Mulheres defendem valorização no mercado de
trabalho
A necessidade de o poder público, em suas várias
instâncias, criar políticas públicas concretas que valorizem a
mulher no mercado de trabalho, como o aumento do número de creches,
para que as mães tenham onde deixar seus filhos ao sair para
trabalhar, foi uma das reivindicações da audiência pública da
Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (20/3/07). A reunião
integrou a série de ações preparadas pelo Legislativo Mineiro para o
mês da mulher, março, e teve a participação de representantes de
entidades de mulheres.
Uma das convidadas que falou sobre a dificuldade de
muitas mulheres de não ter com quem deixar os filhos foi a
superintendente de Trabalho e Renda da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social, Carmem Rocha. Segundo ela, além de viverem
esse dilema de não haver espaços públicos apropriados para suas
crianças, que acabam ficando soltas nas ruas, as mulheres enfrentam
problemas já conhecidos e também enfrentados por muitos, homens e
mulheres, como falta de capacitação profissional e baixo nível de
escolaridade.
A discriminação sofrida pelas mulheres
trabalhadoras rurais também foi citada pela coordenadora da Comissão
de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
Minas Gerais (Fetaemg), Maria Alves de Souza, que pertence à
comunidade quilombola de Ouro Verde de Minas, próximo ao estado da
Bahia. Violência, falta de emprego, preconceito e diferença de
salário, além da violência no cotidiano, são alguns dos grandes
problemas, afirmou Maria Alves.
Lucimar de Almeida Silva, da Diretoria da Central
Única dos Trabalhadores (CUT)/MG, fez um alerta para o fato de que
as desigualdades entre homens e mulheres no mercado não se dão só na
iniciativa privada, mas também no poder público, como mostram
pesquisas recentes. Neusa Melo, da Articulação de Mulheres
Brasileiras, também falou sobre o assunto e propôs uma reflexão
sobre o que o Estado poderia fazer para ampliar a participação das
mulheres em suas esferas de poder. Uma ação pró-ativa do poder
público nesse sentido também foi defendida por Isabel Vieira,
assessora da deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG).
Canadá - A audiência
pública contou com a participação de três mulheres canadenses que
integram a maior associação particular de trabalhadores no Canadá e
estão no Brasil para conhecer a realidade do País. Uma delas é Annie
Labaj, que, com a ajuda de uma intérprete, contou que as
dificuldades das canadenses para participar do mercado de trabalho
são as mesmas das brasileiras, como falta de greves e fechamento de
vagas.
Deputados apóiam discussão
A presidente da Comissão do Trabalho, deputada
Rosângela Reis (PV), destacou o empenho das deputadas da Assembléia
para levantar e discutir os assuntos de interesse das mulheres. A
deputada lembrou que a igualdade de direitos entre homens e mulheres
está determinada pela Constituição. Também reforçando a importância
da luta por conquistas sociais, a deputada Elisa Costa (PT) fez um
apanhado sobre os desafios que são colocados para a mulher a todo
momento no mercado de trabalho, com relação a salários,
competitividade e duplas ou triplas jornadas.
O deputado Walter Tosta (PMN), que há anos trabalha
em causas pela inclusão social de deficientes e idosos, lembrou que
a discriminação e o preconceito na sociedade não estão superados,
também nas questões de diferenças entre homens e mulheres. Tosta
enfatizou a necessidade de mobilização para que as situações de
desigualdade sejam superadas.
Requerimento - A comissão
aprovou requerimento assinado pelas deputadas para que seja enviado
ofício ao Ministério da Previdência Social, solicitando a inclusão
de representante dos movimentos femininos no Fórum Nacional da
Previdência Social.
Presenças - Deputadas
Rosângela Reis (PV), presidente; e Elisa Costa (PT), vice; e
deputado Walter Tosta (PMN), além dos convidados citados na matéria.
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