Falta de regulamentação de áreas protegidas ameaça biodiversidade

Nenhuma unidade de conservação de Minas Gerais está totalmente regularizada, o que representa uma ameaça a milhões de...

16/11/2006 - 01:01
 

Falta de regulamentação de áreas protegidas ameaça biodiversidade

Nenhuma unidade de conservação de Minas Gerais está totalmente regularizada, o que representa uma ameaça a milhões de espécies animais e vegetais que vivem nestes locais. A advertência é do diretor de Pesca e Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF), professor Célio Murilo de Carvalho Valle. Ele vai participar do Ciclo de Debates "A regularização fundiária das unidades de conservação do Estado de Minas Gerais", que será realizado no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais na próxima quinta (23/11/06) e sexta-feiras (24).

De acordo com estudos do IEF, seriam necessários R$ 417 milhões para regularizar a situação de todas as unidades. Os principais problemas estão nos 25 parques estaduais, que totalizam 334.036 hectares (ha), dos quais 276.207 ha ainda precisam ser desapropriados. Somente para resolver a situação dos parques, que abrigam grande parte da biodiversidade mineira, o Estado precisaria desembolsar R$ 398,6 milhões. As outras unidades apresentam falhas desde medição e registro até a compra, pagamento e posse do imóvel. Algumas já foram compradas mas ainda não foram quitadas, gerando conflitos com os antigos donos. A falta da regulamentação dificulta o trabalho do próprio Estado de fiscalizar, recuperar e preservar as áreas.

"Essa situação coloca em risco todo o ecossistema, porque são nessas unidades que as espécies têm condições de sobreviver e se desenvolver sem o perigo da ação humana", alerta Célio Valle. Ele lembra que a biodiversidade é importante não apenas para o equilíbrio ambiental do planeta, mas também para o conhecimento. "Há 60 anos, a penicilina era apenas um bolor na natureza, hoje é um importante medicamento. Temos muitas riquezas no mato. A biodiversidade é um patrimônio genético importante para o País e para a humanidade", explica.

O especialista defende a definição de uma verba no Orçamento estadual específica para a preservação ambiental. "É preciso sair do discurso para a prática. Só conseguiremos proteger nossas riquezas se tivermos recursos para isso".

Segundo Célio Valle, a Assembléia de Minas é a primeira que se dispõe a discutir a questão fundiária das unidades de conservação, um problema comum em todos os Estados e mesmo nas áreas federais. "Queremos sensibilizar os três poderes - Executivo, Judiciário e Legislativo -, pois o futuro do homem e da Terra depende da proteção de nossos recursos naturais".

O ciclo - O ciclo de debates, realizado por solicitação do deputado Laudelino Augusto (PT), contará com a participação de representantes das três esferas de poder, além do Ministério Público. Os objetivos do ciclo são: conhecer a situação fundiária das unidades de conservação (UCs) do Estado e sua efetividade (como são administradas); discutir aspectos jurídicos para a regularização fundiária das UCs; discutir a destinação e a dotação orçamentárias estaduais e o planejamento plurianual de recursos para a regularização fundiária das UCs; sensibilizar o Poder Judiciário sobre a necessidade da regularização; e discutir o impacto social da regularização.

Veja a programação completa

Dia 23 de novembro

19 horas

* Abertura com o presidente da ALMG, deputado Mauri Torres (PSDB); o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho; o secretário de Estado para Assuntos de Reforma Agrária, Márcio Kangussu; o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Orlando Adão Carvalho; a procuradora-geral de Justiça, Ana Ivanete dos Santos; o advogado-geral do Estado, José Bonifácio Borges de Andrada; o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeias Cavalcanti; o diretor-geral do Instituto de Terras de Minas Gerais (Iter), Luiz Antônio Chaves; e a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas

19h30

* Palestra "Situação das unidades de conservação de Minas Gerais", com o diretor de Pesca e Biodiversidade do IEF, Célio Valle

20h30

* Debate coordenado pelo deputado Laudelino Augusto (PT)

Dia 24 de novembro

8h30

* Painel "Aspectos jurídicos e legais da regularização fundiária das UCs", com o consultor jurídico do IEF/Promata/KFW, Charles Alessandro Mendes; o desembargador do TJMG, Brandão Teixeira; e o coordenador das Promotorias de Justiça da Bacia do Rio São Francisco, promotor Alex Fernandes Santiago

10h30

* Painel "Fontes de recursos para regularização fundiária", com o coordenador do Núcleo de Compensação Ambiental do IEF/Unesco, Ronaldo César Vieira de Almeida; e o gerente de Avaliação e Licenciamento Ambiental da Cemig, Ênio Marcus Brandão Fonseca

* Debate coordenado pelo deputado Paulo Piau (PPS)

14 horas

* Painel "Aspectos sociais da regularização", com o analista ambiental do IEF, Silvério Seabra da Rocha; o diretor-geral do Iter, Luiz Antônio Chaves; o assessor da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), Eduardo Antônio Arantes do Nascimento; e o superintendente técnico da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Affonso Damásio Soares

15 horas

* Painel "Efetividade das UCs estaduais", com o diretor de Pesca e Biodiversidade do IEF, Célio Valle; o gerente do Parque Estadual do Rio Preto, Antônio Augusto Tonhão de Almeida; e o proprietário da Reserva Particular do Patrimônio Natural Vale Encantado, José Noel Prata

* Debate coordenado pelo deputado João Leite (PSDB)

 

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