Aprovado documento final do Seminário "Segurança para todos"

Prioridade para as ações preventivas, com atenção especial para a juventude, necessidade de envolvimento de toda a so...

23/08/2006 - 00:00
 

Aprovado documento final do Seminário "Segurança para todos"

Prioridade para as ações preventivas, com atenção especial para a juventude, necessidade de envolvimento de toda a sociedade na implementação de políticas públicas de segurança, garantia de recursos orçamentários para a área de defesa social, integração entre as polícias e demais instituições do sistema de justiça criminal e valorização e capacitação dos profissionais envolvidos. Essas são as principais diretrizes do documento final do Seminário Legislativo "Segurança para todos - propostas para uma sociedade mais segura", aprovado na manhã desta quarta-feira (23/8/06). O seminário, que durou três dias e foi promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais em parceria com mais de 30 entidades, contou com a participação de cerca de 500 inscritos e foi precedido de encontros regionais em Uberlândia, Contagem, Governador Valadares, Juiz de Fora, Pouso Alegre e Montes Claros.

A plenária final foi presidida pelo deputado Edson Rezende (PT), que, juntamente com o deputado Sargento Rodrigues (PDT), coordena a Frente Parlamentar pela Segurança Pública. O documento final, contendo 71 propostas sistematizadas pelos grupos de trabalho e listando, entre essas, as 20 consideradas prioritárias pelas votações na plenária, servirá de subsídio para ações de governo e para iniciativas parlamentares. Uma comissão de representação irá acompanhar os desdobramentos do seminário e o encaminhamento das propostas aprovadas.

Para o deputado Sargento Rodrigues, o seminário foi um importante momento do parlamento mineiro e, segundo ele, após os trabalhos, os envolvidos terão a missão de levar à frente as sugestões surgidas no encontro. "O seminário amadurece muitas propostas para as políticas públicas de segurança, e ressalto a intensa participação da sociedade civil nos debates", disse o deputado. Ele informou que muitas das propostas poderão virar projetos de lei para serem analisados pela Assembléia.

O deputado Edson Rezende destacou o empenho de todos na preparação do seminário, "fruto de vários meses de trabalho, reflexões, troca de idéias e de experiências". Para ele, as sugestões representam "uma importante contribuição para o avanço na construção de políticas públicas consistentes para combater a violência e a criminalidade no Estado". Rezende informou que a Assembléia vai se comprometer a encaminhar o conjunto de propostas a todos os órgãos do Poder Executivo, do Judiciário e do Ministério Público

Ações preventivas e envolvimento da sociedade

Entre as propostas que visam a prevenção da violência e o envolvimento da sociedade na implementação e fortalecimento de políticas públicas de segurança, o documento final destaca a necessidade de aperfeiçoamento das relações entre escola, polícia e comunidade, de modo a afastar os jovens da criminalidade. O estímulo e apoio a iniciativas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e o programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), de educação e prevenção contra o uso de entorpecentes, também está entre as propostas aprovadas. Também consta do documento a defesa da implantação de um sistema estadual e de sistemas municipais de notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes, em atenção ao que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Outra proposta aprovada foi a valorização dos Conselhos de Segurança Pública (Conseps) e sua disseminação em todos os municípios, como estratégia eficiente de envolvimento da sociedade e das administrações municipais nas questões de segurança pública. Os participantes também endossaram a necessidade de programas eficientes de apoio e tratamento aos usuários de drogas lícitas e ilícitas e de se garantir assistência de qualidade, por parte do Estado, aos trabalhos dos Conseps.

Financiamento do sistema

No que diz respeito ao financiamento do sistema de segurança pública, foram aprovadas propostas como a criação de um fundo estadual único, suplementar aos gastos efetivados pelo Tesouro, que se destine exclusivamente a custeio e investimento, excetuando-se gastos com pessoal, com vinculação na destinação dos recursos para o sistema de defesa social e com possibilidade de apresentação de projetos pela sociedade civil organizada e pelo poder público municipal. A plenária também aprovou que haja previsão, em lei, do não-contingenciamento dos recursos destinados aos órgãos de segurança, de modo a assegurar a continuidade dos serviços prestados à população, além da garantia de aumento orçamentário para custeio proporcional aos gastos efetivados com investimentos, nas unidades que os receberem.

Entre as demais propostas estão a criação de um núcleo comum de planejamento das ações de defesa social na capital e de núcleos descentralizados nas diversas regiões do Estado; fomento à criação de fundos municipais de segurança pública; estabelecimento, na Constituição Estadual, de um percentual mínimo do orçamento a ser destinado à segurança, a exemplo do que já ocorre com a educação e a saúde; e a busca de formas de financiamento para estruturar e manter em funcionamento os conselhos de segurança pública.

Justiça criminal e compartilhamento da informação

Com relação à atuação integrada das polícias Militar e Civil, do Ministério Público, do Judiciário e da Defensoria Pública, de modo a aperfeiçoar o sistema prisional e a execução penal, os participantes do seminário aprovaram propostas como intensificação das ações integradas que visem efetivar o princípio da humanização das penas; criação e formatação de um banco de dados que possa ser compartilhado pelas forças policiais estadual e federal e pelos bombeiros; e implementação efetiva da titularidade da assistência judiciária, com dotação orçamentária compatível e criação do serviço de plantão para casos de flagrante e urgência, celebrando-se convênios com instituições de ensino.

Outra proposta refere-se à criação de vagas exclusivas para presos provisórios, extinguindo-se as carceragens em delegacias e viabilizando mecanismos para agilizar os processos para decisão da situação desses presos. Também foi aprovada a sugestão de que o Estado viabilize, urgentemente, a implantação de casas de albergados e programas de penas alternativas em todas as comarcas, com o envolvimento da sociedade civil e dos municípios.

Administração de recursos humanos

Entre as propostas do grupo que tratou da administração de recursos humanos do sistema de justiça criminal, de modo a proporcionar capacitação profissional, treinamento e valorização das diversas categorias que lidam com a questão da segurança, estão a transformação do atual nível médio das carreiras estritamente policiais da Polícia Civil em nível superior; garantias, aos delegados de polícia, nos mesmos moldes dos defensores públicos, procuradores do Estado, promotores de Justiça e juízes de Direito; e retorno do delegado de polícia nas carreiras jurídicas.

Também foi aprovada a reivindicação de valorização remuneratória das carreiras envolvidas, com a fixação de subsídio e valores compatíveis com a natureza de suas atribuições; bem como a criação ou ampliação de um quadro de servidores civis para o exercício de atividades administrativas nas polícias Militar e Civil, no Corpo de Bombeiros e na Defensoria Pública.

Comissão de Representação

Para acompanhar os desdobramentos do seminário e fiscalizar a implantação das propostas definidas, a plenária aprovou a criação de uma comissão de representação composta por representantes de 24 entidades, entre elas, polícias Militar e Civil, Defensoria Pública, Ministério Público, Conseps, Apacs, Câmaras Municipais, Tribuna de Justiça, Associação de Delegados de Carreira, UFMG, Corpo de Bombeiros, Secretarias da Educação e da Defesa Social. O documento vai ser encaminhado a diversos órgãos estaduais e federais.

 

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