Centenário do vôo do 14-Bis é homenageado na
Assembléia
O centenário do primeiro vôo do 14-Bis, construído
e conduzido pelo mineiro Alberto Santos Dumont, foi comemorado com
solenidade na noite desta quinta-feira (26/10/06), no Plenário da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, por iniciativa do deputado
Luiz Fernando Faria (PP). Seis deputados estiveram presentes, além
de autoridades e representantes da Aeronáutica. A família de Santos
Dumont foi representada por seu sobrinho-neto, Jorge Henrique Dumont
Dodsworth, que recebeu uma placa alusiva ao feito. A placa diz que
em 23 de outubro de 1906 Santos Dumont deslumbrou o planeta ao voar
com o 14-Bis, e que o mundo nunca mais foi o mesmo desde então.
"Mais que inventor, Santos Dumont foi pioneiro,
cientista, piloto de provas e revolucionador dos meios de
transporte. Era um homem culto, elegante, poliglota, um exemplo de
integridade e altruísmo. Não patenteou nenhuma de suas invenções.
Era um pacifista, mas viu seu invento tornar-se artefato de guerra.
Para honrar seu nome, o Brasil deveria incentivar com todos os
recursos necessários os estudos de tecnologia, de forma que tenhamos
novos feitos científicos e tecnológicos para comemorar", discursou
Luiz Fernando Faria.
A cerimônia foi abrilhantada por números musicais
apresentados pela banda Asas de Minas, da Aeronáutica, e pela
simulação do vôo do 14-Bis, miniatura conduzida pelo Plenário por
uma manipuladora do grupo Catibrum. Foi exibido também um vídeo
sobre a façanha do mineiro.
O primeiro orador oficial do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais, Guaraci de Castro Nogueira, pesquisou a
genealogia do herói da aviação até seus pentavós portugueses, e
informou que Alberto se orgulhava do sobrenome Santos tanto quanto
do Dumont. Nogueira revelou que o pai do inventor, Henrique Dumont,
foi um dos homens mais ricos do Brasil, com uma fazenda em São
Paulo, onde plantara 5 milhões de cafeeiros, e que custeou
generosamente os estudos e os inventos do filho na França.
Vôo dos irmãos Wright não foi documentado
Nogueira relatou passo a passo o desenvolvimento da
aviação pelo inventor nascido em Palmira, e criticou apaixonadamente
a tentativa dos norte-americanos irmãos Wright de usurpar o
pioneirismo do vôo. "O vôo do 14-Bis aconteceu na frente de milhares
de pessoas na cidade mais importante do mundo, foi filmado,
fotografado e medido pelo Aeroclube de Paris. O pretenso vôo dos
irmãos Wright não foi testemunhado por ninguém", informou. De fato,
a réplica do avião dos Wright fracassou diante do presidente Bush no
final de 2003, enquanto a réplica do 14-Bis descreveu um vôo
perfeito na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último
domingo (22).
Santos Dumont nasceu em Palmira em 20 de julho de
1873, sexto dos oito filhos de Henrique Dumont. Em 1891 acompanhou a
família a Paris, onde estudou e interessou-se por balonismo e
motores a explosão. Em 1901 ganhou o prêmio Deustch ao circundar a
Torre Eiffel com seu dirigível nº 6. Em 23 de outubro de 1906 provou
com o 14-Bis que era possível voar com um aparelho mais pesado que o
ar. Seu último avião, o Demoiselle, foi o precursor dos ultraleves e
seus planos foram cedidos desinteressadamente a quem quisesse
construí-los. Mais de 30 foram vendidos. Inventou também o relógio
de pulso e o chuveiro a gás. De regresso ao Brasil, foi morar em
Petrópolis, onde construiu a casa A Encantada. Depauperado pela
esclerose múltipla, suicidou-se aos 59 anos, sem deixar
descendentes.
Presenças - Deputados Luiz
Fernando Faria (PP), presidente; Gil Pereira (PP), Bilac Pinto (PL),
Carlos Gomes (PT), Djalma Diniz (PPS) e a deputada Jô Moraes
(PCdoB), além de Jorge Henrique Dumont Dodsworth, sobrinho-neto de
Santos Dumont; Aluísio Pimenta, assessor especial do governador
Aécio Neves; desembargadora Selma Marques, representante do Tribunal
de Justiça de Minas Gerais; brigadeiro-do-ar Antônio Franciscângelis
Neto, comandante do CIAAR; Peter Chaves, vice-prefeito de Santos
Dumont; vereador Rinaldo Ferreira do Carmo, vice-presidente da
Câmara Municipal de Santos Dumont; vereador Geraldo Félix,
representante da Câmara Municipal de Belo Horizonte; Major Audie,
representante da 4ª Região Militar; Carlos Alberico Villar, cônsul
do Uruguai em Belo Horizonte; Marco Aurélio Baggio, presidente do
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; Mônica Castelo
Branco Henrique, coordenadora do Museu Casa Natal de Santos
Dumont.
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