Comissão é favorável à indicação de Adriene Barbosa para o TCMG

Após quase duas horas de sabatina, da qual participaram 14 deputados, foi aprovado parecer favorável ao nome da ex-pr...

01/11/2006 - 00:00
 

Comissão é favorável à indicação de Adriene Barbosa para o TCMG

Após quase duas horas de sabatina, da qual participaram 14 deputados, foi aprovado parecer favorável ao nome da ex-prefeita de Três Pontas, Adriene Barbosa de Faria Andrade, para o cargo de conselheira do Tribunal de Contas de Minas Gerais. A reunião da comissão especial, realizada nesta quarta-feira (1o/11/06), foi presidida pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). O parecer elaborado pelo relator, deputado Adalclever Lopes (PMDB), considerou que a candidata "demonstrou ter experiência como agente pública, e mostrou segurança, clareza e objetividade nas respostas". O parecer foi aprovado pelos cinco deputados componentes da comissão especial, e a indicação deve ser levada ao Plenário na próxima terça-feira (7).

Adriene foi interrogada inicialmente pelo relator, que lhe perguntou se considera a atuação do tribunal eficiente e suficiente para as necessidades do Estado, que mecanismos devem ser adotados para agilizar o julgamento das contas em atraso e se as atividades da Corte deveriam ser regionalizadas. A candidata respondeu que o controle de 2.200 entidades públicas estaduais e municipais produz uma quantidade imensa de documentos, cuja análise só poderá ser agilizada com investimentos pesados em sistematização e tecnologia de informação. Para atualizar os serviços ela sugeriu um mutirão, e discorda da regionalização já adotada em estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, porque seria muito onerosa.

Em seguida, o vice-presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), esclareceu que há mais de 30 anos o partido defende o preenchimento das vagas de conselheiro por concurso público, e que o Tribunal de Contas integre o Judiciário, como na Espanha. Informou que ele mesmo já havia denunciado ao Ministério Público irregularidades nas licitações para construção do anexo do tribunal, para compra de móveis e veículos. A pergunta de Durval Ângelo foi se a candidata concordava com a fiscalização do tribunal pela Assembléia. Adriene disse que concorda, porque o tribunal é órgão autônomo, mas constitucionalmente sujeito à fiscalização pela Assembléia.

Os demais membros efetivos também se pronunciaram. Dinis Pinheiro (PSDB) perguntou como o tribunal pode capacitar os administradores municipais. Ela respondeu que são oferecidos cursos de capacitação e seminários, mas que ainda é pouco. "A Escola de Contas do tribunal tem que criar cursos específicos de longa duração, não apenas seminários", propôs. Doutor Viana (PFL) solidarizou-se com a ex-prefeita de Três Pontas pelas dificuldades que um administrador enfrenta, e saudou o ingresso de uma mulher no TCMG, "contribuindo com sua percepção e inteligência para renovar aquela corte".

Deputado petista questiona critério de indicação

Depois que o presidente Dalmo Ribeiro Silva abriu a palavra aos demais deputados, Adriene foi questionada por Laudelino Augusto (PT) sobre as razões que teriam levado o governador Aécio Neves a escolhê-la, se não teria havido barganha política. A candidata explicou que havia retirado sua candidatura ao Senado "em nome dos maiores interesses do Estado", para evitar disputa de votos com outro candidato da mesma base, correndo o risco de derrota. Negou que tivesse havido troca.

Laudelino enumerou os critérios para a escolha de um conselheiro, questionando se a candidata teria os dez anos exigidos de experiência profissional e capacidade técnica, já que foi prefeita e presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) de 2001 a 2004, e formou-se em Direito apenas em 2005. "O que a senhora fazia de 1996 a 2001?", indagou. Ela respondeu que realizou 18 cursos nas áreas afetas a orçamento, gestão pública e planejamento, e encaminhou a comprovação à Mesa.

Quando o deputado petista interrogou se estaria em condições de imparcialidade para julgar as contas do atual governo, sendo esposa do vice-governador, ela respondeu negativamente. "Com certeza eu estarei impedida de fazer esse julgamento, e um auditor será indicado para a tarefa", respondeu. Laudelino Augusto denunciou ainda que Adriene Barbosa tinha sido multada em R$ 1.000,00 pelo próprio TCMG, e que contra ela pesariam duas dezenas de processos. Ela explicou que a multa foi aplicada a 793 municípios por causa de relatórios de contas divergentes, e que estava tramitando um recurso de reconsideração através da AMM. Esclareceu também que os processos eram de autoria de uma organização não-governamental de Três Pontas, pertencente a adversários políticos, e que nenhum deles tinha sido julgado.

Contas e aposentadorias antigas ainda não foram julgadas

O deputado Antônio Júlio (PMDB) defendeu que os conselheiros tenham formação política, e argumentou que as prefeituras são ótimas escolas para isso. Alberto Pinto Coelho (PP) acrescentou que os políticos não nascem com mandato, e que algum dia já foram técnicos ou especialistas. "Não vejo conflito entre técnico e político", afirmou. Antônio Júlio cobrou, no entanto, que o tribunal deixe de perder tempo com coisas antigas. "O tribunal está analisando as contas de um ex-prefeito que já morreu há 15 anos. Há casos de aposentadorias concedidas há mais de dez anos e só agora são questionadas, sem que os beneficiários tenham condições de devolver", criticou. Em resposta, Adriene disse que a solução está na tecnologia de informação.

Alertada pelo deputado Sebastião Costa (PPS) de que era necessário adquirir isenção das paixões políticas, Adriene anunciou que, se aprovada pelo Plenário, vai desfiliar-se imediatamente do seu partido, o PL. O fato de que poderá ser a primeira mulher a integrar o tribunal, e também o de ser portadora da bandeira do municipalismo, foi elogiado também pelos deputados Márcio Passos (PL), Gustavo Corrêa (PFL), do líder do Governo, Alberto Pinto Coelho, do deputado Bilac Pinto (PL) e do próprio presidente, Dalmo Ribeiro Silva.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), presidente; Durval Ângelo (PT), vice-presidente; Adalclever Lopes (PMDB), relator; Doutor Viana (PFL) e Dinis Pinheiro (PSDB). Participaram ainda os deputados Laudelino Augusto (PT), Alberto Pinto Coelho (PP), Antônio Júlio (PMDB), Bilac Pinto (PL), Gustavo Corrêa (PFL), Márcio Passos (PL), Sebastião Costa (PPS), Domingos Sávio (PSDB) e Gil Pereira (PP).

 

 

 

 

 

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