Defensores do ensino de Filosofia e Sociologia planejam mobilização

Sensibilizar o Poder Executivo para a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/03, de a...

01/12/2006 - 01:01
 

Defensores do ensino de Filosofia e Sociologia planejam mobilização

Sensibilizar o Poder Executivo para a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/03, de autoria do deputado Doutor Viana (PFL), que institui o ensino de Filosofia e Sociologia no ensino médio, além de computação básica e informática em todas as séries, e que já está pronta para a apreciação do Plenário. Esta foi a principal definição da reunião conjunta das comissões de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática e de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta sexta-feira (1º/12/06).

Realizada a requerimento dos deputados Doutor Viana, Weliton Prado (PT) e da deputada Maria Tereza Lara (PT), a reunião teve por objetivo discutir a aplicação em Minas do Parecer 38/2006, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que determina a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia no ensino médio. A deputada Maria Tereza, que também é autora de uma PEC que trata do mesmo assunto e foi anexada à proposição 15/03, defende alteração no conteúdo das propostas, pois, segundo ela, não fica claro que as duas matérias precisam ser implantadas na forma de disciplinas e não, apenas, como conteúdo. "Filosofia e Sociologia têm um papel importante na formação do cidadão, para criar consciência", justificou a deputada.

Como convidados, participam da reunião a professora de Práticas de Ensino de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, Maria Tereza Marques Amaral; o representante do coordenador do Sindicato dos Cientistas Sociais de Minas Gerais, Flávio Antunes Torres; e o estudante de Filosofia Eugênio Pacelli Lopes de Freitas. Todos os participantes concordaram que além da aprovação da PEC é necessária uma mobilização entre professores, alunos, sindicatos e todos os interessados na mudança para que a determinação seja implantada, e que já em 2007 as escolas comecem a oferecer as disciplinas.

O parecer do CNE estabeleceu o prazo até julho de 2007 para que as escolas adotem o ensino de Filosofia e Sociologia, mas como a grade curricular é feita anualmente, a determinação somente deve ser colocada em prática em 2008. Em Minas Gerais, das 18.028 escolas existentes, apenas cerca de 10% possuem as disciplinas.

Também houve consenso entre os participantes da importância do ensino das duas matérias para a formação cidadã dos estudantes. "Com toda clareza, percebe-se que quanto mais se reduz o ensino da Filosofia e Sociologia, mais se degrada a sociedade", advertiu Doutor Viana. "Há mudança no comportamento e na personalidade dos alunos", atestou o professor de Filosofia da Escola Conselheiro Afono Pena, José Geraldo Estevan, que estava na platéia.

O sindicalista Flávio Danilo Torres teme que a idéia sofra resistência dos estabelecimentos privados de ensino. "A resolução implica mudanças significativas e que terão custos. Será necessário contratar mais professores e alterar a grade curricular. É mais um motivo para continuarmos mobilizados para que essas duas disciplinas retornem ao ensino médio", afirmou.

O estudante Eugênio Pacelli lembrou que, em se tratando de educação, não há que se falar em custos. "Qualquer dinheiro gasto é investimento", opinou. Eugênio ainda deixou duas indagações para que público e convidados refletissem: "A quem interessa o não cumprimento da resolução? A quem interessa retardar esse processo?"

Longo caminho da implantação

A professora da PUC Minas, Maria Tereza Marques, reconheceu que o parecer do CNE é o coroamento de uma luta de anos entre os profissionais que defendem o ensino das disciplinas, mas lembrou que para a efetiva implantação ainda há um longo caminho. Segundo ela, é preciso reorganizar as escolas, reestruturar currículos e garantir a formação dos professores para assegurar um ensino que faça sentido. "A aprendizagem tem que ser significativa", afirmou. Para ela, é preciso um diálogo com profissionais de todas as áreas e com gestores de escolas para assegurar o espaço e a importância das duas matérias.

No debate, vários professores que se pronunciaram reclamaram da redução da carga horária das matérias das poucas escolas que ainda oferecem. Citaram, especialmente, o programa do governo estadual Escola-Referência, que diminuiu as aulas dessas disciplinas para aumentar ainda mais a carga de matérias técnicas. "O aluno tem direito a ter acesso a todo tipo de linguagem", reclamou Kelsen André.

Presenças - Deputado Doutor Viana (PFL), presidente da Comissão de Educação; e deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da Comissão de Participação Popular.

 

 

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715