Exploração de gás em Buritizeiro deve começar no final de 2008

A Petrobras deve iniciar a perfuração de poços para exploração de gás natural em Buritizeiro, região do Médio São Fra...

27/11/2006 - 01:00
 

Exploração de gás em Buritizeiro deve começar no final de 2008

A Petrobras deve iniciar a perfuração de poços para exploração de gás natural em Buritizeiro, região do Médio São Francisco, no final de 2008. A informação é do diretor da Gasmig, Roberto Garcia, que participou nesta segunda-feira (27/11/06) de audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada na cidade. Durante o encontro, os convidados informaram o cronograma das pesquisas que estão sendo feitas em municípios da região para verificar a viabilidade econômica da exploração do gás.

De acordo com Roberto Garcia, que representa os interesses da Petrobras na Gasmig, a estatal do petróleo, em consórcio com a British Gas Energy, pagou quase R$ 10 milhões pelo direito de explorar seis dos 43 blocos oferecidos em licitação realizada em 2005. "Já entramos com processo de licenciamento ambiental junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) para o início dos trabalhos com sísmica", anunciou. Segundo ele, o licenciamento está um pouco atrasado, mas a expectativa é de que as operações sejam realizadas em 2007. Garcia salienta que o trabalho é necessário para se reduzir o risco de a Petrobras perfurar locais inadequados.

No trabalho com sísmica, um conjunto de explosivos é acionado na superfície do terreno. À medida que as ondas sonoras atingem as várias camadas de rochas, os sons se modificam e são captados por microfones. Garcia explica que esse processo permite "desenhar" o subsolo, confirmando ou não a existência de uma estrutura em forma de sino, onde se concentram gases e petróleo. A expectativa do diretor é de que a análise dos dados coletados seja concluída no início do segundo semestre de 2008, quando, então, serão iniciadas as perfurações. "A Gasmig, que tem o monopólio da distribuição de gás no Estado, também participaria com a construção das redes", salienta.

Já o representante da Codemig, geólogo Renato César Fonseca, informou que a empresa já realizou o mapeamento geológico do bloco que vai explorar, a oeste da represa de Três Marias, em consórcio com a também mineira Orteng Equipamentos e Sistemas. "Já separamos a área mais promissora dentro do nosso bloco e estamos fazendo pesquisas com aparelhos de última geração. No início do próximo ano, faremos o levantamento geoquímico, com análise de amostras de solo em laboratório", detalhou. Segundo ele, o acúmulo de gás pode estar a até 3 mil metros de profundidade. Daí a complexidade das análises.

Parlamentares ressaltam a possibilidade de crescimento econômico

O presidente da comissão, deputado Célio Moreira (PSDB), autor do requerimento para a realização da audiência, citou reportagens publicadas nas últimas semanas pela imprensa mineira, dando conta de que a Petrobras deve investir US$ 21 milhões até o final do ano que vem em pesquisas na Bacia do São Francisco. As matérias apontam ainda que a argentina Oil M&S, que arrematou 22 lotes na licitação para a área, já detectou, em pesquisas preliminares, a existência de estruturas geológicas com grande potencial para acumular gás e até petróleo.

Estudos mais antigos indicam que a região teria reservas da ordem de três trilhões de metros cúbicos. "Nosso objetivo é tentar agilizar essas pesquisas", salientou Célio Moreira, lembrando que a confirmação da existência de combustível no São Francisco transformaria a região em um pólo produtor, mudando o rumo da economia do próprio Estado. "O País seria auto-suficiente e teríamos a criação de milhares de empregos", enumera. A bacia do Velho Chico, de acordo com o parlamentar, tem cerca de 1 milhão de habitantes. Boa parte deles vive abaixo da linha da pobreza, há anos na expectativa de que a exploração comercial do gás na região traga mais progresso.

Célio Moreira lembrou que a participação do gás natural na matriz energética brasileira é pequena, da ordem de 8%, contra 53% na Argentina e 25% nos Estados Unidos. Além disso, os gasodutos brasileiros somam apenas 8 mil quilômetros, contra 450 mil quilômetros nos Estados Unidos. "Além de royalties, teríamos outros impostos revertidos para o município, mas, talvez por falta de conhecimento técnico, pensamos que as pesquisas estão lentas, que a região não é uma prioridade", ponderou.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB), também enfatizou que o gás mudaria a condição de vida da população do Médio São Francisco. Segundo ela, os problemas entre Brasil e Bolívia, nosso maior fornecedor de gás natural, vieram a propósito para possibilitar a exploração em Minas. "Conversei nesta semana com a Petrobras e obtive a garantia de que as perfurações começam em 2008", informou.

Na fase de debates, o secretário-executivo da Associação dos Municípios do Médio São Francisco, Adelson Toledo de Almeida, questionou a situação da Geobrás-Pesquisas Minerais, empresa mineira que adquiriu nove lotes para exploração, mas foi eliminada em fevereiro deste ano após descumprir prazos e condições do edital de licitação. Ana Maria Resende explicou que os blocos serão novamente licitados. Já Renato Fonseca, da Codemig, informou que a segunda colocada na licitação para cada bloco teria que cobrir o lance da Geobrás para ficar com as áreas. Porém, o lance foi considerado alto.

Célio Moreira anunciou que fará requerimentos às empresas públicas envolvidas nas pesquisas e ainda à Feam e aos governos estadual e federal, para pedir informações que serão repassadas aos municípios da região. Entre outras coisas, o deputado quer saber quais estudos a Petrobras já realizou na Bacia do São Francisco; se há informações sobre a existência de petróleo associado ao gás natural; a situação da Geobrás; e o que os governos já podem fazer, em termos de infra-estrutura, enquanto as pesquisas são concluídas.

Presenças - Deputado Célio Moreira (PSDB), presidente da comissão; e deputada Ana Maria Resende (PSDB). Também participou da reunião o secretário de Ação Social de Buritizeiro, Cláudio Abreu Barbosa.

 

 

 

 

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