Aprovado parecer favorável às contas de 2005 do governador
Está pronto para votação no Plenário da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, em turno único, o Projeto de Resolução
(PRE) 3.815/06, que aprova as contas do governador Aécio Neves
referentes ao exercício de 2005. Nesta quarta-feira (14/3/07), a
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária aprovou parecer
favorável ao projeto, e rejeitou a emenda nº 1, de autoria da
deputada Elisa Costa (PT), que faz ressalvas a alguns itens das
contas apresentadas.
O deputado André Quintão (PT) foi o único a votar
contrariamente à aprovação das contas, mas os dados apresentados
pelo Executivo suscitaram intenso debate, sendo criticados, em
alguns pontos, até mesmo por alguns parlamentares da base de
governo, como Sebastião Helvécio (PDT). Também foram aprovados
pareceres de 1º turno favoráveis a três projetos de lei, sendo dois
que autorizam a doação de imóveis do Estado, e outro ao PL 22/2007,
que altera a apuração do valor adicionado para estabelecimentos que
se situem no território de mais de um município.
Divergências - O relator do
PRE 3.815/06, deputado Lafayette de Andrada (PSDB), iniciou o debate
sobre as contas do governador pedindo a rejeição da emenda nº 1, que
faz ressalvas à forma de cálculo das despesas com saúde e ao repasse
de recursos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (Fapemig), considerado insuficiente para cumprir o mínimo
constitucional. O relator argumentou que a forma de cálculo do
mínimo constitucional de investimentos em saúde ainda não foi
regulamentado, e que outras falhas apontadas não comprometeram a
gestão financeira do Estado, nem mostraram indícios de má-versação
de recursos públicos.
O deputado André Quintão citou relatório do auditor
Edson Arger, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que entre outros
pontos, criticou o cancelamento de repasses empenhados para a
Fapemig. De acordo com o relatório, o cancelamento desses repasses
mostra o interesse do Executivo em descumprir a obrigação de aplicar
um mínimo constitucional no amparo à pesquisa. O deputado petista
também chamou atenção para matéria publicada pelo jornal Folha de
São Paulo, segundo o qual Minas seria o penúltimo Estado em valores
aplicados na saúde. "Um relatório técnico desta monta, o que
publicou a imprensa nacional, os números do Siafi, isso já bastaria
para aprovarmos essas contas com ressalvas", afirmou o
parlamentar.
O deputado Sebastião Helvécio (PDT) disse não ver
ilegalidade na forma como o Estado vem calculando o mínimo
constitucional de aplicação na saúde, apesar de ele próprio condenar
a queda de investimentos no setor. "O maior aporte de recursos do
Tesouro para a saúde aconteceu em 1995. Depois disso, só encolheu",
afirmou o parlamentar. Ele defendeu que a comissão organize um
debate público sobre o assunto, uma vez que apenas o Conselho
Nacional de Saúde (CNS) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE)
deliberaram sobre a questão, de uma forma que ele considera
ilegítima. "Quem tem legitimidade para legislar sobre isso é o
Parlamento. O grande momento para isso é agora, uma vez que podemos
dispor no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) o que a
sociedade quer que o Estado invista em saúde", afirmou Sebastião
Helvécio.
Sebastião Helvécio também criticou o fato de as
contas do governador apontarem que o Estado investiu R$ 480 milhões,
por meio do Orçamento de Investimentos da Copasa, que não estavam
previstos no orçamento original do Estado. Sua crítica foi endossada
pelo deputado Antônio Júlio (PMDB): "A Copasa está começando a
assustar a gente pelos mecanismos contábeis que ela está usando",
afirmou o peemedebista. Apesar de não considerar a questão
suficiente para prejudicar a legitimidade da prestação de contas,
Sebastião Helvécio cobrou explicações da Copasa, que para ele,
estaria investindo recursos do Estado de forma indevida, sem
submeter esse orçamento à análise do Legislativo.
O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB),
criticou a matéria veiculada pela Folha de São Paulo, citada por
André Quintão. Para ele, a matéria não tem consistência, uma vez que
não está definida a forma de cálculo dos investimentos na área da
saúde. "Não se pode punir alguém por fazer ou deixar de fazer alguma
coisa, sem que isso esteja absolutamente claro e regulamentado",
argumentou.
Parecer altera conteúdo de projeto sobre
ICMS
Aprovado pela FFO, o parecer de 1º turno do
deputado Sebastião Helvécio sobre o PL 22/2007, do deputado Ivair
Nogueira (PMDB), alterou sensivelmente o conteúdo da proposta, de
autoria do deputado Ivair Nogueira (PMDB). Originalmente, o PL
procurava disciplinar a repartição da receita do ICMS entre os
municípios, referente às operações tributáveis realizadas por meio
de oleoduto, gasoduto e mineroduto no Estado de Minas Gerais. Pelo
texto, 75% da receita seria destinada ao município-sede da unidade
de fabricação, refino ou extração do produto, e 25% aos demais
municípios, observada a proporção da área territorial abrangida em
cada município pelo respectivo meio condutor do produto a ser
tributado.
Em seu relatório, Sebastião Helvécio argumentou que
o transporte de mercadorias citado no projeto só gera valor agregado
no destino final da operação, e que o Estado não tem autonomia para
modificar a forma como a lei federal prevê a ocorrência do fato
gerador do imposto. Para contornar o problema, ele propôs um
substitutivo ao projeto, modificando a forma de apuração do Valor
Adicionado Fiscal (VAF) ocorrido nos estabelecimentos que se situem
no território de mais de um município. "Muitos municípios de Minas
não participam do valor adicionado ocorrido em seus territórios pelo
fato de o domicílio fiscal estar no território de outro município",
afirmou o deputado, em seu relatório. Com essa alteração, o projeto
deixa de tratar apenas da distribuição de ICMS gerado pelo
transporte de mercadorias por oleoduto, gasoduto e mineroduto, e
passa a afetar a distribuição do imposto gerado por indústrias,
mineradoras, empreendimentos rurais e quaisquer outros
estabelecimentos situados em mais de um município.
Imóveis - Os outros dois
projetos de lei que tiveram seus pareceres de primeiro turno
aprovados pela comissão nessa quarta-feira foram o PL 42/07, que
autoriza o Executivo a doar ao município de Curvelo imóvel que
especifica, e o PL 43/07, que autoriza o mesmo tipo de doação ao
município de Varjão de Minas.
MGI - Também foram
aprovados dois requerimentos. O primeiro, do deputado Domingos Sávio
(PSDB), solicita audiência pública para discutir o uso de gás
natural veicular em Minas. O outro requerimento, de autoria do
deputado Lafayette de Andrada, pediu adiamento da reunião para obter
esclarecimentos da MGI sobre a transação em que foram leiloados
créditos do Banco Open, previamente agendada para o dia 21 de março.
O requerimento deixa em aberto a marcação de nova data, aguardando o
envio das informações solicitadas por escrito à empresa. Após a
aprovação do requerimento, os deputados Antônio Júlio e Sebastião
Helvécio criticaram a decisão, argumentando que o melhor seria adiar
para uma data definida, a fim de evitar maiores atrasos.
Presenças - Deputados Zé
Maia (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PFL), vice; Agostinho Patrús
Filho (PV), Antônio Júlio (PMDB), Lafayette de Andrada (PSDB),
Sebastião Helvécio (PDT), André Quintão (PT), Antônio Carlos Arantes
(PFL), Adalclever Lopes (PMDB), Gilberto Abramo (PMDB), Weliton
Prado (PT) e Ruy Muniz (PFL).
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