Assembléia e Ceasa discutem medida provisória para setor

A necessidade de criação de regras específicas de licitação pública para o setor de abastecimento foi o principal con...

23/08/2006 - 00:00
 

Assembléia e Ceasa discutem medida provisória para setor

A necessidade de criação de regras específicas de licitação pública para o setor de abastecimento foi o principal consenso alcançado na reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (23/8/06). Parlamentares, a direção da CeasaMinas e comerciantes decidiram preparar uma proposta comum de uma medida provisória a ser encaminhada e discutida com o governo Federal e o Congresso, a fim de afastar a ameaça de desorganização do setor.

O deputado Padre João (PT), presidente da Comissão, ressaltou a necessidade de se concluir uma proposta conjunta, antes de marcar qualquer audiência com a Secretaria da Presidência da República e ministérios do Planejamento e da Agricultura. "Se cada um chegar falando uma coisa, já começamos meio derrotados. Esse não é um problema da Ceasa, mas de todo o povo mineiro, e até do País", afirmou o parlamentar.

Há um ano, desde que o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou irregulares as formas de concessão adotadas pela CeasaMinas, os cerca de 600 comerciantes que lá atuam ficaram sem qualquer garantia legal de que poderão continuar suas atividades. Segundo informações da Associação Comercial da Ceasa (ACCeasa), diversas empresas já retiraram total ou parcialmente seus estabelecimentos da Ceasa, tais como Villefort, Tambasa e Supergiro. Outras paralisaram seus investimentos, ameaçando a preservação de cerca de 15 mil empregos diretos gerados por toda a instituição. "Não podemos mais ficar nessa paralisia", afirmou o chefe do Departamento Técnico da CeasaMinas, Gilson Neves.

A exigência do TCU, segundo acórdão publicado em 17 de agosto de 2005, é que sejam devolvidas pelos comerciantes todas as lojas já ocupadas, para que sejam licitadas. A própria direção da Ceasa considera a medida inexeqüível, pois causaria a paralisação e desagregação imediatas de um setor essencial para a economia mineira, o abastecimento. Por esse motivo, a empresa, que hoje pertence majoritariamente à União, entrou com um embargo junto ao próprio TCU, que suspendeu temporariamente a exigência. O medo dos comerciantes é que, diante da demora para se chegar a uma solução, a decisão do TCU se torne definitiva, tornando inevitáveis os transtornos.

PIB da Ceasa se equipara ao de Uberaba

Criada em 1974, a CeasaMinas foi incorporada pelo governo Federal em 2000. Os números apresentados pela empresa fazem pensar sobre o problema que traria para o Estado sua desorganização. São 600 empresas instaladas, 4,5 mil clientes que consomem produtos de 400 municípios brasileiros e do Mercosul. Os empregos diretos estimados são 15 mil, e o faturamento chega a R$ 260 milhões mensais, equivalentes a um Produto Interno Bruto de uma cidade do porte de Uberaba. O perigo alarmou os deputados da Comissão de Política Agropecuária. "Vamos levar ao TCU essas reivindicações de uma forma mais enérgica. Isso não pode ficar para depois da eleição, é uma emergência", afirmou o deputado Doutor Viana (PFL).

Ex-presidente da CeasaMinas, o deputado Edson Rezende (PT) defendeu que se busque o apoio da Confederação das Centrais de Abastecimento para a proposta de reorganização legal do setor, já que a medida teria que ser implantada nacionalmente, uma vez que a empresa hoje é federal. Já o deputado Marlos Fernandes (PPS) comemorou o consenso entre comerciantes e a direção da Ceasa a respeito da necessidade de mudar a legislação. "Não há lados diferentes nessa questão. Não podemos permitir que isso se arraste por mais tempo", afirmou o parlamentar.

Até agora, todos os comerciantes que atuam na Ceasa vinham operando com base em concessões provisórias, que podiam ser transferidas sem licitação e prorrogadas por tempo indeterminado. Grande parte delas previa que a concessão do espaço obedeceria ao prazo de três anos, sendo renovada automaticamente se o comerciante cumprisse todas suas obrigações. O TCU não reconhece essas renovações, e considera tais concessões encerradas. O presidente da CeasaMinas, Amarildo de Oliveira, disse que está disposto a se unir aos comerciantes em busca de uma solução, mas advertiu que não tem alternativa senão cumprir a lei. "Estamos diante de uma situação que nos coloca de pés e mãos atados", afirmou.

Comerciantes protestam contra novas regras

Ao mesmo tempo que tenta retardar a aplicação das exigências do TCU, a direção da CeasaMinas vem implantando novas regras em licitações mais recentes, envolvendo espaços não ocupados, como o Pavilhão 4 ou o Pavilhão Ceasa Shopping. Durante visita dos deputados estaduais à entidade, pela manhã, o presidente da ACCeasa, Márcio Antônio Ferreira, afirmou que os comerciantes se opõem especialmente à elevação do aluguel e ao prazo oferecido para utilização do espaço. "Não somos contra a licitação. Queremos regras claras, sem privilégio. Mas as regras que estão sendo implantadas hoje só estão gerando insegurança e falta de investimento", afirmou o dirigente. Participaram da visita à ACCeasa os deputados Padre João, Marlos Fernandes e Doutor Viana.

Nas novas licitações, o aluguel do metro quadrado, segundo informações da ACCeasa, passaria de R$ 6,66 para R$ 20. A concessão seria por 25 anos, mas em caso de transferência, o comerciante perderia o direito a 20% do valor a cada cinco anos. Esse valor iria para a Ceasa, caso o empresário decidisse transferir a concessão. A proposta da ACCeasa é que a concessão seja por 25 anos, com possibilidade de renovação. Eles citam exemplos de outros países, onde se prevêem prazos semelhantes ou até mais longos, como Portugal (25 anos), França (28 anos), Itália (50 anos) e México (100 anos).

Presenças - Deputado Padre João (PT), presidente; deputado Marlos Fernandes (PPS), vice-presidente; deputados Doutor Viana (PFL) e Edson Rezende (PT). Participaram também o prefeito municipal de Lagoa Santa e presidente do Conselho da ACCeasa, Rogério Avelar; o vice-presidente da ACCeasa, Euler Costa; o jurista Vicente de Paula Mendes; o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Belo Horizonte e Contagem, Marius Cury; e demais autoridades citadas na matéria.

 

 

 

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