Deputados vão a Buritizeiro discutir potencial das reservas de gás

O potencial das reservas de gás localizadas na região do Médio São Francisco será novamente tema de audiência da Asse...

23/11/2006 - 01:01
 

Deputados vão a Buritizeiro discutir potencial das reservas de gás

O potencial das reservas de gás localizadas na região do Médio São Francisco será novamente tema de audiência da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Assim como ocorreu em junho de 2005, os deputados mineiros estarão em Buritizeiro, nesta segunda-feira (27/11/06), para discutir o assunto com representantes de órgãos federais e estaduais, indústrias e prefeitos. Os debates serão promovidos pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas e terão início às 14 horas, no Centro Pastoral da Igreja São Pedro (rua José Vicente, 157 - Centro). O autor do requerimento para realização da reunião é o deputado Célio Moreira (PSDB), presidente da comissão.

A área que fica na confluência dos rios Pacaratu e São Francisco, na região de Buritizeiro, é conhecida como "Remanso do Fogo", por causa das constantes emanações naturais de gás. Segundo matéria do jornal Estado de Minas, na década de 90, Petrobras e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram pesquisas em áreas próximas aos rios Paracatu e São Francisco, mas os estudos não foram aprofundados. Mostraram, por outro lado, que a área tem potencial de conter reservas de gás natural.

O deputado Célio Moreira lembra, no requerimento, que essa região da bacia do são Francisco é extremamente pobre, com os moradores sobrevivendo praticamente da agricultura, carvoaria e do pouco comércio. Ele informa também que a Petrobras tem promovido estudos na área, mas ainda não há investimentos concretos para a exploração do gás natural. "Essa exploração poderá trazer inúmeros benefícios ao Estado e à população local, gerando empregos, riquezas e circulação de mercadorias", defende o parlamentar, que considera relevante a intervenção da Assembléia para incentivar esses investimentos.

Convidados - São convidados o secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas, Paulo de Tarso de Almeida Paiva; o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Borges Rodrigues Lima; o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer; o prefeito de Lassance, Cristóvão Colombo Vita Filho, presidente da Associação dos Municípios do Médio São Francisco (Ammesf); o presidentes da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa Filho; da Federação das Indústrias (Fiemg), Robson Braga de Andrade; e da Companha de Gás e Energia (Gasmig), Flávio Decat de Moura.

Empresas venceram licitação para exploração de gás na bacia do São Francisco

Os debates em Buritizeiro acontecem mais de um ano após a fase final de novo processo licitatório para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Em outubro de 2005, a ANP promoveu sua 7ª rodada de licitações, quando arrecadou R$ 1,085 bilhão em bônus de assinatura pagos pelas 251 áreas com risco exploratório arrematadas. Nos próximos seis anos, segundo o site da ANP, as concessionárias investirão R$ 1,797 bilhão nos programas exploratórios mínimos apresentados para os blocos licitados. A Petrobras arrecadou sozinha ou em parceria com outras empresas 96 blocos com risco exploratório e é responsável por 46% desse investimento.

As bacias terrestres de São Francisco (Minas Gerais) e Solimões (Amazonas) foram as que alcançaram maior percentual de blocos arrematados. As duas bacias não eram oferecidas desde a 4ª rodada (2002), quando não receberam ofertas. Na bacia do São Francisco, dos 43 blocos oferecidos, 39 foram arrematados, 22 deles pela estreante argentina Oil M&S. A Petrobras e a BG Energy, grupo com sede no Reino Unido e presente em 20 países, arremataram seis áreas. A mineira Geobrás-Pesquisas Minerais Ltda adquiriu nove áreas, mas foi eliminada em fevereiro deste ano após descumprir prazos e condições do edital de licitação.

Uma área foi arrematada por consórcio formado pela Codemig e pela também mineira Orteng Equipamentos e Sistemas e uma última área, pela empresa Tarmar Terminais Aero-Rodo-Marítimos. O próprio site da ANP diz que essa bacia foi uma das mais disputadas na licitação.

Os contratos de concessão, informa a ANP, são divididos em duas fases: exploração e produção. A fase de exploração dura entre dois e oito anos, durante os quais as empresas realizam trabalhos de aquisição de dados geológicos, geofísicos e perfuração de poços. Se houver descoberta comercial, as empresas iniciam a produção, realizando todos os investimentos necessários para o desenvolvimento dos campos descobertos. Nesse caso, além dos impostos e taxas usuais, as empresas deverão pagar royalties, participação especial (taxação extra aplicada a grandes produções) e participação do superficiário (proprietário da terra), nos blocos terrestres.

Na 8ª rodada de licitações não há oferta de lotes relativos à bacia do São Francisco.

ANP, governo do Estado e lideranças municipais participaram de audiência em 2005

Na audiência de 2005, o superintendente de Promoção de Licitações da ANP, geólogo Milton Romeu Franke, disse que tinha conhecimento dos relatos da população do Médio São Francisco e que não se trata, absolutamente, de lendas dos sertanejos, nem tampouco de gás superficial produzido nos pântanos. "Temos em mãos pesquisas que comprovam que se trata de gás natural produzido termoquimicamente, ou seja, o mesmo gás extraído das jazidas de petróleo", assegurou. O que ninguém sabe, segundo ele, é se as jazidas já localizadas têm dimensões que justificariam uma exploração comercial, com instalações industriais ou de gasodutos.

Os terrenos sedimentares da bacia do São Francisco têm 600 milhões de anos, do período proterozóico e, pela geologia, não seria possível estimar o potencial da região. Seria necessário recorrer às técnicas de aerogeofísica e sísmica, segundo Milton Franke. Para superar esse desconhecimento é que a ANP marcou a licitação da 7ª rodada de lotes para prospecção, incluindo a bacia do São Francisco.

Já o superintendente de Política Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Francisco de Assis Soares, anunciou à época que o governo de Minas realizaria, ainda em 2005, um fórum sobre o assunto, a fim de atrair e motivar empreendedores para que participassem da licitação. Prefeitos e vice-prefeitos ofereceram total colaboração às pesquisas em seus municípios.

 

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