Sociedade pede verba para universidade, estrada e serviço público

Mais recursos para as estradas e as universidades federais mineiras, além da implementação de uma política estruturan...

07/11/2006 - 01:03
 

Sociedade pede verba para universidade, estrada e serviço público

Mais recursos para as estradas e as universidades federais mineiras, além da implementação de uma política estruturante para a administração pública, foram algumas propostas apresentadas, nesta terça-feira (7/11/06), em Plenário, ao projeto de lei do Orçamento da União para 2007. O projeto foi discutido na Assembléia Legislativa de Minas Gerais durante o segundo de uma série de cinco seminários regionais promovidos pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. O objetivo é democratizar a elaboração do Orçamento. As cerca de 40 sugestões encaminhadas serão, agora, analisadas pela coordenação da bancada mineira e poderão ser transformadas em emendas. Mais de 200 pessoas participaram do evento.

Nesta quarta (8), acontece em Brasília o terceiro seminário regional, além de estar marcada para as 10 horas a reunião da comissão mista em que poderá ser apreciado o relatório preliminar. Caso ele seja votado, será aberto na quinta (9) o prazo para apresentação de emendas ao Orçamento. Cada deputado ou senador pode apresentar, individualmente, até 20 emendas, no valor total de R$ 5 milhões. A bancada de Minas no Congresso pode apresentar 22 emendas, das quais três são indicadas pelos senadores e entre seis e sete pelo governo do Estado - as chamadas emendas estruturantes. Em 2005, os parlamentares conseguiram aprovar emendas no valor de R$ 383 milhões, mas, como admitiu em entrevista à imprensa o presidente da comissão, deputado Gilmar Machado (PT/MG), pouco mais de 50% foram executadas. Entre as ações previstas, a duplicação da BR-050, no Triângulo; expansão de universidades e investimentos no metrô de Belo Horizonte.

Números - O Orçamento da União de 2007 prevê uma receita de mais de R$ 1,56 trilhão. Para o Sudeste, está prevista uma receita de R$ 12,55 bilhões, sendo R$ 2,7 bilhões para custeio e R$ 10,38 bilhões para investimentos. Segundo a consultora Rita de Cássia Leal, do Senado, o projeto prevê para o Sudeste R$ 2 bilhões destinados ao programa "Bolsa Família" e R$ 34,2 milhões para assentamentos e investimentos rurais. Para os procedimentos de média e alta complexidade da saúde e para a saúde da família estão estimados R$ 2,1 bilhões; para o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), R$ 43 milhões, além de R$ 1,2 bilhão para as universidades federais. Entre os recursos previstos para as rodovias, estão: R$ 65,5 milhões para a BR-365; R$ 50,6 milhões para a BR-262; R$ 59,6 milhões para a BR-050 e R$ 50 milhões para a BR-040.

Como informou Márcio Luiz Albuquerque, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, os parâmetros orçamentários fixados pelo governo são, entre outros, um salário mínimo de R$ 374,93; taxa de juros Selic de 13,68%; e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,75%, o que representa, em espécie, R$ 2,3 trilhões.

Sociedade civil, deputados e governo estadual fazem sugestões

Representantes de servidores públicos federais ocuparam a tribuna, durante o seminário, para cobrar mais recursos para o funcionalismo. João Jacques Silveira Pena, presidente do Conselho Estadual de Delegacias Sindicais de Minas do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal, afirmou que o governo "pouco fez para construir uma política estruturante para a administração pública". Ele cobrou resultados de grupo criado pelo presidente Lula, em 2005, para unificar as carreiras dos 2 milhões de servidores federais do Executivo, Legislativo e Judiciário. A diferença salarial entre o menor e o maior salário no Executivo, disse, é de 11 vezes. No Judiciário, de 13.

O reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Antônio Nazareno Mendes, que também representou o Fórum de Dirigentes das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais, pediu R$ 30 milhões para as 12 instituições federais e duas estaduais do Estado. A comunidade universitária viu os recursos aumentarem de R$ 8 milhões, em 2003, para R$ 15,6 milhões, em 2005. Em 2006, no entanto, foram destinados apenas R$ 10,280 milhões - ainda não liberados. Agostinho Beghelli, 2°-vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), cobrou a reabertura de negociações com o funcionalismo público federal e a instituição de uma política salarial para os servidores.

Já o subsecretário de Planejamento e Orçamento do Estado, Tadeu Barreto Guimarães, questionou se não haveria uma superestimativa de receita no Orçamento para 2007, em função de alguns parâmetros orçamentários adotados e de receitas que podem não se concretizar. Ele indagou se não haveria o risco de contingenciamento em função do aumento das despesas correntes, além de cobrar mais recursos para a malha rodoviária federal mineira.

Lei Kandir - O deputado estadual Domingos Sávio (PSDB), presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG, cobrou uma definição sobre o ressarcimento da desoneração do ICMS para exportações, prevista na chamada "Lei Kandir". O projeto do Orçamento prevê, a título de ressarcimento aos estados exportadores, R$ 3,9 bilhões, sendo que, na Lei Orçamentária para 2006, foram destinados R$ 5,2 bilhões, decorrentes exclusivamente de emendas aprovadas pelo Congresso. "A redução preocupa", disse. Além de Domingos Sávio, vários deputados estaduais pediram a palavra para participar das discussões: Ricardo Duarte, Adelmo Carneiro Leão, Edson Rezende e André Quintão, do PT; Gil Pereira, do PP; e Sávio Souza Cruz, do PMDB.

As deputadas Elisa Costa e Maria Tereza Lara, também do PT, elogiaram a iniciativa do Congresso de discutir o Orçamento com a sociedade e conhecer as diferentes realidades regionais. Para Maria Tereza, que preside a Comissão de Participação Popular da ALMG, um dos grandes desafios para o Parlamento é o acompanhamento da execução orçamentária em conjunto com a sociedade, a fim de que o Orçamento não fique "só no papel". Já Elisa Costa citou o esforço feito na Comissão de Fiscalização Financeira em prol da transparência e da participação popular nos rumos do Orçamento. Para Michelle Matos, do Fórum Brasil de Orçamento, o evento desta terça (7) abriu um diálogo importante com a sociedade, mas espera um "procedimento mais participativo e amplo para o próximo ano".

Presenças - Compuseram a Mesa de trabalhos os deputados Gilmar Machado (PT/MG), presidente da Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional; senador Valdir Raupp, relator-geral do projeto do Orçamento da União para 2007; deputados federais mineiros Jaime Martins, Leonardo Monteiro, Maria do Carmo Lara e deputados estaduais Domingos Sávio e Maria Tereza Lara, além do subsecretário de Planejamento e Orçamento, Tadeu Barreto Guimarães.

 

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