Projeto que determina nova repartição de ICMS passa pela
CCJ
Começa a tramitar na Assembléia Legislativa de
Minas Gerais um projeto que disciplina a repartição da receita do
ICMS referente às operações tributáveis por meio de oleoduto,
gasoduto e mineroduto. Ele determina que 75% da receita caberão à
cidade sede da unidade de fabricação, refino ou extração; e que 25%
irão para os demais municípios, observada a proporção da área
territorial abrangida em cada município pelo respectivo meio
condutor do produto a ser tributado. É o Projeto de Lei (PL) 22/07,
do deputado Ivair Nogueira (PMDB), analisado nesta terça-feira
(27/2/07) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O relator do projeto, deputado Delvito Alves (PFL),
opinou pela constitucionalidade da matéria, que tramita em 1º turno
e agora será analisada pela Comissão de Fiscalização Financeira e
Orçamentária antes de ser apreciada pelo Plenário. Segundo o autor,
os municípios que abrigam em seus territórios oleodutos, gasodutos e
minerodutos, apesar de contribuírem para a agregação de riqueza e
colocarem em risco as suas populações, não são contemplados na
partilha do Valor Adicionado Fiscal (VAF) gerado pelas refinarias e
mineradoras. Hoje os recursos são creditados exclusivamente para o
município onde está situada a sede dessas grandes empresas.
Como reiterou o relator, a proposição inova ao
acrescentar ao valor adicionado na produção e comercialização
realizada pelo estabelecimento produtor o cálculo da área de cada
município por onde a mercadoria é transportada. Para ajustar o texto
à ordem constitucional, o deputado Delvito Alves apresentou a emenda
nº 1, que dá nova redação ao artigo 2º. A emenda determina que o
Executivo adotará as medidas cabíveis para atendimento ao novo
critério também quanto à publicação dos índices atribuídos aos
municípios envolvidos, no prazo máximo de 60 dias a contar da data
da publicação da futura lei. Originalmente, o projeto atribuía a
competência à Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), o que, segundo
o relator, não poderia ser feito.
O artigo 4º do PL 22/07 estabelece que a futura lei
produzirá efeitos no primeiro dia do exercício imediatamente
subseqüente ao de sua publicação.
Projeto determina que Estado auxiliará municípios
menores a implantar PSF
Também recebeu parecer pela constitucionalidade o
PL 7/07, do deputado Paulo Guedes (PT), que acrescenta dispositivos
ao Código de Saúde de Minas Gerais (Lei 13.317, de 1999). A
proposição estabelece que o Estado deverá prestar apoio técnico e
financeiro aos municípios na área de saúde, além de executar, em
caráter suplementar, as ações e serviços no campo da saúde. O
projeto também prevê que o Estado deverá auxiliar os municípios, com
população inferior a 10 mil habitantes e sem condições de garantir a
atenção básica à saúde, na implantação do Programa Saúde da Família
(PSF).
O relator, deputado Hely Tarqüinio (PV), considerou
que a proposta encontra-se amparada nos princípios constitucionais
ao promover um aprimoramento das ações e serviços de saúde prestados
pelo poder público. Segundo ele, a Lei Federal 8.080, de 1990,
estabelece que cabe ao Estado prestar apoio técnico e financeiro aos
municípios e ajudar na execução das ações e serviços de saúde. A
proposição é originária do PL 545/03, do ex-deputado estadual Chico
Simões, que foi arquivado ao final da legislatura passada. Agora ela
segue para a Comissão de Saúde para receber parecer para 1º
turno.
Adiada análise de PL que cria, na rede estadual,
curso preparatório para vestibular
O PL 4/07, do deputado Weliton Prado (PT), teve sua
análise adiada, após pedido de vista do parecer feito pelo
presidente da CCJ, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). O projeto
determina que o Executivo deverá oferecer, nos estabelecimentos
estaduais de ensino, cursos preparatórios para vestibulares em
instituições de ensino superior, destinados aos estudantes que
estejam cursando o último ano do ensino médio da rede pública
estadual. A proposição é originada do PL 303/03, do ex-deputado
estadual e atual deputado federal George Hilton, que foi arquivado
no final da legislatura passada.
Antes do pedido de vista, o relator da proposição,
deputado Sebastião Costa (PPS), apresentou seu parecer pela
inconstitucionalidade e ilegalidade do projeto. De acordo com o
deputado, ao criar uma nova modalidade de ensino, isto é, cursos
especiais de preparação para o vestibular, o projeto estaria
ultrapassando os limites da competência dos estados para legislar
sobre educação, estabelecidos pela legislação federal. O relator
também considerou que a proposição estaria interferindo na autonomia
pedagógica garantida às escolas pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB). O autor do projeto, deputado Weliton Prado, presente
na reunião, afirmou que irá apresentar ao relator uma proposta de
substitutivo, sanando os possíveis vícios de constitucionalidade da
proposição.
