Viúva participa de homenagem a Paulo Freire no Plenário da ALMG
Dando continuidade às homenagens da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais na Semana Paulo Freire, foi realizada
nesta terça-feira (19/9/06) uma Reunião Especial em homenagem ao
educador. O Plenário ficou tomado por professores, alunos,
autoridades, além de familiares e amigos de Paulo Freire, que
completaria 85 anos se estivesse vivo. Ele foi representado na
reunião por sua viúva, Ana Maria Araújo Freire, também educadora e
escritora, que recebeu uma placa comemorativa do Legislativo
mineiro. Antes da Reunião Especial, integrantes da ONG "Circo de
Todo Mundo" apresentaram números circenses. Também na ALMG, começou
na segunda-feira (18), a exposição "Paulo Freire - Educar para
Transformar", que pode ser visitada até sexta-feira (22).
"Método revolucionário" - O 2º vice-presidente
da ALMG, deputado e professor Rogério Correia (PT), resumiu a
importância da vida e obra de Paulo Freire. "Ele nos legou, por
meios pacíficos, um método revolucionário que não sacrifica vidas,
mas liberta pessoas, garantindo sua dignidade," afirmou. Correia
lembrou que o autor da "Pedagogia do Oprimido" e outras obras
(traduzidas para quase 20 idiomas) tornou-se Doutor Honoris
Causa de 27 universidades no mundo,
e foi considerado pela Unesco o "Educador dos Continentes". O
deputado destacou que o pernambucano Paulo Freire se inspirou na
realidade nordestina para criar um trabalho educativo rápido,
barato, usando elementos do ambiente dos educandos, aplicável a
grande número de pessoas.
Emocionada, a viúva do educador nascido em Recife,
Ana Maria Araújo Freire, disse que se julgava uma privilegiada, por
ter vivido com Paulo Freire. "Sempre algo em torno dele me emociona,
pela história de vida que eu tive junto a Paulo Freire", disse. Ana
Maria relatou que quando tinha 52 anos, casou-se com Freire e viveu
dez anos com ele, até sua morte, em 1997. "Compartilhamos
cumplicidade, amizade e sensualidade em dez anos de uma vida muito
feliz".
Secretária valoriza herança de Paulo Freire
A secretária de Estado de Educação, Vanessa Pinto
Guimarães, disse que, como pedagoga e professora emérita da UFMG,
sentia-se à vontade para expressar sua admiração por Paulo Freire.
"Nossa geração completou seus estudos na década de 60, quando
tínhamos uma influência muito grande dele. Somos todos herdeiros de
Paulo Freire", resumiu. Para ela, a maior contribuição de Freire foi
a de considerar cada aluno como um sujeito no processo educativo, e
não como massa.
Ainda durante a homenagem, foi apresentado um
trecho do documentário "Paulo Freire - Educar para Transformar",
cedido pela Fundação Banco do Brasil, com o depoimento de uma aluna
que aprendeu pelo método do educador. O Grupo de Orquestra Musiarte
executou o Hino Nacional e as músicas "Caçador de mim" e "Con te
partiro".
Também compuseram a mesa na Reunião Especial: a
vereadora Neila Batista (PT), representando a Câmara Municipal de
Belo Horizonte; a secretária adjunta de Educação de Belo Horizonte,
Gilca Maria Oliveira; e a juíza Sandra Alves de Santana e Fonseca.
Circo de Todo Mundo -
Antes da Reunião Especial, seis crianças e adolescentes, artistas do
Circo de Todo Mundo, apresentaram números de dança e de malabarismo,
no Hall das Bandeiras da ALMG. O espetáculo fez parte das homenagens
a Paulo Freire.
O circo é uma organização não-governamental (ONG),
que segue a linha teórica de Paulo Freire - "educar através da arte"
- e atende, por dia, cerca de 400 crianças e adolescentes de seis a
18 anos da Capital mineira. A ONG, que existe há 15 anos, conta com
a "Sala do Saber Paulo Freire", um espaço de estudo, leitura, cursos
de computação e jogos de entretenimento. Segundo a instrutora de
equilibrismo Margarida Monteiro que já foi aluna do circo, as
técnicas circenses são um meio para chegar até a criança e o
adolescente com o objetivo de transformá-los em cidadãos.
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