Mais de R$ 400 mi são necessários para unidades de conservação de MG

Mais de R$ 400 milhões seriam necessários para regularizar as unidades de conservação (UCs) criadas no Estado de Mina...

23/11/2006 - 01:01
 

Mais de R$ 400 mi são necessários para unidades de conservação de MG

Mais de R$ 400 milhões seriam necessários para regularizar as unidades de conservação (UCs) criadas no Estado de Minas Gerais, e "outro tanto para as previstas em lei". A informação foi dada pelo 3º vice-presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Fábio Avelar (PSC). Representando o presidente da Casa, deputado Mauri Torres (PSDB), Avelar abriu, na noite desta quinta-feira (23/11/06), o Ciclo de Debates "Regularização fundiária das unidades de conservação do de Minas Gerais". O evento nessa noite vai contar também com a palestra sobre a situação das UCs do Estado, proferida pelo diretor de Pesca e Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Célio Valle. Na sexta-feira (24), o ciclo continua com a realização de quatro painéis tratando de vários aspectos envolvidos na regularização fundiária: jurídicos, financeiros, sociais e com relação à efetividade das UCs.

Fábio Avelar lamentou que, como ocorre em várias áreas, o que se assegurou na lei, com relação às unidades de conservação, ainda está longe de se efetivar, devido a obstáculos de ordem financeira e jurídica, principalmente. Os R$ 400 milhões citados seriam, segundo o parlamentar, uma soma muito além do que se dispõe nas previsões orçamentárias do Estado. Já na área jurídica, os entraves dizem respeito, de acordo com o deputado, "aos intrincados e morosos processos de desapropriação".

Soluções - A esse respeito, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da ALMG, deputado Laudelino Augusto (PT), acrescentou que o ciclo de debates quer fomentar soluções para esses impasses. E por isso, foram traçados os seguintes objetivos para o evento: conhecer a situação fundiária das unidades de conservação do Estado e sua efetividade; discutir aspectos jurídicos para a regularização fundiária das UCs; discutir a destinação e a dotação orçamentárias estaduais e o planejamento plurianual de recursos para a regularização fundiária das UCs; sensibilizar o Poder Judiciário sobre a necessidade da regularização; e discutir o impacto social da regularização. Laudelino reforçou ainda a necessidade de que, na votação do orçamento deste ano, sejam levadas em consideração as propostas aprovadas no ciclo de debates.

Secretário critica aprovação de leis sem meios para sua execução

Também o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, detectou o problema levantado por Fábio Avelar com relação à efetividade das leis. "É muito comum termos uma grande quantidade de iniciativas legislativas normalmente desprovidas dos meios para sua execução", disse, defendendo a inclusão do tema no debate. Carvalho citou uma iniciativa sua quando esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, em que procurou fugir a essa regra: a criação do mecanismo compensatório para que empresas poluidoras pudessem investir em unidades de conservação.

O coordenador da Procuradoria de Conflitos Agrários, procurador Afonso Henrique de Miranda Teixeira, afirmou estar preocupado com a aparente contradição entre a defesa de um meio ambiente equilibrado e políticas públicas voltadas para a dignidade do ser humano. "Não há antinomia entre esses dois pontos", ressaltou ele, acrescentando que o Ministério Público busca no evento aprofundar a discussão sobre o impacto social das unidades de conservação.

Ambiental no social - Já a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, foi por outro caminho. "Precisamos é do contrário - inserir o ambiental no social; senão, não vai sobrar nada", afirmou ela, condenando a proliferação de assentamentos de reforma agrária. Ela criticou também a visão desenvolvimentista que ainda prevalece no Estado, que continua calcada na crença de que os recursos naturais são ilimitados. E mostrou-se pessimista com o futuro, ao constatar que o descaso com as UCs começa nas dotações orçamentárias, nas quais são destinados valores muito baixos para essas unidades.

Laudelino Augusto ressaltou ainda que a estimativa de R$ 417 milhões refere-se apenas à regularização das unidades de conservação já existentes, não levando em conta outras que ainda precisam ser criadas. Após o pronunciamento dos componentes da mesa, foi exibido um vídeo sobre o Parque Estadual do Itacolomi, apresentado pelo artista Saulo Laranjeira. O Itacolomi ocupa 7.534 hectares entre as cidades de Mariana e Ouro Preto, a 100 quilômetros de Belo Horizonte. Ele é um dos parques do Estado abertos à visitação pública.

 

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