Acordo de cotas diminui importação de brinquedos da China

Enquanto o setor de máquinas pesadas amarga grande ociosidade de produção com a concorrência dos produtos chineses, o...

07/11/2006 - 01:00
 

Acordo de cotas diminui importação de brinquedos da China

Enquanto o setor de máquinas pesadas amarga grande ociosidade de produção com a concorrência dos produtos chineses, o de brinquedos apresenta recuperação este ano, devido a acordo de cotas com a China. Os dois segmentos reconhecem a competência industrial e comercial do país asiático e criticam a política brasileira nesta área. As conseqüências da entrada de produtos chineses nos dois segmentos foram debatidas nesta terça-feira (7/11/06) pela Comissão Especial contra a Invasão dos Produtos Chineses da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a pedido do deputado Paulo Cesar (PDT).

Criada em 18 de julho, a comissão aprovou nesta terça-feira um requerimento do deputado Paulo Cesar, seu relator, para que seja prorrogado seu prazo por mais 30 dias. Os deputados aprovaram ainda um requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente, que solicita uma visita à alfândega de São Borja (RS), tida como uma das que mais acolhem produtos chineses subfaturados, de acordo com relatório da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).

Redução de tarifas - Amargando uma concorrência dos produtos chineses até 50% mais baratos, o setor de máquinas e equipamentos pesados presencia um aumento de 50 vezes nas importações chinesas nos últimos seis anos. Neste período, as importações cresceram de U$ 1,7 bilhão para U$ 74 bilhões no Estado. O comércio de Minas Gerais com a China, neste segmento, mostra o desequilíbrio: em seis anos, as importações aumentaram 4.072%, enquanto o crescimento das exportações (para países diversos) não passou de 85%.

Tal situação leva gigantes do setor, como a Açoforja, uma das duas empresas no Brasil a produzir eixos de vagões ferroviários, a desativar tal produção há um ano, por não conseguir competir com os preços chineses, segundo o diretor comercial da empresa, Rodolfo Henrique Furtado. A entidade classista do segmento, Sindicato da Indústria Mecânica do Estado de Minas Gerais (Sindimec), luta para que haja uma redução ou cessação completa dos pedidos de redução tarifária ("ex-tarifário") de empresas brasileiras que importam máquinas da China e que quase sempre são atendidas pelo governo brasileiro. A informação é do presidente do Sindimec, Petrônio Machado Zica.

Abrinq consegue diminuir entrada de brinquedos

Um dos setores mais prejudicados no País com a importação dos produtos chineses, a indústria de brinquedos está conseguindo reverter o quadro de fechamento de empresas e demissão em massa. Segundo o assessor da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Franklin Veloso Neto, o empresariado se mobilizou para que Receita Federal e Polícia Federal cercassem as alfândegas onde os brinquedos entravam com preços subfaturados, como em Foz do Iguaçu e Paranaguá.

Segundo Rodolfo Furtado, o quilo do brinquedo no Brasil custa U$ 10, enquanto em algumas alfândegas o quilo entrava até por U$ 0,90. "Hoje a importação já está se aproximando de um nível mais real, a U$ 6, depois que houve uma fiscalização da Receita Federal, com 130 autuações e mais de 500 processos sobre os 280 importadores de brinquedos", informou.

Uma das sugestões do setor é de que as importações passem pelo "canal vermelho" ou pelo "cinza". Estas são as formas de fiscalização nas alfândegas, sendo que no primeiro há a conferência de documentos e produtos, e na última, também da empresa importadora. "O problema é que 80% de todas as importações entram pelo "canal verde" (a Receita aceita o que está declarado na papelada) porque não há condições materiais de fiscalização completa", acrescenta Rodolfo Furtado.

Política de governo - Para o deputado Jayro Lessa (PFL), o problema é que enquanto na China o governo banca o empresariado, no Brasil faz-se de tudo para prejudicá-lo. "O culpado não é a China, é o contrabando, a falta de fiscalização e o acordo comercial mal feito pelo Brasil", afirmou. Outro a criticar a política brasileira foi o deputado Doutor Viana (PFL), que já em outras reuniões criticou a atitude do governo brasileiro em reconhecer a China como economia de mercado, "em troca de apoio para a escolha do Brasil para o Conselho de Segurança da ONU, o que não aconteceu". O relator da comissão, deputado Paulo Cesar, agradeceu a colaboração dos convidados, afirmando que a comissão pretende entregar o relatório ao governador Aécio Neves e ao Ministro da Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan.

Empresários dos setores de malharia e hoteleiro de Jacutinga, no Sul de Minas, visitaram a comissão e aproveitaram para falar sobre o estrago das importações chinesas na cidade, antes considerada um oásis na economia mineira e hoje às voltas com o fechamento de fábricas e demissões em massa.

Além dos requerimentos citados, foi aprovado outro do deputado Dalmo Ribeiro Silva, solicitando ao governador a regulamentação da Lei 15.779, de 2004, que dispõe sobre a venda de produtos ópticos em estabelecimentos credenciados.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente; Paulo Cesar (PDT), relator; Doutor Viana e Jayro Lessa, do PFL. Também participaram da reunião Marta Lassance, da Fiemg, e Rodolfo Sala, do Sindivest.

 

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