Encerramento das atividades do aterro sanitário de BH gera impasse

O impasse em torno do encerramento das operações do aterro sanitário de Belo Horizonte, que funciona há 31 anos às ma...

05/12/2006 - 01:00
 

Encerramento das atividades do aterro sanitário de BH gera impasse

O impasse em torno do encerramento das operações do aterro sanitário de Belo Horizonte, que funciona há 31 anos às margens da BR-040, no bairro Pindorama, marcou a audiência pública desta terça-feira (5/12/06) da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

De um lado a representante da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Sinara Inácio Meireles Shena, que comanda a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), afirma que a cota máxima de 930 metros (que é um referencial de segurança) não será atingida no próximo dia 9 de dezembro, prazo em que expira o licenciamento ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Ela informou ainda que estão sendo estudadas áreas no município de Esmeraldas para instalar um novo aterro. Do outro lado, representantes dos moradores e do Movimento Muda Aterro cobram que as atividades sejam encerradas no dia 9. Os moradores do entorno reclamam da presença, em suas casas, de ratos, baratos e até escorpiões. Além do mau cheiro, eles afirmam que a água das cisternas está contaminada.

"Queremos que a Prefeitura de Belo Horizonte cumpra o prazo", cobrou o presidente do Movimento Muda Aterro, Rafael Afonso da Silva, que afirmou ainda que a PBH "nunca chamou a comunidade para o diálogo". Sua reivindicação foi reforçada pela advogada ambiental e responsável pelo Movimento Muda Aterro, Mônica Costa Chaves, ao perguntar se a PBH quer que o aterro funcione lá eternamente. O cumprimento do prazo também foi cobrado pelos autores do requerimento para o debate, deputados João Leite (PSDB) e Fábio Avelar (PSC). "A PBH está sendo arrogante ao não renegociar o prazo para adequar a questão do aterro sanitário da Capital. Faço um apelo ao prefeito Fernando Pimentel para que haja diálogo com a comunidade do entorno", pediu Fábio Avelar "Essa questão deve ser tratada com a seriedade que o assunto merece", reforçou João Leite. Os dois parlamentares criticaram ainda a falta de planejamento para construir um novo aterro na Capital.

Denúncia - O deputado João Leite disse também que recebeu denúncia de rompimento de um dique, levando detritos para a Lagoa da Pampulha. Fato este que foi refutado pela superintendente da SLU, Sinara Shena: "Não houve rompimento de dique no aterro sanitário". E adiantou que "não há risco de deslizamento ou grave acidente, de acordo com os dados monitorados há oito anos em parceria com a UFMG". Ela afirmou ainda que houve planejamento para construção de um novo aterro da Capital e que a PBH trabalha com estimativas de impactos e prazos. "A prefeitura abriu um edital de chamamento público para colher propostas de empresas para disposição de resíduos e soluções, caso haja intervalo entre a suspensão do uso do aterro na 040 e o início em Esmeraldas", explicou Sinara. O que a prefeitura não quer é assumir prazos, para não interferir nos preços das propostas de empresas privadas que participem das licitações", completou.

Área deve ser recuperada pela PBH

O presidente da Câmara de Infra-estrutura do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), Castor Cartelle Guerra, afirmou que o aterro sanitário deveria encerrar as atividades no dia 9 de dezembro e que esta área deve ser recuperada pela PBH, com a autorização da Feam. Sinara Shena, da SLU, explicou que "a idéia é que o local, quando desativado, seja transformado em área verde com monitoramento e acompanhamento gradual do lixo ali depositado. O prefeito Fernando Pimentel está sensível ao problema e está empenhado na resolução da questão".

Castor Cartelle afirmou ainda que é preciso determinar um prazo para encerramento das atividades, mas que a prefeitura não aceitou receber esse prazo. Já o analista ambiental da Feam, Guilherme Silvino, disse que não vê possibilidade de ampliação da vida útil do aterro, porque ele está delimitado entre dois maciços. Em resposta ao deputado Arlen Santiago, que afirmou que a PBH não foi autuada pela Feam, enquanto outros 600 municípios foram, Guilherme Silvino explicou que a prefeitura da Capital foi autuada duas vezes, no valor total de R$ 101 mil, por falta de cumprimento de prazos para o futuro aterro.

Visita ao MP - Durante a reunião, os deputados João Leite, Fábio Avelar, Arlen Santiago, Laudelino Augusto (PT) e Carlos Gomes (PT) apresentaram requerimento, que foi aprovado, para que eles visitem o Ministério Público Estadual. O objetivo é tratar das questões relacionadas aos aterros sanitários de Belo Horizonte e de Montes Claros (este último por sugestão do deputado Arlen Santiago).

Já o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto, propôs que a PBH transfira para a Copasa a gestão do lixo em Belo Horizonte. "Afinal, cuidar da destinação de lixo urbano é uma atribuição da empresa, da qual a prefeitura detém 10% das ações." O deputado Carlos Gomes também apresentou uma sugestão: de promover cada vez mais educação nas escolas sobre a questão da coleta seletiva. "Tenho certeza de que se isso for feito iremos evitar a superlotação dos aterros e, conseqüentemente, problemas para implantação de novos locais para deposição de lixo urbano."

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; João Leite (PSDB), Fábio Avelar (PSC), Carlos Gomes (PT) e Arlen Santiago (PT). Além das autoridades citadas, participaram da reunião o diretor de Licenciamento de Infra-Estrutura da Feam, Flávio Mayrink; e dos representantes da SLU, Edmundo Martins e Ana Cristina Lamounier.

 

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