Comissão aciona MP para investigar transporte público em BH

Diante de uma série de supostas irregularidades no sistema de bilhetagem eletrônica (SBE) do transporte coletivo supl...

22/11/2006 - 01:00
 

Comissão aciona MP para investigar transporte público em BH

Diante de uma série de supostas irregularidades no sistema de bilhetagem eletrônica (SBE) do transporte coletivo suplementar de Belo Horizonte, denunciadas por permissionários do sistema, a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais decidiu, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (22/11/06), enviar um pedido de investigações à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público.

O requerimento, assinado pelos deputados João Leite e Célio Moreira e pela deputada Lúcia Pacífico, todos do PSDB, pede à Promotoria que abra um processo para esclarecer as dúvidas quanto à legalidade do processo de arrecadação e distribuição dos recursos obtidos pelo SBE no transporte suplementar. As investigações deverão também contemplar as causas do atraso no repasse do dinheiro aos permissionários.

A reunião desta quarta-feira foi a segunda referente ao assunto. Na primeira, realizada no dia 20 de setembro deste ano, representantes das entidades envolvidas reclamaram que levam até 42 dias para receber. Por contrato, o sistema deveria funcionar da seguinte forma: no fim do dia, o valor arrecadado pela bilhetagem eletrônica em cada microônibus é registrado por meio de um palmtop. Essa informação é transmitida à cooperativa Coopervans, uma das gestoras do sistema, que totaliza o resultado das 286 linhas. Esse total é enviado à empresa Transfácil, que retém os impostos (PIS e Cofins) e sua taxa de administração, repassando a diferença à Coopervans dentro de nove dias úteis. Finalmente, a cooperativa fica com 3,5% do valor recebido e credita o saldo restante aos permissionários em até três dias. No fim do processo, de uma tarifa de R$ 1,85, por exemplo, o permissionário tem direito a R$ 1,38.

Empresa foi contratada sem licitação

A Transfácil não enviou representante a nenhuma das duas reuniões e não justificou a ausência. Sua participação no sistema de gestão da bilhetagem eletrônica foi questionada nesta quarta-feira pelo promotor de Defesa do Consumidor do Ministério Público José Antônio Baeta de Mello Cançado. Segundo ele, não houve licitação para a contratação da empresa, sendo que há várias companhias no Brasil com know how para exercer a mesma tarefa.

O assessor da presidência da BHTrans, João Flávio Rezende, explicou que a Transfácil é responsável pela bilhetagem eletrônica dos ônibus e do metrô da capital. Segundo ele, a empresa é um consórcio formado pelas concessionárias que, em 1997, venceram a concorrência pública para operação do transporte público. Mas essa justificativa não convenceu o promotor, que questionou ainda a BHTrans sobre o fato de ela ter repassado a uma empresa privada a responsabilidade de gerir recursos de um serviço público. O deputado João Leite (PSDB) acusou a prefeitura de Belo Horizonte de privatizar o transporte coletivo na capital.

A falta de transparência, por parte da Coopervans, quanto à prestação de contas sobre os recursos do SBE, foi criticada pela diretoria do Sindicato dos Permissionários (Sindipautras). Isso fez a deputada Lúcia Pacífico (PSDB) cobrar da cooperativa o compromisso - por escrito - de que todas as informações serão apresentadas na reunião que as entidades realizam na sede da BHTrans no próximo sábado (25/11/06). "Estou sentindo que tudo começou errado e continua errado. Mas não há nada errado que não possa ser corrigido", frisou a deputada.

Presenças - Deputada Lúcia Pacífico (PSDB), vice-presidente da comissão; e deputados João Leite (PSDB). Participaram também, além dos citados na matéria, Maurício dos Reis e Edson Cleiton Dornelas, do Sindipautras; Cássio Luiz Costa Almeida, da BHTrans; Carlos Alberto Diniz, e Marco Túlio; da Coopervans, além de outros representantes dessas entidades.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715