Guarda de veículos da BHTrans será
terceirizada
A BHTrans vai terceirizar o pátio de guarda de
veículos apreendidos. O critério de julgamento da licitação, já em
curso, será o maior desconto dado às taxas cobradas atualmente. Essa
foi uma das afirmações trazidas pela empresa à reunião com
convidados da Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social
da Assembléia Legislativa de Minas, nesta terça-feira (05/12/06). Na
mesma ocasião, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) informou que
vai encaminhar pedido ao Ministério Público para apurar dados
relativos ao contrato da Logiguarda Guarda de Veículos e
Equipamentos Ltda., prestadora de serviços de remoção e guarda de
veículos para o Detran.
A reunião teve o objetivo de debater o valor das
taxas cobradas pelo reboque e guarda de carros no Estado e foi
solicitada após denúncia recebida pela comissão de que a Logiguarda
estaria se utilizando de outras empresas para realizar os serviços
de reboque, pagando a elas um valor bem menor que o recebido pelas
remoções. "Eles estão pagando 40 reais aos terceirizados e cobram
152 reais da população", disse Alencar.
O primeiro convidado a falar foi o presidente do
Sindicato dos Despachantes de Belo Horizonte, Antônio Lúcio da
Silva. Ele criticou o valor do reboque para motos, que hoje é igual
ao cobrado para veículos leves, e a diferença entre os valores de
reboque cobrados pela iniciativa privada, pelo Detran e pela
BHTrans. A diretora do Sindicato das Empresas Especializadas em
Remoção de Automóveis, Máquinas e Afins (Sinder-MG), Paola Lima,
questionou a licitação vencida pela Logiguarda e deixou seu protesto
em relação aos valores das taxas, considerados abusivos.
Representante da BHTrans afirma que pátio de
recolhimento tem orçamento deficitário
André Portilho, gerente de coordenação
administrativa e de finanças da BHTrans, fez um histórico da
cobrança de taxas de remoção feita pelo órgão. "A cobrança começou
em 1998. Em 1999, a taxa era baseada na Ufir. Um estudo de despesas,
à época, estimou o valor em 48 Ufirs", contou. Com o congelamento do
índice, ainda em 1999, a BHTrans passou a cobrança para 145 Ufirs,
valor cobrado até hoje, equivalente a R$ 150. André foi questionado
sobre o aumento brusco do valor em Ufirs em tão pouco tempo. Ele
informou não ter dados e citou que, provavelmente, isso teve relação
com o aumento de despesas do órgão e com a desvalorização da
Ufir.
O representante da BHTrans citou números relativos
ao pátio. Segundo ele, nos meses de julho, agosto e setembro, o
balancete apresenta déficit. "A despesa foi de 289 mil reais,
enquanto a receita foi 111 mil reais", declarou. De acordo com
André, a empresa que realiza o trabalho de reboque recebe, hoje, R$
18,40 por hora à disposição e R$ 0,76 por quilômetro rodado para
veículos leves. Questionado por que o cidadão não pode escolher o
reboque a ser utilizado, o que seria mais barato (o valor médio
cobrado pela iniciativa privada é R$ 80), ele respondeu que na
maioria das remoções, o proprietário do veículo não está
presente.
André também salientou que o órgão prima pela
segurança dos veículos removidos, assim como pela agilização para
liberar o trânsito. "A BHTrans pune uma minoria em respeito aos
cidadãos vítimas das infrações", completou. A maior parte dos
veículos são rebocados por estarem em estacionamento proibido. O
gerente deu informações sobre a terceirização do pátio de depósito
de veículos da prefeitura. "Vamos encerrar o pátio da BHTrans com a
entrada de uma empresa terceirizada. A licitação está prevista para
terminar em 30 de janeiro e está em fase de habilitação dos
concorrentes", avisou. Segundo ele, em março de 2007, a empresa
vencedora do processo licitatório deve começar seus
trabalhos.
Detran-MG alerta para a necessidade de licitação no
interior
Os carros apreendidos pelo Detran têm natureza
diferente daqueles retidos pela BHTrans. Eles são veículos
irregulares em relação ao Estado, com problemas de pagamento de
multas e de impostos atrasados, por exemplo. Segundo o coordenador
de trânsito do Detran-MG, Carlos Alberto Costa e Silva, o problema
de remoção de veículos é nacional.
"Em Minas Gerais, dos cerca de 6 mil carros
mantidos nos depósitos, 1.523 são objeto de crime, como furto ou
roubo. O Código Penal afirma que os objetos de um crime devem
acompanhar os autos. Portanto, a responsabilidade pela guarda dos
veículos deveria ser da Justiça", explicou o coordenador. Segundo
ele, isso não acontece e, hoje, no interior, o que se vê são
delegados de polícia sem mínimas condições de manter os veículos
apreendidos em pátios regulares, com segurança. "É necessário um
processo licitatório para regularizar a situação no interior",
alertou.
O proprietário da empresa Logiguarda, Domingos
Sávio Teixeira, que estava listado entre os convidados, entrou no
local destinado aos debatedores no meio da reunião, quando citado na
discussão. O deputado Alencar da Silveira Jr. questionou por que
Domingos, que estava entre os espectadores desde o início da
reunião, não se identificou ao ser chamado pela assessoria da
comissão para se juntar aos convidados. Alencar considerou a atitude
um desrespeito e afirmou que Domingos não poderia participar do
debate. Por sua vez, o empresário afirmou que não foi chamado para
juntar-se ao grupo que discutia o tema.
Pareceres - Antes do início do debate, os
deputados da comissão aprovaram pareceres de segundo turno a dois
projetos de lei e a dois requerimentos que dispensam a apreciação do
Plenário. O Projeto de Lei (PL) 2.209/05, que dispõe sobre a
colocação de lista de anúncios de vagas para o trabalho, elaborada
pelo Sistema Nacional de Empregos (Sine), no hall de entrada de repartições públicas,
teve parecer aprovado na forma do vencido em primeiro turno com a
Emenda nº 1, que acrescenta ao art. 1º que o Sine e os Centros
Públicos de Promoção do Trabalho (CPPTs) devem encaminhar
regularmente aos três poderes públicos as informações que serão
divulgadas.
O PL 2.934/06, que dispõe sobre brinquedos,
material escolar e peças de vestuário infantil apreendidos e dá
outras providências, teve parecer aprovado na forma do vencido no 1º
turno. O projeto tem o objetivo de destinar a instituições
filantrópicas e de caridade, por meio de doação, os itens
apreendidos e encaminhados à Polícia Civil como produtos
falsificados.
Presenças - Deputados
Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente; Gustavo Valadares (PFL);
e deputada Jô Moraes (PCdoB). Estiveram presentes, ainda, os
deputados Dinis Pinheiro (PSDB), Ivair Nogueira (PMDB), e Fábio
Avelar (PSC). Além dos convidados citados na matéria, participaram o
supervisor de operações da BHTrans, Bertoldo Souza Costa; e o
subchefe do Detran-MG, Júlio César Galante Ariz.
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