Delegacia de Pessoas Desaparecidas explica suas ações na ALMG

Um levantamento com o perfil do desaparecido mineiro está sendo feito pela Delegacia de Pessoas Desaparecidas e deve ...

23/11/2006 - 01:00
 

Delegacia de Pessoas Desaparecidas explica suas ações na ALMG

Um levantamento com o perfil do desaparecido mineiro está sendo feito pela Delegacia de Pessoas Desaparecidas e deve estar pronto em seis meses. Em cerca de um ano, o mapeamento das regiões onde há maior incidência de desaparecidos também estará disponível. As informações foram prestadas à Comissão Especial das Pessoas Desaparecidas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, pela delegada titular do órgão, Cristina Coelli Masson, nesta quinta-feira (23/11/06). A delegacia já mantém um telefone para informações (0800 2828197) e um site: www.desaparecidos.mg.gov.br.

A comissão, criada para estudar a aplicação e a regulamentação da Lei 15.432, de 2005, que instituiu o Sistema de Comunicação e Cadastro de Pessoas Desaparecidas, ouviu representantes do Ministério Público, da Infraero, da Polícia Militar e de familiares de pessoas desaparecidas. Em sua segunda reunião, as reclamações e pedidos foram os mesmos: maior divulgação dos cartazes com as fotos dos desaparecidos, com distribuição mais ampla; e maior envolvimento dos órgãos públicos e da população.

Cristina Coelli informou ainda que a delegacia vem trabalhando com a prevenção do desaparecimento, identificando a motivação. Segundo ela, 90% dos casos têm motivação social, como problemas de drogas, violência doméstica e dívidas. A Delegacia das Pessoas Desaparecidas finalizou um projeto, ainda não implantado, para atuar em quatro módulos de prevenção: junto aos pais, aos menores, a profissionais de saúde e de educação, criando na comunidade os multiplicadores de idéias.

Além dessas ações, o órgão já vêm desenvolvendo parcerias com hospitais e abrigos municipais, para que divulguem os cartazes com os desaparecidos e façam o comunicado, em caso de encontro em suas dependências de algum desaparecido, no prazo previsto na Lei 15.432. A lei se originou de um projeto do deputado Sargento Rodrigues (PDT), autor do requerimento, junto com o deputado Rogério Correia (PT), para a criação da comissão. A delegacia está estendendo ainda sua rede de parceiros para Portugal e Espanha e para a América Latina, nesta última por meio do Redesap, setor do Ministério da Justiça que disponibiliza pela internet informações sobre desaparecidos em todo o País.

Convidados pedem mais participação de órgãos públicos

Convidados para subsidiar os trabalhos da comissão, dois representantes da Infraero dos aeroportos Carlos Partes e Confins, Cláudio Figueiredo Salviano e Nilson Góes Leal, dispuseram-se a participar da campanha de divulgação com a distribuição dos cartazes nos aeroportos mineiros e treinamento dos agentes de vôos, onde são feitos os procedimentos de check in, com verificação de documentação para embarque.

Tanto a representante da Polícia Militar, capitão Adriana Lisboa Gomes, como a representante do Ministério Público, promotora da Infância e do Adolescente Ângela Fábero, sugeriram maior envolvimento da população, enquanto deputados e parentes de desaparecidos pediram o cumprimento da lei pelos órgãos públicos, com a exposição dos cartazes. A representante da PM lembrou as dificuldades da corporação devido à falta de recursos materiais e humanos.

A promotora informou que o Ministério Público pediu que a Justiça dificultasse o embarque de menores com a exigência de mais documentação dos responsáveis, o que vem sendo feito desde o ano passado. Familiares pediram maior controle também nas rodoviárias e estações ferroviárias e pediram a divulgação do telefone 0800 nas contas da Copasa, como já ocorre com as fotos de desaparecidos.

O deputado Sargento Rodrigues lamentou a ausência de alguns órgãos convidados, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério da Comunicações e da Justiça e Câmara dos Deputados, e destacou que é preciso maior engajamento dos agentes públicos na campanha, como policiais, professores e fiscais. O deputado Durval Ângelo (PT) lembrou a mobilização feita no caso das mulheres desaparecidas e os avanços conseguidos, em pareceria com a Delegacia de Pessoas Desaparecidas. Já o deputado Rogério Correia afirmou que os avanços nas investigações conseguidos pela Polícia Civil precisam ser compartilhados com os familiares.

Lei prevê maior divulgação de casos

A lei obriga os órgãos públicos do Estado a reservar espaços nas suas repartições, em locais de maior circulação de pessoas, para a afixação de cartazes ou similares, contendo identificação, fotografia e dados das pessoas desaparecidas; prevê que os veículos de comunicação impressa, televisiva, radiofônica e eletrônica dos Poderes do Estado destinarão espaço para a divulgação dos dados das pessoas desaparecidas; a divulgação deve ocorrer também nos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, que devem comunicar à Secretaria de Estado de Defesa Social, no prazo de 12 horas, sob pena de responsabilidade, dados identificadores de pessoa desacompanhada que neles der entrada inconsciente ou em estado de perturbação mental ou impossibilitada de se comunicar. De acordo com a lei, autoridades policiais e entidades assistenciais ficam obrigadas a comunicar à Secretaria de Defesa Social dados identificadores de pessoas que possam ser consideradas desaparecidas.

O texto legal prevê também o acompanhamento psicológico de crianças que tenham sofrido qualquer tipo de abuso durante o período de desaparecimento, assistência que deverá ser estendida à família.

Requerimentos - Foram aprovados os seguintes requerimentos: da comissão:, solicitando informações ao diário Minas Gerais e à Rede Minas, sobre a periodicidade de publicação das pessoas desaparecidas; que o Ministério Público cobre dos órgãos públicos o cumprimento da Lei 15.432; realização de uma audiência com os comandos das polícias Militar e Civil e Procuradoria Geral de Justiça, para informações sobre decisões de caráter institucional; do deputado Durval Ângelo, realização de uma audiência para discutir os resultados das ações dos grupos envolvidos na apuração do desaparecimento de mulheres, junto com o grupo dos desaparecidos de crianças, idosos e deficientes, segmentos priorizados pela Lei 15.432 e alvo das campanhas oficiais.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Durval Ângelo (PT), relator; Célio Moreira (PSDB), Rogério Correia (PT), Antônio Júlio (PMDB) e Carlos Gomes (PT).

 

 

 

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