Creches podem ficar sem recursos do Fundeb

Creches comunitárias, filantrópicas ou vinculadas a instituições religiosas correm o risco de ficar sem recursos do F...

28/03/2007 - 00:00
 

Creches podem ficar sem recursos do Fundeb

Creches comunitárias, filantrópicas ou vinculadas a instituições religiosas correm o risco de ficar sem recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), está fazendo um recenseamento para saber o número de instituições de ensino e de alunos matriculados. Mas a maior parte das creches está impedida de participar do censo em Minas Gerais, por uma decisão da Secretaria de Estado de Educação (SEE). O assunto motivou uma audiência pública conjunta das comissões de Participação Popular e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (28/3/07).

O censo escolar, que está sendo feito em todo o Brasil, vai nortear a elaboração de políticas públicas de educação e a distribuição de recursos do recém-criado Fundeb. Em Minas Gerais, a SEE impede o acesso das maior parte das creches ao sistema on-line de recenseamento. Apenas as instituições mais bem estruturadas, reconhecidas pelas prefeituras ou pelos conselhos de educação, têm acesso ao questionário.

Não se sabe o número exato de creches que funcionam em precárias condições e sem o aporte regular de recursos governamentais. Mas cerca de 40% das instituições de educação infantil que recebem recursos do Ministério do Desenvolvimento Social não estão cadastradas para responder ao censo escolar, segundo a representante do Movimento Interforuns de Educação Infantil, Rita de Cássia Freitas Coelho.

"O Estado entende que não tem responsabilidade sobre a educação infantil. Mas a alimentação escolar é um direito das crianças matriculadas nas creches, e os recursos federais só chegarão às instituições incluídas no censo", criticou. Rita de Cássia frisa que a inclusão no recenseamento é importante, não só para assegurar o financiamento, mas também para garantir a integração das creches ao sistema educacional.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabeleceu que essa integração deveria se completar até dezembro de 1999, mas até hoje ela não se concretizou. "Temos que reconhecer que as creches filantrópicas prestam um serviço público. A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e é importante para o desenvolvimento cognitivo da criança", considerou a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Sueli Duque Rondarte.

Deputados propõem diálogo com o governo

Para o deputado André Quintão (PT), que solicitou a audiência e coordenou os debates, a solução para esse impasse depende da regularização e reconhecimento oficial das creches filantrópicas e comunitárias. Ele defende que o Estado desenvolva, em parceria com os municípios, uma campanha que estimule a criação de sistemas municipais de ensino, com a inclusão das mais variadas categorias de instituições de educação infantil. "Existem milhares de entidades que nem sabem que poderiam receber recursos federais", exemplificou. Ele disse que vai solicitar uma reunião urgente com a Secretaria de Educação para tratar da participação das creches no censo escolar.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) também defendeu uma solução urgente para o problema, uma vez que as instituições que não responderem ao censo até o final de abril não poderão receber recursos do Fundeb em 2008. "Não podemos permitir que isso aconteça por causa de uma interpretação equivocada. O Fundeb é um avanço, mas se excluirmos a educação infantil, teremos uma estátua com pés de barro", disse.

Os deputados Deiró Marra (PSB) e Eros Biondini (PHS) também manifestaram apoio à interlocução da ALMG com o governo do Estado como forma de buscar a valorização do papel das creches.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Eros Biondini (PHS), vice; Deiró Marra (PSB), presidente da Comissão de Educação; Carlin Moura (PCdoB) e deputada Ana Maria Resende (PSDB). Também participou da reunião a representante do Fórum Mineiro e Metropolitano de Educação Infantil, Dinéia Domingues.

 

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