Comissão debate prevenção ao câncer de mama e de colo de
útero
As mortes devido ao câncer de mama têm aumentado. A
constatação foi feita durante audiência pública da Comissão de Saúde
da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira
(21/3/07) que discutiu, com especialistas, formas de prevenção ao
câncer de mama e de colo do útero. O debate faz parte de uma série
de eventos que a ALMG está realizando neste mês em homenagem ao Dia
Internacional da Mulher - 8 de março. O requerimento que solicitou a
reunião é das deputadas Ana Maria Resende (PSDB), Elisa Costa (PT),
Rosângela Reis (PV), Cecília Ferramenta (PT), Gláucia Brandão (PPS)
e Maria Lúcia (PFL).
De acordo com o coordenador do Programa de
Prevenção do Câncer de Mama e Colo de Útero da Secretaria de Estado
da Saúde, Sérgio Martins Bicalho, Minas Gerais tem 9,8 milhões de
mulheres, e a melhor forma de combater o câncer de mama é através da
mamografia "Temos que fazer, no mínimo, 600 mil mamografias por ano,
mas faltam recursos", lamentou Sérgio Martins. Ele destacou que o
câncer de colo de útero acomete mulheres entre 25 a 70 anos, e que,
para prevenir, basta realizar o exame Papanicolau. De acordo com
ele, em 2006, o setor público bateu recorde na realização desses
exames: 319 mil mamografias e 1,2 milhão de exames de Papanicolau. O
representante da Secretaria da Saúde informou também que o programa
"Viva a Vida", do governo do Minas, já instalou centros de saúde em
três microrregiões do Estado e que o projeto prevê mais 24
instalações.
O coordenador Ginecológico do Centro de Oncologia
do Hospital Mater Dei, José Helvécio Kalil de Souza, afirmou que o
câncer do colo de útero é genético e não hereditário, é de fácil
diagnóstico e de evolução muito lenta. 75% dos casos ocorrem em
países subdesenvolvidos e 90% podem ser prevenidos. José Helvécio
informou que o vírus do HPV (Papiloma Vírus Humano), transmitido
principalmente através de relação sexual, é a principal causa do
câncer de útero, que pode ser agravado com o início da atividade
sexual precoce, com o tabagismo e até em casos de depressão.
De acordo com a mastologista do Hospital Mater Dei,
Heliégina Aparecida de Oliveira, o câncer de mama acontece mais em
mulheres acima de 40 anos e que têm casos da doença na família. Ela
informou que o auto-exame deve ser realizado uma semana após a
menstruação, e que a mulher deve ficar em frente ao espelho e
observar as possíveis alterações no seio. Em mulheres que já estão
na menopausa, o exame deve ser feito todos os meses, no mesmo dia.
Heliégina lembrou também que não se deve jogar fora as antigas
mamografias pois elas devem ser comparadas com o exame atual para
detectar as diferenças que possam ter surgido. Ela disse também que
existem dois tipos de cirurgias, as que mutilam e as que conservam o
seio. No caso de conservação, a paciente deve ter acompanhamento
médico e utilizar a radioterapia como prevenção. No caso da
mutilação, a mulher pode optar por colocar prótese ou não.
O presidente da Associação de Prevenção do Câncer
de Mama (Asprecam), Thadeu Rezende Provenza, disse que 70% dos
pacientes no Estado são atendidos pelo SUS, mas que não há médicos
suficientes para examinar as mamas, o que tem sido feito por
enfermeiras Ele informou que o número de mortes em função do câncer
de mama tem aumentado porque a maioria das pessoas que tem a doença
é tratada em fase final. "A rede do SUS é completa, mas o paciente
não tem acesso ao especialista, e os profissionais não estão
capacitados", frisou Rezende. A falta de iniciativa e compromisso do
poder público e a falta de informação das mulheres também foram
citadas como fatores que contribuem para o aumento de mortes em
função do câncer de mama.
"A Assembléia está dedicando o mês de março a
atividades ligadas à mulher", afirmou a deputada Maria Lúcia (PFL).
Ela lembrou o lançamento da "II Conferência de Políticas para as
Mulheres" realizado no Plenário da ALMG, no último dia 14, como
parte da programação. E lamentou que ainda existem mortes por causa
do câncer de mama, porque as mulheres não fazem os exames
preventivos. Já a deputada Cecília Ferramenta (PT) acredita que
"através de debates e iniciativas como essa, é possível
conscientizar as mulheres sobre a importância de cuidar da
saúde".
Para o deputado Carlos Pimenta (PDT), "o
instrumento mais importante na prevenção do câncer de mama está nas
mãos das mulheres, que é o auto-exame". Ele propõe que seja treinado
e incluído no Programa de Saúde da Família um especialista em câncer
de mama e colo de útero. O Programa Saúde da Família foi criado em
1994 pelo Ministério da Saúde, para fazer o acompanhamento básico da
população. Cada equipe é composta por um médico, um enfermeiro, um
auxiliar de enfermagem e entre cinco e seis agentes
comunitários.
O presidente da comissão, Carlos Mosconi (PSDB)
disse que a sociedade e o poder público ainda têm muito o que fazer
para diminuir os casos de morte por câncer de mama e de colo de
útero. Já o deputado Hely Tarquinio (PV), vice-presidente, disse que
a comissão está aberta para debater o assunto, e sugeriu uma reunião
com representantes do poder público.
Requerimentos - Foram
aprovados os seguintes requerimentos: da deputada Cecília Ferramenta
(PT), que requer o envio de ofício ao Instituto Nacional do Câncer e
à Secretaria de Estado de Saúde (SES), informando o volume de
recursos aplicados nos programas de combate e prevenção ao câncer de
mama e de colo do útero pelos governos Federal e Estadual; do
deputado Carlos Pimenta (PDT), para debater e iniciar a
descentralização e implantação dos programas, através da SES. Serão
convidados o coordenador do Programa de Prevenção do Câncer de Mama
e Colo de Útero da Secretaria de Estado da Saúde, Sérgio Martins
Bicalho e equipe; o presidente da Associação de Prevenção do Câncer
de Mama (Asprecam), Thadeu Rezende Provenza e equipe; e secretários
Municipais de Saúde dos municípios constantes do Programa de
Prevenção do Câncer de Mama em Minas Gerais e o gestor do Instituto
Nacional do Câncer (Inca)
Presenças - Deputado Carlos Mosconi (PSDB),
presidente; deputado Hely Tarquinio (PV), vice-presidente; deputado
Carlos Pimenta (PDT); deputado Doutor Rinaldo (PSB); deputada
Cecília Ferramenta (PT); e deputada Maria Lúcia (PFL).
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