Cresce incidência de câncer de mama no Estado
O medo e a falta de iniciativa da mulher para fazer
a prevenção contribuem de forma decisiva para o aumento de casos de
câncer de mama. A afirmação é do diretor do Hospital Alberto
Cavalcanti, Alcy Moreira, que participou de audiência pública da
Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta
quarta-feira (23/8/06). A reunião teve como objetivo discutir
propostas para a criação de uma política de combate e prevenção da
doença. Participaram do encontro representantes das secretarias
Municipal e Estadual de Saúde, diretores de hospitais públicos e
coordenadores de programas de prevenção ao câncer de mama. A reunião
foi feita a pedido dos deputados Adelmo Carneiro Leão (PT) e Carlos
Pimenta (PDT).
De acordo com o presidente da Associação de
Prevenção ao Câncer na Mulher, Thadeu Resende Provenza, o número de
casos vem aumentando no Estado a cada ano. Somente em 2005, foram 46
mil novos registros. De 1979 até 2000, o aumento foi de 80,3%. Para
tentar solucionar o problema, a associação em parceria com a
sociedade civil, entidades públicas e privadas, criou o Programa
Mamamiga, já implantado nas cidades de Santa Luzia e Contagem. Em
Belo Horizonte, o programa funciona há 20 anos, na maternidade Odete
Valadares, realizando exames gratuitos de prevenção. Thadeu Provenza
entregou uma cópia do Programa Mamamiga ao presidente da comissão,
deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), e pediu apoio na implementação
do projeto em mais nove municípios mineiros.
Na opinião do responsável pela Coordenadoria do
Programa de Combate ao Câncer de Colo de Útero e Mama da Secretaria
de Estado da Saúde, Sérgio Martins Bicalho, o modelo assistencial
deve ser reavaliado. "Não existe medicina preventiva em hospitais
públicos; as pessoas somente são atendidas quando já estão doentes",
observou. Ele disse que a secretaria possui atualmente projetos de
reestruturação da saúde no Estado que estão sendo implantados em 75
microrregiões. Sérgio Bicalho lembrou também que o primeiro programa
da Secretaria para controle de câncer de mama e de colo de útero foi
criado em 1998.
A diretora do Hospital Odete Valaddares, Lúcia
Elisa Prado, disse que o hospital trabalha com capacidade
operacional abaixo do que pode ofertar. Das 700 mamografias que
estão disponíveis por mês, somente 300 são realizadas. Na opinião
dela, o maior problema são as próprias mulheres que não fazem exames
de prevenção. "Em Belo Horizonte, existem oito hospitais que
oferecem esse tipo de serviço e nenhum deles trabalha com a
capacidade plena", lamentou a diretora.
O diretor do Hospital Alberto Cavalcanti e
representante da Fhemig, Alcy Moreira, também acredita que falta
iniciativa por parte das mulheres. Na opinião dele, uma maneira de
estimular é por meio da realização de campanhas educativas. Ele
destacou também que o medo é outro desafio a ser vencido.
"Precisamos implementar ações que mostrem que o câncer tem cura para
acabar com o mito", observou. Alcy lembrou ainda que a criação de um
centro de alta complexidade para tratamento do câncer pode
contribuir para reduzir o índice da doença.
O coordenador do programa Viva a Vida, um dos
projetos da Secretaria da Saúde, Francisco Tavares, disse que já
estão sendo implantados 27 centros de referência voltados para a
saúde da criança e da mulher nas microrregiões do Estado. O
coordenador da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde de
Belo Horizonte, Virgílio Queiroz, destacou que a Secretaria está
avaliando e capacitando os 16 mil profissionais da saúde que
trabalham na prevenção do câncer de mama. Já o representante da
reitoria da UFMG, Washington Cançado Amorim lembrou que a
articulação entre estados, municípios e universidades é fundamental
para realização de exames com diagnóstico precoce.
O presidente da comissão, deputado Adelmo Carneiro
Leão (PT), disse que a Assembléia de Minas vai participar da luta
contra o câncer de mama. Para ele, dois dos maiores desafios são a
implementação de uma política estadual de saúde mais efetiva e a
criação de campanhas para conscientizar sobre a importância da
prevenção. Ele defendeu uma melhor qualificação, pelas escolas
públicas de saúde, de todos os servidores do setor - agentes e
médicos.
O deputado Laudelino Augusto (PT) sugeriu a
realização de um ciclo de debates para conhecer e avaliar políticas
públicas de combate ao câncer em Minas Gerais e no Brasil; o acesso
aos tratamentos; as novas tecnologias e os investimentos públicos e
privados na busca de solução e de prevenção da enfermidade. O
deputado Carlos Pimenta (PDT), vice-presidente da comissão, destacou
a importância da criação e da implementação de projetos para a
prevenção do câncer na mulher. O secretário de Estado para Assuntos
de Reforma Agrária, Márcio Kangussu, também estava presente.
Presenças - Deputados
Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta;
vice-presidente; Doutor Ronaldo (PDT); Laudelino Augusto (PT);
Weliton Prado (PT).
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