Assembléia vai intermediar negociações entre servidores e Executivo

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai intermediar a negociação entre governo e servidores na busca de um enten...

20/11/2006 - 01:00
 

Assembléia vai intermediar negociações entre servidores e Executivo

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai intermediar a negociação entre governo e servidores na busca de um entendimento sobre o projeto que cria a política remuneratória do Poder Executivo, em tramitação no Parlamento estadual. O presidente da ALMG, deputado Mauri Torres (PSDB), que recebeu lideranças do funcionalismo e deputados da oposição nesta segunda-feira (20/11/06), garantiu que o Projeto de Lei (PL) 3.669/06, que trata do assunto, não será colocado em votação no Plenário sem consenso. A reunião foi no Salão Nobre.

"Vamos iniciar conversas com o governo no sentido de tentar aparar algumas discordâncias com relação ao encaminhamento do Executivo e à posição dos representantes dos servidores. Nessas conversas, vamos tentar avançar, assim como em outras ocasiões nessa legislatura, na busca incessante do diálogo", ressaltou o presidente. A garantia foi dada a partir de sugestão feita pelo deputado Rogério Correia (PT) de reunir governo e servidores com a intermediação do Legislativo.

Mauri Torres defendeu que o projeto seja analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e remetido às comissões de mérito, a fim de serem promovidas, então, audiências públicas com a participação dos segmentos interessados. O PL 3.669/06 aguarda parecer do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) na CCJ. Requerimento de audiência pública do deputado Sargento Rodrigues (PDT) já foi aprovado pela Comissão de Administração Pública. Para os servidores, o projeto não atende às reivindicações do funcionalismo público e, para o bloco de oposição, não é possível votá-lo da forma como foi remetido pelo governo à Assembléia.

Documento - Os servidores entregaram ao presidente documento em que reivindicam a implementação de política remuneratória estabelecida pela legislação em vigor (conjunto de leis que instituíram as carreiras, o Adicional de Desempenho, o Prêmio por Produtividade, as gratificações e outros instrumentos). Outras reivindicações são a revisão geral anual dos valores da remuneração; e a definição de data-base para aplicação da recomposição anual, com base no crescimento nominal da receita corrente líquida. Essa recomposição, enfatizam, deve garantir, no mínimo, a aplicação do reajuste de acordo com os índices inflacionários no período apurado e aumento real dos salários.

No encontro, o deputado Rogério Correia afirmou que o posicionamento do bloco de oposição é não votar o projeto. "Não vemos como melhorar a proposição sob a forma de emendas, pois sua espinha dorsal está equivocada. A mudança tem que vir do governo", opinou. Segundo o parlamentar, alguns problemas do projeto são condicionar a concessão de promoções e progressões à disponibilidade de recursos do Estado e condicionar a concessão de reajuste ao cumprimento de resultados financeiros. Ele foi apoiado pela deputada Jô Moraes (PCdoB) e pelo deputado Weliton Prado (PT) na defesa dos servidores.

Vários representantes do funcionalismo público falaram ao presidente Mauri Torres. Entre eles, Renato Barros, do Sind-Saúde e da Coordenação Intersindical dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual de Minas Gerais. Barros pediu o apoio dos deputados e cobrou que seja aprofundado o debate entre governo e o conjunto dos trabalhadores. Para ele, o Executivo está promovendo "ajuste e controle fiscal por meio da política de pessoal".

O presidente do Sindifisco, Lindolfo Fernandes de Castro, sindicato que reúne os fiscais, revelou que, nos últimos três anos, a receita do Estado aumentou mais de 60%, enquanto a despesa de pessoal praticamente foi congelada. "Não há mais como arrochar o cinto do servidor". Para Diva Janotti, do Sindicato dos Técnicos de Tributos Estaduais da Secretaria de Estado da Fazenda, não é possível implementar políticas públicas sem o servidor valorizado.

Conteúdo do projeto

O PL 3.669/06 define a forma de cálculo do limite de recursos a ser aplicado nos mecanismos da política remuneratória, em cada exercício, que será obtido por meio da incidência de percentual correspondente à diferença entre a variação nominal do ICMS principal e a variação nominal da despesa com pessoal, sobre o valor da despesa com pessoal dos exercícios tomados como referência. A aplicação dos mecanismos da política remuneratória em um determinado exercício está condicionada à observância, no exercício imediatamente anterior, de resultado fiscal não negativo e do aumento ou manutenção no índice do fator de produtividade do Poder Executivo. Os recursos a serem aplicados não poderão ultrapassar o teto para a despesa total com pessoal de 95% do limite estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal 101).

A cada exercício será estabelecida a distribuição de recursos entre os seguintes mecanismos da política remuneratória: concessão de Adicional de Desempenho (ADE); previsão geral anual dos valores dos vencimentos básicos dos cargos, funções ou proventos dos servidores públicos; reajuste e revisão de remuneração de cargos, funções, gratificações ou proventos de aposentadoria; o reposicionamento na forma da lei; a progressão e promoção do servidor, quando previstas e na forma estabelecida na lei de criação da respectiva carreira; e a aceleração do desenvolvimento do servidor na carreira por meio da promoção por escolaridade adicional, quando prevista em lei e na forma estabelecida em regulamento. O projeto define ainda a data de 1º de maio de cada exercício como a data-base para a concessão do reajuste geral. O projeto institui ainda o Grupo Consultivo sobre Política Remuneratória (GCPR), composto por oito representantes dos servidores públicos estaduais, com a finalidade de opinar sobre a aplicação da política remuneratória.

 

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