Participantes do Fórum das Águas enfatizam escassez do recurso

A abertura do 6° Fórum das Águas para o desenvolvimento sustentável de Minas Gerais, que a Assembléia Legislativa de ...

21/03/2007 - 00:04
 

Participantes do Fórum das Águas enfatizam escassez do recurso

A abertura do 6° Fórum das Águas para o desenvolvimento sustentável de Minas Gerais, que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais realiza nesta quarta-feira (21/3/07), até sexta-feira (23), foi marcada pela manifestação da Igreja Católica e Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas, contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. E pelo anúncio de que, em breve, Minas Gerais passará a contar com as agências de bacias, órgãos executivos dos comitês, que permitirão a cobrança do uso da água pelos grandes usuários, como Copasa e Cemig.

O evento foi aberto pelo presidente da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), que destacou o agravamento do quadro de escassez de água no planeta, no Brasil e no Estado. O presidente lembrou que, além da escassez, registram-se outros problemas, como a distribuição irregular dos recursos hídricos, o descuido com a natureza, a contaminação dos mananciais, as práticas erradas de agricultura e o desmatamento. O 6º Fórum das Águas é promovido ainda pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas e Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea/MG). O restante da solenidade de abertura foi conduzida pelo deputado José Henrique (PMDB). Nesta primeira fase do fórum, que teve ainda duas palestras, mais de 30 deputados participaram do evento.

Além do Igam, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Fórum de Comitês, falaram na abertura o representante da Associação Mineira de Municípios (AMM), prefeito de Congonhas, Anderson Costa; da Agência Nacional de Águas (ANA), Dalvino Troccoli Franca; o presidente do Crea, Gilson Carvalho; a presidente da ONG Nova Camburquira, Marília Noronha; e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Ronaldo Vasconcellos. Participou da mesa ainda o representante do Ministério Púbico, promotor Rodrigo Cançado.

O prefeito de Congonhas pediu a presença dos municípios nas discussões de políticas públicas para as águas. O presidente do Crea destacou a importância dos cursos que são feitos paralelamente ao fórum. E o diretor da área de Informação da ANA sugeriu que a população do semi-árido nordestino também tenha direito à água, numa referência à implantação do projeto de transposição do Rio São Francisco.

Criação de agências permitirá cobrança de grandes usuários de água

O anúncio da criação das agências locais foi feito pelo presidente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Paulo Teodoro de Carvalho. Ele destacou que a regulamentação do Fundo de Recuperação e Desenvolvimento Sustentável das Bacia Hidrográficas de Minas Gerais (Fhidro), no ano passado; e a destinação de R$ 20 milhões em 2006 e R$ 55 milhões em 2007 para sua composição, permitirão a melhoria da gestão dos comitês de bacias hidrográficas. Em Minas, são 29 comitês de bacias e sete comissões.

A manifestação contra a transposição do Rio São Francisco foi feita pelos representantes do Fórum Mineiro de Comitês, Projeto Manuelzão (tendo à frente Apolo Heringer) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre José Januário Moreira. Segundo Heringer, presidente Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, não há escassez de água, há má-gestão. Em seguida, fez críticas generalizadas ao projeto da transposição, afirmando que o Fórum Mineiro de Bacias também defende a água para a população do semi-árido, "só que o projeto vai beneficiar, mais uma vez, a indústria da seca, com o favorecimento dos grandes empresários da área de plantação de frutas e criação de camarões do Ceará".

Apolo Heringer enfatizou que o problema da transposição está sendo a mentira. "É um projeto mentiroso, suspeito de corrupção e as autoridades federais estão fugindo do debate", disse. O padre José Januário manifestou a preocupação da CNBB, "com as situações no País em que o lucro está sendo colocado acima da vida". E acrescentou: "a Igreja é contra a transposição, enquanto não se fizer a revitalização das bacias". O representante da ANA, Dalvino Franca respondeu que "as acusações de corrupção são levianas".

 

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