Ônibus suplementar reclama de reembolso de bilhetagem eletrônica

Atrasos que chegam a 42 dias no repasse do dinheiro da bilhetagem eletrônica aos permissionários de ônibus suplementa...

20/09/2006 - 00:00
 

Ônibus suplementar reclama de reembolso de bilhetagem eletrônica

Atrasos que chegam a 42 dias no repasse do dinheiro da bilhetagem eletrônica aos permissionários de ônibus suplementares provocaram afluência em massa da categoria à audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na tarde desta quinta-feira (20/9/06), realizada a requerimento da deputada Lúcia Pacífico (PSDB).

Representantes da BHTrans, da cooperativa Coopervans, do Sindicato dos Permissionários Autônomos do Transporte Suplementar de Passageiros (Sindipautras) e do Consórcio Operacional do Sistema de Bilhetagem Eletrônica SBE/BH (Transfácil) atenderam ao convite da comissão e prestaram esclarecimentos aos deputados sobre os termos dos contratos e sobre os problemas que afetam o serviço, como as taxas de administração, roubo ou perda de cartões e fraudes contra o sistema.

Segundo os depoimentos, o sistema de bilhetagem eletrônica é vantajoso para os permissionários porque podem prescindir dos cobradores e evitar carregar grandes somas, que seriam atrativos para assaltantes. No entanto, o deputado João Leite (PSDB) e a deputada Lúcia Pacífico entenderam que o sistema acaba sendo mais interessante para a Transfácil, que recebe à vista e demora a repassar os valores.

No final do dia, a féria eletrônica é recolhida em forma de log por um palmtop, e enviada à Coopervans. Esta, por sua vez, totaliza os logs das 286 linhas e os envia à Transfácil, que deduz os impostos (Pis e Cofins) e sua taxa de administração, e repassa os valores à Coopervans, num prazo contratual máximo de 9 dias. A cooperativa retira 3,5% de taxa de administração e credita aos permissionários o saldo, num prazo que teria que ser de três dias. Em média, de uma passagem de R$ 1,85, o permissionário recebe R$ 1,38.

Sindicalistas denunciam falhas no sistema

As principais divergências sobre esses fluxos foram apresentadas pelos sindicalistas Edson Cleiton Dornelas e Maurício dos Reis. Para eles, o atraso médio do repasse é de 21 dias, e em alguns casos chega a 42 dias. Cada motorista faz um controle paralelo anotado em planilha e raramente algum deles não tem reclamações contra a totalização da Transfácil em seu desfavor. Também a Coopervans, apesar de ter reajustado sua taxa de administração em março último, continuaria cobrando por cabos e relatórios, segundo denúncia dos sindicalistas.

Outra denúncia de Reis e Dornelas foi sobre a dificuldade do próprio Conselho Fiscal da Coopervans em conseguir informações da diretoria da cooperativa. "Existe uma caixa preta. As prestações de contas previstas no contrato não estão sendo feitas", afirmou Maurício Reis. Dornelas perguntou se haveria alguma cláusula contratual que impede a Transfácil de depositar diariamente na conta do permissionário. Luiz Cláudio Rocha, da Transfácil, esclareceu que o sistema não funciona on-line, e que o prazo dá segurança para averiguar possíveis fraudes e bloquear créditos no caso de perda ou furto de cartões dos usuários.

Cássio Luiz Costa Almeida, da BHTrans, observou que os contratos que criaram os serviços de ônibus suplementares são pioneiros no Brasil, e por isso estão sujeitos a falhas, as quais podem ser corrigidas. Dornelas questionou se eles seriam permissionários ou sub-concessionários. Almeida esclareceu que a BHTrans é a concessionária do transporte público, que a Coopervans é sub-concessionária e que os motoristas proprietários dos ônibus suplementares são permissionários, mas que essas denominações em nada alteram suas obrigações, direitos e deveres.

Requerimentos - O deputado João Leite apresentou requerimento pedindo cópias dos contratos da Coopervans com a Transfácil, com anexos e alterações. Disse que a seguir pretende fazer audiência pública para aprofundar o conhecimento sobre a relação da Prefeitura de Belo Horizonte com o sistema de transporte público, e qual é a dívida hoje existente. "Parece-me que esses contratos mostram um casamento ruim", opinou o deputado.

Da deputada Lúcia Pacífico, foi aprovado requerimento de nova audiência pública com a participação de representante do Ministério Público Estadual, para discutir o contrato entre a Transfácil e a Coopervans, e desta com os permissionários.

Presenças - Deputada Lúcia Pacífico (PSDB), vice-presidente; deputado João Leite (PSDB) e deputada Maria Olívia (PSDB). Além dos já citados, participaram também Carlos Alberto Diniz, coordenador da Coopervans; e Jésus Ferreira de Melo, permissionário da linha S64, Circular Venda Nova.

 

 

 

 

 

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