Deputado quer analisar melhor proposta de reduzir
ICMS nas operações com álcool
O PL 1/07, dos deputados Weliton Prado, Roberto
Carvalho (PT) e Luiz Humberto Carneiro (PSDB), teve sua análise
adiada, após pedido de prazo regimental para emitir parecer feito
pelo relator, deputado Sebastião Costa. O projeto acrescenta
parágrafos à Lei 6.763, de 1975, e autoriza o Poder Executivo a
reduzir a alíquota de ICMS para até 12% nas operações internas com
álcool combustível e a aumentar a carga tributária nas operações
internas com gasolina. Originalmente esse projeto era de autoria do
ex-deputado estadual e atual deputado federal Paulo Piau, e do
Colégio de Líderes, tendo sido arquivado no final da legislatura
passada.
Também na reunião, o deputado Weliton Prado
apresentou requerimento solicitando realização de audiência pública
da CCJ para discutir a constitucionalidade do PL 1/07, com vários
segmentos da sociedade. Entretanto, o deputado Sebastião Costa
apresentou outro requerimento, aprovado pela comissão, solicitando o
adiamento da votação do requerimento anterior.
Cartões de crédito e débito - Outro projeto que teve sua análise adiada foi o PL 21/07, do
deputado Eros Biondini (PHS), que proíbe o envio de cartões de
crédito e débito pelas instituições financeiras e empresas
administradoras, sem a prévia autorização do consumidor. O relator,
deputado Sebastião Costa, solicitou prazo regimental para análise da
matéria.
Outras proposições analisadas
A CCJ também aprovou pareceres sobre os seguintes
projetos:
* PL 47/07, do deputado Alencar da Silveira Jr.
(PDT), que isenta do pagamento da tarifação de transporte os
portadores de doenças renais crônicas e pacientes de hemodiálise nas
linhas intermunicipais gerenciadas pelo Departamento de Estradas de
Rodagem (DER/MG). O relator, deputado Sebastião Costa, opinou pela
inconstitucionalidade, antijuridicidade e ilegalidade da matéria.
Agora, o parecer da CCJ será votado pelo Plenário e, caso seja
aprovado, o projeto é arquivado. Se for rejeitado, a matéria
continua a tramitar e será remetida à comissão seguinte a que foi
distribuída - neste caso, a de Transporte, Comunicação e Obras
Públicas.
Na justificativa para apresentar seu parecer, o
parlamentar pondera que não há novidade na proposta, pois a
concretização do benefício da gratuidade já se deu por meio de atos
normativos do Executivo. Ele acrescenta que esses atos contêm regras
para evitar que o serviço de transporte coletivo seja demasiadamente
onerado, ao contrário do que propõe o projeto. "Dada a amplitude, os
beneficiários teriam direito à gratuidade mesmo que não estivessem
se deslocando para fazer tratamento de saúde", opina no parecer. O
texto excessivamente amplo do projeto poderia comprometer, portanto,
a equação econômico-financeira das concessões de transporte coletivo
intermunicipal.
* PL 43/07, do governador, que autoriza o Executivo
a doar a Varjão de Minas o imóvel que especifica para o
desenvolvimento de atividades educacionais. O relator foi o deputado
Hely Tarqüínio, que opinou pela aprovação da matéria na forma
proposta. Agora o projeto segue para a Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária para receber parecer, antes de ser
apreciado em 1º turno pelo Plenário.
Palavra do presidente - Ao
final da reunião, o deputado Dalmo Ribeiro Silva afirmou que a CCJ
terá um longo trabalho nesta legislatura, pois já foram protocoladas
mais de 800 proposições, entre pedidos de desarquivamento e novos
projetos. Segundo o parlamentar, 87 projetos já chegaram à comissão
e todos eles estão com os seus relatores designados. Ele lembrou
que, durante os últimos dois anos, a CCJ não perdeu qualquer prazo
regimental para emissão de pareceres e solicitou aos atuais
integrantes esforço para que essa meta seja mantida.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente;
Gilberto Abramo (PMDB), vice; Delvito Alves (PFL), Hely Tarqüínio
(PV), Sargento Rodrigues (PDT), Sebastião Costa (PPS), Weliton Prado
(PT) e Ademir Lucas (PSDB).
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