Empresários cobram apoio da Gasmig para o gás veicular

A crise do mercado de gás natural veicular (GNV) foi o assunto debatido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e d...

22/08/2006 - 00:00
 

Empresários cobram apoio da Gasmig para o gás veicular

A crise do mercado de gás natural veicular (GNV) foi o assunto debatido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nessa terça-feira (22/8/06), com a presença de empresários do setor e representantes da Gasmig. Desde a ameaça de corte do fornecimento de gás natural ao Brasil feita pelo governo da Bolívia, em maio de 2006, reduziu-se drasticamente o número de conversões de motores para o consumo de gás combustível em Minas Gerais, provocando redução das vendas dos postos e fechamento das empresas conversoras.

Autor do requerimento para realização da reunião e presidente da comissão, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) cobrou uma ação do governo do Estado para restituir a confiança aos consumidores. "As empresas que estavam fazendo a conversão estão quebrando. Esperamos uma resposta do governo do Estado e da Gasmig", afirmou o parlamentar.

De acordo com representantes da Associação Mineira dos Revendedores de Derivados de Petróleo e de Gás Natural Veicular (Amir), o número de empresas aptas a realizar as conversões de motores para o GNV reduziu-se, nos últimos três anos, de cerca de cem para aproximadamente 20. De acordo com o vice-presidente da Amir, Ciro Augusto Piçarro, foram 1.184 veículos convertidos em dezembro de 2004, e apenas mil entre junho de 2005 e junho de 2006, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ao mesmo tempo, os empresários do setor se queixam de que a Gasmig continua a incentivar a abertura de novos postos, sem levar em conta a área de influência dos postos já instalados, reduzindo ainda mais a venda média de combustível de cada estabelecimento.

O revendedor Fernando Campos, sócio-diretor da Redep/Alternativa e diretor-tesoureiro da Amir, afirmou que a crise em Minas não se repetiu em outros estados, como São Paulo, onde o número de conversões continua alto. "Isso apesar de eles serem um grande produtor de álcool combustível. Lá o álcool é mais barato, e mesmo assim o GNV está dando certo", afirmou Campos. O grande problema, na avaliação dos empresários, é que a empresa distribuidora, a Gasmig, e o governo de Minas Gerais, que possui o controle majoritário da concessionária, não souberam convencer os consumidores de que não haveria risco de desabastecimento de GNV, mesmo diante das ameaças bolivianas.

Gasmig garante suprimento de gás natural

O diretor-técnico da Gasmig, João Vilhena, que representou o diretor-presidente da empresa, Flávio Decat de Moura, garantiu que não há risco de desabastecimento em Minas. Ele ressaltou que a empresa é a única do País a ter um contrato com a Petrobras que garante o fornecimento do combustível até 2026. "É a única distribuidora do País a ter um contrato de longo prazo como esse", afirmou.

Quanto às ameaças bolivianas, Vilhena disse que elas não são efetivas. "A Bolívia não pode se dar ao luxo de deixar de vender o gás ao Brasil. Além disso, se ela deixasse de processar o gás, teria que deixar de processar o petróleo, o que não é possível fazer", afirmou o diretor. Fernando Campos ressaltou que esse esclarecimento poderia ter evitado a crise atual do setor, se tivesse sido feito publicamente pela Gasmig logo de início, quando a ministra Dilma Rousseff afirmou que o setor de gás natural não era prioritário para o governo federal.

A deputada Jô Moraes (PCdoB), que dividiu a presidência com o deputado Alencar da Silveira Jr., sugeriu que o setor buscasse o apoio do governador Aécio Neves (PSDB) para resgatar a credibilidade do mercado. "Deve-se buscar junto ao governador esse gesto político, de garantir o suprimento de gás", afirmou a parlamentar. Ela também defendeu a redução da alíquota de ICMS para o GNV, de 18% para 12%, à semelhança de outros estados, e a simplificação de medidas de autorização e inspeção das conversões de veículos movidos a GNV.

O diretor do Mercado de GNV da Amir, Konstantinos Antypas, lembrou que o gás veicular representa apenas 20% do mercado da Gasmig, uma vez que a maior parte do consumo vem da indústria. Ele questionou se não estaria faltando atenção da concessionária para esse setor. "Talvez esses 20% não representem muito para a Gasmig, mas é um mundo de gente", afirmou Antypas, lembrando o número de desempregados em empresas conversoras e postos de combustível.

O representante da Gasmig, João Vilhena, ressaltou a importância do GNV para a empresa, e disse que ela também é prejudicada pela crise do setor. Ele se queixou que não se pode apontar a Gasmig como a responsável pelos problemas, uma vez que ela também tem limitações. "Mas estamos dispostos a unir esforços para reverter esse quadro", afirmou o dirigente.

Taxistas reduzem adesão ao gás natural

A frota de táxis da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que já teve 60% de seus veículos adaptados para o gás natural, hoje reduziu esse percentual para 25%. Os números são do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários (Sincavir/MG). De acordo com seu diretor-presidente, Dirceu Efigênio Reis, a tendência é que a adesão seja cada vez menor. "Dentro de pouco tempo, posso vir aqui dizer que esse percentual é de 5%", afirmou o dirigente.

O medo de desabastecimento, segundo Reis, vem da experiência do álcool, quando os taxistas enfrentaram o mesmo problema. O excesso de burocracia, no entanto, é outro motivo forte para a desmotivação em relação ao GNV. "Hoje, quem tem o GNV precisa fazer cinco vistorias por ano, isso se não trocar o veículo. Não podemos ficar assim", queixou-se Dirceu Reis. Ele também se queixou da alíquota de ICMS, que encarece o combustível em relação ao que é cobrado em outros estados.

Outro problema é a desinformação dos servidores a respeito da própria documentação exigida por lei. Muito da dificuldade, segundo o dirigente, vem do desconhecimento dos delegados a respeito da autorização para instalação ou desinstalação do equipamento de conversão, apesar de serem eles as autoridades indicadas para concessão do documento.

Presenças - Deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT), presidente; e deputada Jô Moraes (PCdoB). Também participaram da reunião o diretor-técnico da Gasmig, Otávio Ferraz; o presidente da Associação Mineira do Gás Veicular, José Paulino Pires; e o diretor de marketing e negócios da Sermatec Compressores GNV, Márcio Pedrosa.

 

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