 26 detentas, três precisam de atenção médica semanal, em função de machucados; outras 20 sofrem com cândida anal e há casos de hanseníase. As presas exibiram ainda sinais de sarna. Nas celas, sem ventilação, há apenas seis camas. Durante a noite, colchões são espalhados até mesmo sobre a fossa, e elas fazem suas necessidades em um balde. Algumas, inclusive, já foram condenadas e deveriam estar cumprindo pena em penitenciárias. "Teve gente que ficou dez anos aqui", lamenta João Lisboa.

Parlamentares conversam com detentas e anunciam ações

Os deputados conversaram com as detentas no pátio externo da delegacia e informaram que a Assembléia fará um relatório com os problemas observados, para cobrar soluções. "Não há como resolver em um passe de mágica", ressaltou Durval Ângelo. "Aqui em Contagem, um juiz teve a coragem de enfrentar essa situação, mas foi afastado", citou Carlin Moura, referindo-se ao juiz Livingston José Machado, afastado de suas funções pelo Tribunal de Justiça por ter liberado presos para amenizar o problema da superlotação.

"Infelizmente, as denúncias foram comprovadas. É uma situação lamentável. Há 20 presas doentes num local sem ventilação. É necessária uma intervenção urgente do poder público, porque o sistema carcerário ineficiente aumenta a violência. Não se trata de defesa de bandido, mas da sociedade", comentou Durval Ângelo. Ele lembrou, porém, que o Judiciário não tem despachado favoravelmente os pedidos de interdição. "Foi uma visita importante. Temos que exigir melhores acomodações para as presas, que estão em situação precária. E temos outras situações como essa em Contagem, como no 2º Distrito Policial", informou Carlin Moura. De acordo com os defensores públicos, o 2º DP, que já chegou a ser interditado, tem capacidade para 40 presos, mas acomoda hoje 125.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; e Carlin Moura (PCdoB). Além de Willer Castro, participaram também os defensores públicos Galeno Siqueira, Luciana Moura Fonseca, Júnia Roman Carvalho, diretora-secretária da Associação dos Defensores Públicos de Minas Gerais; e o vereador Lucas Cardoso.

 

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