Prefeitos apóiam criação de subsidiária da Copasa no Jequitinhonha

Prefeitos do Vale do Jequitinhonha cobraram das autoridades e dos parlamentares uma solução urgente para o problema d...

28/11/2006 - 01:02
 

Prefeitos apóiam criação de subsidiária da Copasa no Jequitinhonha

Prefeitos do Vale do Jequitinhonha cobraram das autoridades e dos parlamentares uma solução urgente para o problema da falta de água tratada e do saneamento precário dos municípios da região. Para os que compareceram à audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada em Araçuaí nesta terça-feira (28/11/06), uma das soluções seria a aprovação rápida do Projeto de Lei (PL) 3.374/06, que, entre outras providências, cria uma subsidiária da Copasa para atender os vales do Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus, além do Norte de Minas e outras cidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média do Estado.

O prefeito de Jequitinhonha, Roberto Botelho, afirmou que o município tem mais de 200 anos e até hoje não tem água de qualidade para atender toda a população. "Isso é uma vergonha. É bom lembrar ainda que cada real investido em saneamento significa cinco reais em economia na porta dos hospitais", disse. Já o prefeito de Jenipapo de Minas, Edson Figueiró, lamentou os transtornos causados pela falta de serviços básicos de água e esgoto e pediu urgência na votação do projeto. "Nós somos cobrados diariamente pela população, mas a questão não depende somente de nós, prefeitos. Precisamos da ajuda do Estado. As prefeituras não têm condições de arcar com esse tipo de serviço", analisou.

Para o presidente da Copasa, Márcio Augusto Vasconcelos Nunes, a criação de uma subsidiária é a única alternativa a curto prazo para resolver o problema da região, oferecendo serviços de qualidade a preços acessíveis à população. "O município não será obrigado a aceitar o trabalho da Copasa. Assina o contrato quem quiser", explicou. Ele negou a hipótese de privatizar a empresa e lembrou que atualmente, apenas 25% do lucro da Copasa vão para os acionistas. Os outros 75% são reinvestidos na própria companhia.

Os deputados João Leite (PSDB) e Arlen Santiago (PTB) e a deputada Elbe Brandão (PSDB) também defenderam a criação da nova empresa. "Se perguntarmos a qualquer prefeito dessas cidades carentes do Vale do Jequitinhonha, tenho certeza que todos querem água de qualidade e tratada. Essa gente não pode esperar mais. E tenho certeza também de que muita gente gostaria de trabalhar nessa empresa, já que a intenção é aproveitar a mão-de-obra local", defendeu Arlen Santiago.

Projeto enfrenta resistência

O PL 3.374/06 ainda está longe de ser unanimidade. Para o presidente do Sindágua, José Maria dos Santos, é o primeiro passo para uma futura privatização da Copasa. Ele estranhou o pedido de urgência do governador Aécio Neves para que a Assembléia Legislativa votasse o mais rápido possível o projeto. "No mínimo a questão deve ser mais debatida, devemos ouvir mais especialistas, não se pode aprovar o projeto com base apenas nessa falácia", discursou. O Sindágua teme que a divisão da Copasa ponha em risco a prática do subsídio cruzado, que permite que a população carente receba os serviços da empresa mesmo sem ter condições de pagar.

Regionalização - O coordenador do Programa de Saneamento do Ministério das Cidades, Ernani de Miranda, advertiu que o modelo atual de gestão do sistema de água e esgoto adotado em boa parte do País é dos anos 70 e está ultrapassado. O caminho para a universalização do serviço, segundo ele, passa pela regionalização. "Isso vai permitir mais agilidade e dar mais condições técnicas para a realização de um bom trabalho. Mas a regionalização pode ser feita por meio de consórcios intermunicipais. A gestão intermunicipal de consórcio público, aliás, é uma boa inovação, prevista na lei. Temos que aproveitá-la". O representante do governo federal defendeu ainda a implantação do Conselho Estadual de Saneamento, idéia compartilhada pela deputada Elisa Costa (PT).

Em Teófilo Otoni, muitas dúvidas

Audiência pública com a mesma pauta e os mesmos convidados também foi realizada em Teófilo Otoni nesta terça-feira (29). Lá, representantes da sociedade organizada, vereadores e prefeitos pediram mais explicações sobre a criação de subsidiárias da Copasa para atender às regiões mais carentes do Estado. As dúvidas principais da população local dizem respeito a quem vai arcar com os custos da mudança e se haverá precarização dos serviços. Respondendo aos questionamentos, representantes do governo do Estado voltaram a afirmar que não haverá demissões e descartaram qualquer possibilidade de privatização. Ao final da reunião, o deputado Laudelino Augusto (PT) sugeriu a realização de nova audiência pública em Belo Horizonte. A idéia é que a Copasa apresente estudo sócio-econômico quanto à viabilidade do PL 3.374/06, que cria as subsidiárias da estatal.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; deputada Elisa Costa (PT), vice; deputados Arlen Santiago (PTB), Carlos Gomes (PT), Doutor Ronaldo (PDT), Fábio Avelar (PTB), Gil Pereira (PP) e João Leite (PSDB) e deputada Elbe Brandão (PSDB). Também participou da reunião em Araçuaí o secretário de Estado extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária, Márcio Kangussu.

 

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