Estatísticas apontam queda no número de desaparecidos em Minas
O ano de 2006 apresentou queda no número médio de
registros de pessoas desaparecidas no Estado. A afirmação foi feita
pela titular da Delegacia Especial de Pessoas Desaparecidas,
Cristina Coeli, durante a reunião da Comissão Especial criada para
debater o tema na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Além de
parlamentares, estiveram presentes ao debate da manhã desta
quinta-feira (7/12/06) representantes das polícias Militar e Civil e
do Corpo de Bombeiros.
De acordo com a delegada, a média anual de casos
não solucionados em Minas, que é de 400, chega ao fim de 2006 com
apenas 136 registros sem resultado. Para ela, a campanha "Volta", do
governo do Estado, é uma das principais responsáveis pelo avanço nos
trabalhos da delegacia. "A divulgação tem sido fundamental para que
os casos sejam resolvidos o mais breve possível. Comprometo-me,
desde já, a encaminhar o material produzido pelo Servas a todos os
órgãos públicos estaduais e municipais que ainda não fazem parte da
campanha", assegurou.
A delegada, por meio da psicóloga da Divisão de
Referência das Pessoas Desaparecidas, Rosana Neri Silva, apresentou
também o projeto "Conviver", que pretende solucionar os
desaparecimentos voluntários em Minas. Segundo Coeli, 90% dos casos
se enquadram nessa categoria e o sucesso da campanha disponibilizará
mais servidores para cuidar dos casos delituosos. O projeto atuará
nas escolas da rede pública, principalmente nas regiões de mais
baixa renda. "O desaparecimento voluntário ou intencional está
ligado a diversos fatores, tais como violência doméstica e carência
material. Acreditamos que trabalhando junto às crianças e aos
professores teremos redução dessas ocorrências", disse a
psicóloga.
Integração entre as polícias é prioridade
O deputado Sargento Rodrigues (PDT) fez um apelo
aos representantes das polícias Militar e Civil e do Corpo de
Bombeiros para que trabalhem de forma integrada na solução dos casos
de desaparecidos. Segundo ele, a falta de entrosamento entre as
corporações tem prejudicado o atendimento e a celeridade dos
trabalhos da Delegacia Especial de Pessoas Desaparecidas. "Os
familiares querem um empenho maior das autoridades responsáveis.
Para tanto, é preciso unir forças, e a maior integração entre as
polícias é fundamental", ponderou.
O coronel Eduardo Mendes, da Polícia Militar,
propõe que sejam realizadas reuniões entre representantes de ambas
as corporações e o Corpo de Bombeiros no Centro Integrado de
Atendimento e Despacho. Ele acredita que os encontros vão promover
mais interatividade no atendimento e investigação das pessoas
desaparecidas. O chefe do Departamento de Investigações da Polícia
Civil, delegado Antônio Faria, também defendeu maior aproximação das
polícias e acredita que a nomeação de mais servidores para a
delegacia auxiliará nos trabalhos. "Há um concurso em andamento e em
breve teremos um efetivo maior para atender os familiares e dar
agilidade às investigações dos casos de desaparecidos", disse.
Os familiares de vítimas cobraram mais empenho das
autoridades e uma divulgação mais efetiva da campanha "Volta", tanto
na imprensa quanto nos órgãos públicos. Segundo a mãe do garoto
Douglas de Freitas, Simone Helena Rodrigues, as fotos do menino
foram divulgadas apenas uma vez, há mais de dois meses. O
tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Aurélio Mendonça, colocou o
página da corporação na internet à disposição dos familiares e do
governo do Estado. "É uma situação que nos deixa consternados.
Pretendemos conscientizar nossos membros para o problema e nosso
site está desde já à disposição de todas as autoridades competentes
para a divulgação de fotos de desaparecidos", disse.
Para o deputado Durval Ângelo (PT), apesar da queda
do número de casos sem solução no Estado, ainda há um longo caminho
a ser percorrido. "É necessário que sejam pensadas novas políticas
públicas de assistência social e educação. Bom seria se essa
estatística chegasse a zero, e é esta meta que devemos vislumbrar",
concluiu.
Presenças - Deputados
Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão; Adalclever Lopes
(PMDB), vice-presidente; Durval Ângelo (PT), Célio Moreira (PP),
João Leite (PSDB) e Carlos Gomes (PT).
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