Plenário aprova projeto de lei que cria subsidiárias da Copasa

O Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou, na reunião da noite desta terça-feira (13/3/07), o Proj...

13/03/2007 - 00:00
 

Plenário aprova projeto de lei que cria subsidiárias da Copasa

O Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou, na reunião da noite desta terça-feira (13/3/07), o Projeto de Lei 3.374/06, do governador do Estado, que autoriza a criação de subsidiárias da Copasa. A votação foi simbólica e o projeto foi aprovado em turno único, na forma do substitutivo nº 4, apresentado pelo relator das emendas de Plenário, deputado Lafayette de Andrada (PSDB). O projeto será agora encaminhado para sanção do governador, após o que a Copasa estará autorizada a criar subsidiárias para executar serviços de irrigação para o Projeto Jaíba, no Norte de Minas, e prestar serviços de abastecimento de água e saneamento básico nos vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus, Buranhém, Itanhém e Jucuruçu, os três últimos incluídos no substitutivo do relator. Os deputados do PT e do PCdoB votaram contra e a votação foi acompanhada por servidores da Copasa, presentes nas galerias.

O relator leu parecer detalhado sobre as mudanças que fez no substitutivo nº 3, que tramitava desde o ano passado, e sobre o mérito de cada uma das emendas apresentadas em Plenário, numeradas de 17 a 29. A emenda 17, do deputado Fábio Avelar (PSC), foi aperfeiçoada e incluída no substitutivo do relator, acrescentando três bacias não contempladas no anterior. O substitutivo tem oito artigos, cuja redação incorpora várias alterações sugeridas pelos deputados, muita delas a partir de discussões feitas com segmentos da sociedade organizada. No início de março, um ciclo de debates discutiu o projeto na ALMG.

As emendas 18 e 19, da deputada Ana Maria Resende (PSDB), propõem a implantação de biodigestores nas comunidades com até 10 mil habitantes e obriga a subsidiária da Copasa a fazer a manutenção dos poços tubulares profundos. Apesar de elogiar sua relevância, o relator não as acatou, por considerá-las inadequadas ao projeto.

A emenda 20, da bancada do PMDB, estabelecia que a tarifa praticada pela subsidiária deverá ser inferior àquelas praticadas nas localidades em que a Copasa já atua. A emenda foi acatada em seus objetivos finais pelo substitutivo de Lafayette de Andrada. Sete emendas foram apresentadas pela deputada Elisa Costa (PT). A de nº 21 propõe que a criação da subsidiária seja precedida de elaboração de Plano Regional de Saneamento Básico. O relator não acatou o condicionamento, já que a titularidade dos serviços de saneamento básico é dos municípios, que podem ou não ter tal plano.

O parecer do relator anunciou a incorporação ao substitutivo 4 de várias das emendas apresentadas, e pedia a aprovação da matéria com a rejeição das emendas 18, 19, 21, 23, 25 e 26, ficando prejudicadas as emendas 17, 20, 22 , 24, 27 e 28.

Trabalhadores terão assento nos Conselhos

A emenda 22 exige audiência pública prévia como condicionante para a subconcessão à subsidiária. Foi acatada pelo relator. A 23 propõe que a criação de subsidiárias seja apreciada pelo Conselho Estadual de Saneamento Básico, e não foi acatada sob o argumento de que tal conselho não existe na estrutura administrativa do Estado. A emenda 24 pretende assegurar a participação dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa a ser criada. O relator não só a acatou, como estendeu essa participação também ao Conselho Fiscal.

A emenda 25 visa estabelecer o percentual que a subsidiária cobrará para determinadas faixas de consumo. O relator opinou que não há como fixar os percentuais previamente, mas disse que acatou o espírito da emenda, impondo que a subsidiária reduza as tarifas ou conceda descontos sempre que a Copasa o fizer.

Cessão de empregados e saneamento básico

A emenda 26 foi acatada em parte, já que o relator admite que o sindicato seja ouvido sobre a cessão de empregados da Copasa para as subsidiárias, mas sem que a posição sindical vincule a decisão da empresa. Também em parte foi acatada a emenda 27, que exige que a qualidade do serviço prestado pela subsidiária seja a mesma da Copasa. Andrada considerou inviável estabelecer uma norma para todo o Estado, já que os contratos de cada município variam no objeto.

Com elogios do relator, foi acatada a emenda 28, do deputado Padre João (PT), que atribui à subsidiária funções como tratamento de lixo, matéria que integra o conceito de saneamento básico. A emenda nº 29 foi retirada pelo autor, deputado Domingos Sávio (PSDB).

Críticas às "divisão do patrimônio"

Pelos deputados contrários, o deputado Carlin Moura (PCdoB) disse que não seria preciso dividir o patrimônio público para atender o Jequitinhonha e o Norte de Minas. "Seria o mesmo que criar uma subsidiária da Polícia Militar só para combater os assaltantes de banco", exemplificou Moura. O deputado Padre João (PT), por sua vez, lembrou que um ciclo de debates recente organizado pela Assembléia recomendou cautela antes da votação desse projeto e que fosse retirado o regime de urgência.

André Quintão (PT) também condenou o regime de urgência e opinou que, se houvesse mais diálogo, melhores soluções seriam encontradas para corrigir o déficit de saneamento mineiro. Elisa Costa (PT), igualmente, destacou a mobilização da sociedade para apresentar projetos e sugestões para o plano de saneamento de Minas Gerais.

Dentre os defensores do projeto, perfilaram-se os deputados Fábio Avelar (PSC), Adalclever Lopes (PMDB) e Délio Malheiros (PV). Avelar assegurou que os trabalhadores da estatal não serão prejudicados, e que terão proteção adicional através de um documento a ser firmado entre a Copasa e o sindicato. Adalclever considerou que as discussões foram amplas, com grande participação dos parlamentares, e Malheiros destacou a qualidade das emendas apresentadas pelos deputados, inclusive pelos da oposição, que contribuíram para o aperfeiçoamento do projeto.

Carlos Pimenta (PDT), embora tenha votado a favor do projeto, manifestou preocupação em embaraços jurídicos que podem ocorrer com a criação das subsidiárias e os contratos em vigor com as prefeituras. "Tudo terá que começar novamente ou as concessões e acordos anteriores vão valer?", indagou ao relator. Lafayette Andrada assegurou que a criação das subsidiárias permitirá a revisão de contratos, a critério dos prefeitos, e que o espírito da criação das subsidiárias é baratear custos para o consumidor.

 

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