Direitos Humanos cobra apuração de assassinato em Guaraciama

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais quer mais agilidade na investigação policial...

01/03/2007 - 00:03
 

Direitos Humanos cobra apuração de assassinato em Guaraciama

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais quer mais agilidade na investigação policial do assassinato do lavrador Antônio Joaquim dos Santos, ocorrido na última segunda-feira (26). Nesta quinta-feira (1o/3/07), o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), reuniu-se com o chefe-adjunto da Polícia Civil, Jairo Lelis, para pedir reforço na equipe de policiais que investigam o caso.

O trabalhador rural, de 45 anos, foi morto com um tiro na boca, quando apanhava lenha numa área de reflorestamento pertencente à Vallourec & Mannesmann (V & M Florestal), em Guaraciama, no Norte de Minas. Segundo o boletim da Polícia Civil, os envolvidos no crime são quatro vigilantes da empresa: Claudiney Pereira da Silva (suposto autor do disparo), João Pereira da Silva Cachoeira Neto, Ângelo Antônio Librelon e José Francisco de Oliveira.

Por volta das 21h30 da última segunda-feira (26), eles teriam pego Antônio Joaquim dos Santos com um carroção de boi carregado de lenha dentro da fazenda Pé do Morro, que pertence à V & M Florestal. Os vigilantes teriam atirado no lavrador e fugido em seguida. A polícia encontrou na plantação de eucalipto uma moto Honda NXR placa HCN 1886, e junto ao corpo do lavrador, munição de calibre 38, intacta.

O inquérito policial para apurar o caso, presidido pela delegada Dolores Oliveira Santos, de Bocaiúva, foi instaurado no dia seguinte ao crime. Segundo o chefe-adjunto da Polícia Civil, Jairo Lelis, o flagrante de apreensão da moto já foi comunicado à Justiça. O laudo pericial, que vai permitir dizer qual foi a arma utilizada e contra qual parte do corpo o disparo foi desferido, ainda não foi concluído. "Já temos pessoas envolvidas na investigação, mas essa equipe merece reforço", admite o chefe-adjunto, que garantiu que novos policiais serão designados para essa tarefa em breve.

O deputado Durval Ângelo fez duras críticas à V & M Florestal. "Temos informações de que os vigilantes são orientados pela própria empresa para agir com violência. A V & M se vangloria de ter muitos certificados sociais e ambientais, mas na prática, isso não existe", afirmou.

Tentativa de assassinato em Nova Porteirinha

A comissão, juntamente com a Ouvidoria Agrária Nacional, também solicitou reforço nas equipes que investigam a tentativa de homicídio contra os trabalhadores sem-terra Cirilo Oliveira da Costa e Jair Rodrigues dos Santos. Também na última segunda-feira (26), eles participavam da tentativa de ocupação da fazenda Angicos, em Nova Porteirinha (Norte de Minas), e foram recebidos à bala por 12 funcionários da propriedade. Segundo o deputado Durval Ângelo, a fazenda pertence ao espólio de Belino Mendes Martins, pai do presidente da Câmara Municipal de Janaúba, Jésus Magno Rodrigues da Silveira.

Outro pedido levado à chefia da Polícia Civil é o reforço na segurança da fazenda Nova Alegria, em Felisburgo (Vale do Jequitinhonha), ocupada por integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) na última sexta-feira (23). O deputado Durval Ângelo teme novo confronto entre os sem-terra e a família Chafik, proprietária da fazenda. Em 2004, a ocupação da mesma fazenda resultou na morte de cinco membros do MST, no episódio que ficou conhecido como "chacina de Felisburgo". A comissão pede também a designação de novo titular da Delegacia Especializada em Vigilância Pública e Conflitos Agrários.

Jairo Lelis informou que o novo titular dessa delegacia deve ser designado em breve, assim como os policias que vão reforçar as investigações da tentativa de homicídio em Nova Porteirinha.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão. Também participaram da reunião o coordenador do Centro Operacional de Apoio às Promotorias de Defesa dos Direitos Humanos, Apoio Comunitário e Conflitos Agrários, procurador Afonso Henrique de Miranda Teixeira; o ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino José da Silva; o diretor de Cidadania do Instituto de Terras de Minas Gerais (Iter), Aldemir Vieira Pereira; e a delegada Kátia Ferreira.

 

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