Deputados levam denúncias à Secretaria de Meio Ambiente

Os deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais apresentaram ...

22/11/2006 - 01:00
 

Deputados levam denúncias à Secretaria de Meio Ambiente

Os deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais apresentaram ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, denúncias de possíveis irregularidades na concessão de licenciamentos corretivos no município de Caldas, Sul do Estado. A visita à secretaria, realizada nesta quarta-feira (22/11/06), foi de iniciativa da comissão e contou ainda com a presença de representantes do Ministério Público, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Câmara Municipal de Caldas.

Segundo o deputado Laudelino Augusto (PT), há pareceres contraditórios sobre a concessão da licença corretiva para a atuação da mineradora Caldas Gran Ltda., que explora granito e sianito na região. Ele conta que o parecer emitido no ano de 2001 é contrário à instalação da empresa, alegando prejuízos irreversíveis ao meio ambiente local. A segunda versão, no entanto, elaborada em 2004, concede a licença. "A prefeitura e a comunidade estão alarmadas. Os pareceres são contraditórios, apesar de terem sido feitos pela mesma pessoa. Viemos solicitar uma fiscalização mais rígida quanto ao licenciamento corretivo na cidade e em todo o Estado", pediu.

O licenciamento ambiental corretivo é concedido às empresas que não atuam em conformidade com a legislação vigente. Nesses casos, os empreendedores que não possuem as licenças prévia, de instalação e operação, concedidas pela Secretaria de Meio Ambiente, podem, mediante o pagamento de multa e comprovação da viabilidade ambiental do empreendimento, obter diretamente a licença operacional corretiva. Para o procurador de Justiça da comarca de Caldas, José Eduardo de Souza Lima, os licenciamentos corretivos, assim como o concedido à mineradora do município, beneficiam o infrator. De acordo com ele, as multas aplicadas em caso de licenciamento corretivo são bem menores que as cobradas no trâmite regular. "O tratamento deve ser mais rígido para os empresários clandestinos, e as sanções devem ser mais severas de forma a coibir esse tipo de ação", insiste.

O secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, acredita que casos como esse vêm acontecendo em todo o Estado, e são fruto de desarticulação no processo de reformulação administrativa que está sendo feito. Para ele, a descentralização na concessão de licenciamentos será benéfica aos municípios, mas deve ser aperfeiçoada. "A desburocratização dos processos representará ganhos para todos, mas por precaução, vamos suspender a autorização ambiental de funcionamento dessa mineradora até que apuremos as denúncias", afirmou.

O presidente da Feam, Ilmar Bastos, também defendeu a implantação da licença operacional corretiva em Minas. Segundo ele, cerca de 80% dos empreendimentos do Estado estão em desconformidade com a legislação e devem ser regularizados. Entretanto, entende que é preciso corrigir alguns equívocos. "A lei ainda beneficia o infrator e deve contar com uma fiscalização mais rígida. Apesar disso, penso ser a melhor forma de solucionar o problema", disse. O procurador de Justiça Rodrigo Cançado Anaya Rojas também apóia o projeto, considerado um avanço no combate à clandestinidade. "Agora só falta trabalharmos a concessão do licenciamento de forma regionalizada e garantirmos a recuperação ambiental das áreas degradadas pela extração mineral", concluiu.

Comissão cobra regularização de leis ambientais

Durante a reunião, os deputados procuraram se inteirar sobre o andamento da regularização de leis ambientais já sancionadas pelo governo do Estado, que tratam da avaliação de risco ambiental, da auditoria ambiental, da Área de Proteção Ambiental (Apa) de Vargem das Flores, além do Projeto de Lei que trata da Política Estadual de Resíduos Sólidos.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, a lei que trata da avaliação de risco ambiental está em fase final de análise técnica pela Feam; e a lei sobre a auditoria ambiental deverá sofrer alterações pelo Conselho de Política Ambiental (Copam) a serem debatidas na ALMG.

Sobre a regulamentação do Apa de Vagem das Flores, a secretaria pretende adotar o mesmo modelo de gestão compartilhada do Parque Estadual do Rola Moça, em que o IEF e a Copasa são co-responsáveis pelo controle. De acordo com o deputado Rogério Correa (PT), é preciso que a regulamentação ocorra até dezembro deste ano, que é a data-limite. "A Apa é uma iniciativa fundamental, tanto pela sua importância ambiental quanto pelo seu potencial de abastecimento, que hoje atende a cerca de 70% da Região Metropolitana de Belo Horizonte.", prometeu.

Finalmente, sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos, o conteúdo do projeto já foi concluído e está em fase de avaliação pelo secretário, para posterior encaminhamento ao governador e à ALMG.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente; Paulo Piau (PPS) e Rogério Correia (PT).

 

 

 

 

 

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