Comissão conhece projeto de exploração sustentável da candeia

Projetos de exploração sustentável da candeia, que garantam a subsistência dos agricultores, e soluções para a realiz...

13/09/2006 - 00:00
 

Comissão conhece projeto de exploração sustentável da candeia

Projetos de exploração sustentável da candeia, que garantam a subsistência dos agricultores, e soluções para a realização de uma fiscalização mais efetiva do corte da planta foram debatidos, nesta quarta-feira (13/9/06), na reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi solicitada pelos deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, e Doutor Ronaldo (PDT), diante de denúncia apresentada pelo presidente da Associação de Proteção e Educação Ambiental do Vale da Serra dos Garcias, Valmor Amorim, de que a presença de indústrias farmacêuticas na região de Aiuruoca estaria incentivando o corte das candeias de maneira prejudicial à preservação da planta.

A candeia é uma planta típica da região do cerrado e possui um grande interesse comercial, já que seu óleo é matéria-prima para a produção de cosméticos. O diretor de Controle e Fiscalização do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Júlio Silva de Oliveira, afirmou que o órgão, em parceria com o Ibama e outras instituições, como a Universidade Federal de Lavras (Ufla), já vem, há algum tempo, desenvolvendo ações com o objetivo de controlar o corte clandestino da candeia e promover sua exploração sustentável. "Em relação à fiscalização, estaremos em breve iniciando, em conjunto com os outros órgãos de defesa do meio ambiente, uma intensificação do controle do uso irregular da candeia, sendo que a nossa preocupação atual é o combate da clandestinidade antes que o corte da planta aconteça", destacou.

Júlio Silva de Oliveira explicou que o combate à exploração clandestina da candeia teve início em 1997, quando o IEF passou a investigar denúncias de que a planta estaria sendo dizimada. A partir daí, o IEF procurou incentivar o desenvolvimento de projetos de manejo sustentável da candeia, com o objetivo de garantir que a exploração ocorra sem a extinção da espécie.

Manejo sustentável - A Ufla foi então responsável pelo desenvolvimento de pesquisas em torno do manejo sustentável da candeia. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e professor em Manejo Florestal da Ufla, José Roberto Soares Scolforo, a universidade procurou estudar os mecanismos para desenvolvimento de uma exploração sustentável que garantisse a preservação da planta.

Para tanto, inicialmente foi realizado um levantamento com agricultores da região de Carrancas, Baependi, Morro do Pilar e Barão de Cocais, verificando o seu interesse na exploração da planta. "Hoje, após mais de cinco anos de pesquisas, a técnica que desenvolvemos vem garantindo que os agricultores explorem a candeia sem nenhum risco de extinção", afirmou. Segundo o professor, ao cadastrar agricultores para o desenvolvimento do manejo sustentável, a Ufla, em parceria com o IEF e com o Ibama, vem contribuindo para a diminuição da clandestinidade na exploração da candeia.

O deputado Laudelino Augusto elogiou o trabalho de pesquisa desenvolvido pela Ufla, por permitir que o agricultor explore a candeia sem prejudicar o meio ambiente. Para ele, a universidade está no caminho certo, mas ainda há muito a fazer para garantir que os recursos naturais sejam explorados de maneira sustentável. Já o deputado João Leite (PSDB) destacou que é essencial a elaboração de uma legislação específica sobre a origem da madeira. "Nós nos preocupamos com o manejo e a exploração, mas esquecemos de investigar e catalogar a origem da madeira. Se isso for feito, iremos promover a sustentabilidade da utilização da candeia", destacou.

Fiscalização deve focar as indústrias extratoras do óleo

O diretor-presidente da empresa Atina S.A., Eduardo Roxo Nobre, defendeu que a fiscalização exercida pelo IEF e pelos outros órgãos ambientais ocorra principalmente nas indústrias que exploram a candeia para extrair o óleo. Para ele, um maior controle sobre as indústrias, verificando a origem da madeira utilizada, irá levar ao fim do corte clandestino da planta. "Uma ação que poderia contribuir para a melhoria da fiscalização seria, por exemplo, o cruzamento das informações prestadas pelas empresas de quanto elas declaram que consomem de madeira e com a quantidade declarada de óleo vendido", sugeriu. Para cada tonelada de óleo extraído são necessários 100 metros cúbicos de madeira.

Segundo Eduardo Roxo Nobre, atualmente os agricultores e as indústrias possuem vários mecanismos para burlar a fiscalização. Entre eles, estaria a utilização da mesma documentação com a autorização para exploração para cargas sucessivas de madeira, acobertando o volume de candeia explorado. Outro elemento que dificulta o controle é o fato de existirem indústrias de outros estados, como São Paulo e Bahia, sob as quais o IEF não tem como exercer sua fiscalização. Para ele, seria necessário que o IEF procurasse desenvolver ações de controle em conjunto com os órgãos de fiscalização dos outros estados.

Diante dessas sugestões, o deputado Laudelino Augusto afirmou que posteriormente irá apresentar requerimentos solicitando que os órgãos de controle ambiental realizem um trabalho de fiscalização através do cruzamento de dados sugerido pelo empresário.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão; e João Leite (PSDB). Também participaram da reunião o reitor da Ufla, Antônio Nazareno Guimarães Mendes, o chefe da Área de Proteção Ambiental (Apa) Serra da Mantiqueira, Clarismundo Benfica, e o engenheiro da Apa, Virgílio Dias Ferraz.

 

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