Relatório da comissão sobre produtos chineses faz 22 recomendações

Três meses após iniciar seus trabalhos, a Comissão Especial contra a Invasão dos Produtos Chineses da Assembléia Legi...

13/12/2006 - 01:00
 

Relatório da comissão sobre produtos chineses faz 22 recomendações

Três meses após iniciar seus trabalhos, a Comissão Especial contra a Invasão dos Produtos Chineses da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou, nesta quarta-feira (13/12/06), o relatório final contendo 22 sugestões para autoridades diversas. Com algumas conclusões, como a de que o processo de importação e exportação chinês traz desastrosas implicações para o Brasil, o relatório do deputado Paulo Cesar (PDT) recomenda, entre outras ações, a reavaliação de acordos internacionais de comércio, a implantação de medidas de controle voluntário das exportações chinesas e rigorosa fiscalização das importações clandestinas.

A comissão foi antecedida de uma audiência sobre o assunto realizada na Comissão de Turismo, Industria, Comércio e Cooperativismo e por uma manifestação de empresários e trabalhadores do setor têxtil, na porta da Assembléia. Ela foi solicitada por requerimento dos deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que a presidiu, e Paulo Cesar, seu relator. Fez quatro audiências com os setores mais afetados, sendo uma em Nova Serrana, Centro-Oeste mineiro, e uma visita à Secretaria de Estado da Fazenda. Teve ainda a participação de 25 entidades empresariais, entre elas a Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, sindicatos das Indústrias de Fiação e Tecelagem, de Calçados, de Fogos de Artifício e Explosivos, e do Vestuário, todos do Estado. Os setores ouvidos foram a indústria têxtil (considerada a mais afetada) ótica e optometria, brinquedos, máquinas pesadas, refratários e calçados.

Conclusões apontam futuro sombrio

Em seu relatório, o deputado Paulo Cesar indicou que o aumento de consumo no mercado brasileiro nos últimos três anos não gerou aumentos na produção nacional, porque foi ancorado no consumo de produtos importados. Como exemplo citou os números de importação do setor têxtil, que teve um incremento de 403%, enquanto a produção nacional caiu 18,2%; máquinas e equipamentos, com importação de 698%, contra uma produção nacional de pouco mais de 27%. Os dados tomaram como base a comparação entre o primeiro semestre de 2006 com o de 2003.

O deputado destacou que as exportações brasileiras e mineiras para a China são principalmente de produtos de baixo valor agregado, como minério de ferro, soja e petróleo, o que gera empregos e divisas naquele país. De acordo com Paulo Cesar, as conseqüências para Minas e o Brasil são perda de empregos, fechamento de unidades fabris, existência de dumping (preços artificialmente baixos, em comparação com o custo real de produção) pelas empresas chinesas, sonegação de impostos e direitos alfandegários e sucateamento do parque industrial mineiro a médio e longo prazos.

Recomendações - O deputado sugere: o encaminhamento do relatório a todas as entidades que participaram das reuniões, ao Congresso Nacional e às assembléias legislativas. Também recomenda que sejam encaminhados ofícios às assembléias sugerindo a criação de frentes parlamentares contra a invasão dos produtos chineses. Sugere ainda marcar audiência com o governador Aécio Neves e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros da Fazenda e da Indústria e do Comércio, para a entrega do relatório.

O relatório faz ainda recomendações na área de política fiscal, como a reavaliação dos tetos das tarifas externas comuns dos produtos chineses que chegam ao Brasil; a valoração aduaneira das mercadorias ameaçadas pelas importações, por meio do canal cinza; ajustamento das taxas de juros. Além destas, outras ações na área de política industrial, como adoção de salvaguardas para os produtos brasileiros, imposição de cotas de importações para diversos produtos chineses e adoção de política de rigorosa fiscalização da importação clandestina de produtos chineses.

Relatório recebe elogios dos participantes

Além dos deputados, o relatório recebeu elogios dos representantes da indústria têxtil de malhas e da indústria do vestuário, Flávio Roscoe Nogueira e Rodolfo Sala, respectivamente. Flávio Roscoe destacou a importância da Assembléia nos debates e na produção de um documento oficial para todos os setores atingidos que será levado ao ministro Luís Fernando Furlan, da Indústria e Comércio. Rodolfo Sala informou que cópias do documento serão distribuídos a toda a base do sindicato.

Os deputados Dalmo Ribeiro Silva e Doutor Viana (PFL) também elogiaram o relatório, além de agradecerem a colaboração das entidades. Dalmo informou que uma das sugestões é a realização de um fórum nacional na ALMG, em março do ano que vem, para a discussão do tema, com a presença de autoridades federais e estaduais. O deputado Doutor Viana afirmou que a Assembléia ofereceu "um documento extraordinário que poderá interferir nesta situação de calamidade pública". Já o deputado Jayro Lessa (PFL) manifestou sua descrença em que o governo federal resolva a situação, "que é de conhecimento do presidente Lula, do vice-presidente José Alencar e do ministro Furlan". Mas lembrou o importante papel da comissão de mostrar que "aquele produto importado que se compra barato nos shoppings populares custa os empregos dos mineiros".

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente; Paulo Cesar (PDT), relator; Doutor Viana (PFL) e Jayro Lessa (PFL).

 

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