Permissões de táxi em BH são debatidas em audiência

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais debateu em audiência púb...

22/11/2006 - 01:01
 

Permissões de táxi em BH são debatidas em audiência

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais debateu em audiência pública, nesta quarta-feira (22/11/06), a ação judicial movida pelo Ministério Público do Estado (MP) questionando a legalidade das 5,8 mil permissões de serviço de táxi em Belo Horizonte, concedidas pela prefeitura antes da Constituição Federal de 1988. Antes dessa data, as permissões eram transferidas livremente sem necessidade de licitação. Participaram da reunião representes dos taxistas e da BHTrans. O MP também foi convidado, mas não mandou representantes nem justificou a ausência.

O presidente da comissão e autor do requerimento para a reunião, deputado Leonardo Quintão (PMDB), explicou que em 1999 a Associação dos Condutores Auxiliares de Táxi questionou a legalidade das permissões. Em 2001, o MP moveu ação civil pública contra a BHTrans, exigindo a licitação imediata de todas as permissões. A Justiça de 1a instância levou mais de dois anos para aceitar a ação e determinar o que estava sendo exigido. A BHTrans recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que em 2004 anulou a decisão, mas determinou que todos os permissionários fossem citados e ouvidos.

O diretor da Cooperativa Mista de Transporte de Passageiros (Coopertáxi), Sérgio Antônio da Cunha, disse que as cooperativas buscam sempre aprimorar o trabalho, principalmente garantindo segurança aos seus 300 associados. A empresa tem cerca de mil associados, gerando quase 6 mil empregos diretos e indiretos. "A Associação dos Condutores Auxiliares de Táxi se precipitou ao questionar a ilegalidade do trabalho dos 5,8 mil permissionários. Antes da Constituição de 1988, não era obrigatória a licitação para o setor", reclamou.

O diretor-presidente da Cooperativa de Rádio-Comunicação de Belo Horizonte, Adilson Matosinhos, disse que trabalha há mais de 30 anos com táxi e se preocupa com a situação. "Se houver uma licitação, as cooperativas serão extintas. E o que vai acontecer com os permissionários e suas famílias?", questionou.

Já o diretor-presidente da Cooperativa Mista de Trabalho dos Motoristas Autônomos de Táxi da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Coomotáxi), Antônio Francisco da Silva, lamentou a iniciativa do MP, lembrando que a empresa possui cerca de 300 cooperados e 328 motoristas auxiliares, além de 2,2 mil associados e mais de 5 mil conveniados, que serão prejudicados.

O diretor setorial da Cooperativa Mista de Consumo e Trabalho dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários do Estado de Minas Gerais (Cooavemig), Neirman Moreira da Silva, desabafou: "Nós, que trabalhamos com táxi antes de 1988, seremos penalizados, mesmo cumprindo a lei e pagando todos os nossos impostos".

Para o diretor administrativo da Cooavemig, José Antônio Campidel, o sistema de táxi de Belo Horizonte é considerado um dos melhores da América Latina. Para ele, o MP, ao entrar com a ação contra os taxistas, não considerou que as permissões foram concedidas antes da Constituição de 1988.

BHTrans recebe críticas

Para o vereador e deputado estadual eleito Vanderlei Miranda (PMDB), a BHTrans se tornou "a senhora absoluta de todo o sistema de transporte de Belo Horizonte", agindo até mesmo contra a posição do prefeito Fernando Pimental. Ele lembrou que o primeiro serviço de taxi metropolitano criado no País foi em Belo Horizonte e destacou a importância do trabalho integrado dos municípios.

O presidente da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros de Minas Gerais (Cooperminas) e diretor-presidente do Sindicato dos Transportadores de Escolares da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sintesc), Renato Soares, lembrou que o transporte escolar também já enfrentou dificuldades com a BHTrans, e defendeu uma reestruturação no sistema de transporte de passageiros.

O assessor da presidência da BHTrans, José de Fátima Furbino, destacou que Belo Horizonte foi a primeira cidade a se adaptar às exigências da Constituição Federal, formando uma empresa responsável pelo controle do trânsito na cidade, a BHTrans, cujo regulamento pune o condutor que deixa de prestar um bom serviço.

Para o deputado Leonardo Quintão, o regulamento não é um bom instrumento para garantir os direitos dos taxistas. Por isso, ele defende a criação de uma lei metropolitana para dar tratamento igual aos taxistas de todas as cidades do Estado. "Com uma lei poderemos evitar inclusive a distribuição indiscriminada de placas que tem ocorrido em prefeituras do interior, segundo critérios puramente políticos".

O vereador e deputado eleito Délio Malheiros (PV) também é favorável à criação de uma lei que regulamente o serviço de táxi em Belo Horizonte. Ele defende a elaboração de um calendário de longo prazo para que os taxistas permissionados se adaptem às exigências da nova legislação.

"Eu espero que o Ministério Público tenha consciência", afirmou o assessor jurídico da Cooperativa de Rádio-Comunicação de Belo Horizonte, Josimar Bezerra. Segundo ele, em 1972 o Detran deu licenças a taxistas porque o número de profissionais em BH era insuficiente. Hoje a situação é inversa. Ele salienta que aqueles que fizeram o sistema funcionar bem há mais de 30 anos devem ter seu valor reconhecido.

Presenças - Deputado Leonardo Quintão (PMDB), presidente.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715