Minas tem 1.405 espécies animais e vegetais ameaçadas de
extinção
Minas Gerais tem atualmente 274 espécies da fauna e
1.131 da flora ameaçadas de extinção. Em 1998, eram 178 e 537,
respectivamente, o que demonstra a necessidade de preservação da
biodiversidade do Estado. Os números são do atlas "Áreas
prioritárias para a conservação da biodiversidade de Minas Gerais",
apresentado na reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos
Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta
quinta-feira (7/12/06).
"Este aumento das espécies ameaçadas se deve
principalmente ao desmatamento, à caça indiscriminada, a queimadas e
à expansão urbana, o que resulta na perda progressiva do
habitat destes seres", explicou o diretor do Centro de Dados
para Conservação da Biodiversidade da Fundação Biodiversitas, Cássio
Soares Martins.
O estudo, realizado pela fundação com a ajuda de
universidades e órgãos do Executivo ligados ao meio ambiente, aponta
112 áreas prioritárias e com necessidade de preservação, entre elas,
59 regiões de mata atlântica, 35 de cerrado e outras 17 áreas
consideradas especiais, como Jaíba, Rio Doce e serras da Canastra e
Espinhaço.
O atlas também dá um panorama da riqueza ecológica
do Brasil e, particularmente, de Minas Gerais. O País é o primeiro
do planeta em biodiversidade, sendo que o Estado abriga 18% das
espécies de plantas, 45% das espécies de mamíferos e 28% das
espécies de aves. "Cerca de 60% das espécies de plantas e animais do
mundo se concentram em apenas 1/4 da superfície terrestre, e o
Brasil encontra-se nesta fração", afirmou Cássio Martins.
Para o especialista, a criação de áreas de
conservação, além do investimento em educação ambiental,
fiscalização e recuperação de áreas, é o caminho mais eficaz para
preservar o ecossistema do Estado.
Estado reduziu desmatamento
O pró-reitor de pesquisa e professor da
Universidade Federal de Lavras, José Roberto Scolforo, apresentou
aos parlamentares um resumo do atlas "Mapeamento e inventário da
flora nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais". O estudo
constatou que o Estado perdeu 152 mil hectares de vegetação nativa
nos últimos dois anos. "Por ano, significa 0,13% da área do Estado,
índice bem próximo do aceitável pelos padrões internacionais, que é
de 0,12%", explicou Scolforo. "Mas isso não é motivo para ficarmos
despreocupados. Temos que lutar para baixar ainda mais esse
patamar", acrescentou.
O diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas
(IEF), Humberto Candeias Cavalvanti, concordou com o professor. "Há
uma década, desmatavam-se em Minas Gerais 400 mil hectares por ano;
hoje são 76 mil. Ou seja, o Estado está avançando, mas ainda há
muito a ser feito", afirmou.
A pesquisa revelou ainda que Minas tem uma área
ocupada pela caatinga pelo menos três vezes maior do que a
considerada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). "Trabalhamos com uma escala que permite mais detalhamento,
daí a descoberta. O importante é que isso revela a necessidade de
preservar esse tipo de vegetação", disse Scolforo.
O professor apresentou ainda aos parlamentares e
demais convidados detalhes do trabalho "Zoneamento
ecológico-econômico em Minas Gerais", que define áreas estratégicas
para o desenvolvimento sustentável.
Requerimentos - Na reunião, foram aprovados
três requerimentos: do deputado Laudelino Augusto (PT), para envio de ofício à
Funasa e ao Copam solicitando a integração de suas ações com o
objetivo de permitir que o município de Juatuba possa receber os
recursos necessários e já autorizados para a implantação do seu
aterro sanitário; dos deputados João Leite (PSDB), Doutor Ronaldo
(PDT) e Laudelino Augusto, à Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
solicitando empenho para que sejam titularizadas todas as áreas
inseridas em unidades de conservação da categoria proteção integral
que tenham, por força de lei, o caráter de posse e dominialidade
públicos. O terceiro requerimento, ao Ministério Público, solicita
empenho para que os órgãos ambientais tomem providências no sentido
de recuperar a área localizada acima da cava natural, na Estação
Ecológica do Cercadinho, onde obras de terraplanagem têm gerado
grave erosão e degradação ambiental.
Presenças - Deputados
Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; e
João Leite (PSDB).
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