Política de segurança do Estado mostra resultados positivos

Apesar dos índices de criminalidade em Minas Gerais ainda serem altos, a política de segurança pública implementada n...

22/08/2006 - 00:04
 

Política de segurança do Estado mostra resultados positivos

Apesar dos índices de criminalidade em Minas Gerais ainda serem altos, a política de segurança pública implementada no Estado começa a apresentar resultados, já que, nos últimos três anos, foi constatada uma redução dos indicadores de violência. Essa é a opinião do secretário adjunto de Defesa Social, Luís Flávio Sapori, que participou, nesta terça-feira (22/8/06), do Seminário Legislativo "Segurança para Todos - Propostas para uma sociedade mais segura", promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Com o apoio de mais de 30 entidades, o seminário, que termina nesta quarta-feira (23), pretende reunir sugestões para o combate à violência. Participaram da mesa os deputados Sargento Rodrigues (PDT), que coordenou os debates, Fábio Avelar (PSC), 3o vice-presidente da ALMG, e Edson Rezende (PT). Luís Flávio Sapori participou do primeiro painel do dia - "Sistema de justiça criminal e compartilhamento da informação" - juntamente com o juiz da Vara de Execução Criminal de Belo Horizonte, Herbert Almeida Carneiro.

Segundo os dados apresentados pelo secretário adjunto, os índices de crimes violentos em Minas Gerais caíram 9,61% no primeiro semestre de 2006 em relação ao mesmo período de 2005. Ele lembrou que, na segunda-feira (21), o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Eduardo Cerqueira Batitucci, já havia apresentado esses dados no seminário, mostrando uma tendência de estabilização e queda dos índices de criminalidade a partir de 2004.

Para Luís Flávio Sapori, essa redução está diretamente ligada à política de segurança pública implementada nos últimos quatro anos em Minas Gerais. Ele explicou que, ao contrário do que é praticado no Brasil, onde as políticas de segurança são sempre reativas e apenas são aplicadas no momento de resolver uma crise, no Estado o modelo é pró-ativo, ou seja, procura antecipar o fato. "Partimos do pressuposto de que é possível reduzir as taxas de criminalidade antes de resolver os graves problemas do desemprego, desigualdade social e analfabetismo", afirmou.

De acordo com o secretário adjunto, a política pública implantada em Minas Gerais procurou atuar em quatro eixos principais: o sistema prisional, com o aumento de vagas e a modernização da gestão; o atendimento ao menor infrator; a integração policial, com a unificação das bases de informação e a implantação do boletim unificado de ocorrências policiais, entre outros; e a prevenção social da criminalidade, que tem entre suas como ações a identificação de áreas críticas de incidência de homicídios e a mobilização comunitária. Ele destacou que, para tanto, o governo estadual destinou nos últimos quatro anos R$ 450 milhões para a política de segurança pública.

Sistema prisional - Luís Flávio Sapori afirmou que o governo estadual está investindo no aumento de vagas no sistema prisional. Segundo ele, hoje Minas Gerais conta com 30 mil presos e até o final do ano já terão sido criadas 11 mil novas vagas. O secretário adjunto ressaltou que o Estado não está investindo somente na construção de penitenciárias regionais, mas também na reforma e aumento de vagas nas cadeias públicas locais e também na implantação de novas Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs).

Luís Flávio Sapori destacou que a Secretaria de Estado de Defesa Social está progressivamente assumindo a administração dos presos, que em sua maioria ainda estão sob responsabilidade da Polícia Civil. Outra ação que está sendo implantada é a modernização da gestão das unidades do sistema prisional, com a realização de auditoria. "Temos como objetivo resgatar a segurança nas unidades prisionais", afirmou.

Judiciário está alijado das inovações do sistema criminal

Mesmo com os avanços na área do compartilhamento de informações entre as polícias Civil e Militar, com a integração das duas instituições, o sistema de justiça criminal ainda padece de mais agilidade, pelo descompasso do Judiciário, que não tem participado dessa integração. A constatação foi feita pelo juiz Herbert Almeida Carneiro, da Vara de Execução Criminal de Belo Horizonte, ao falar no mesmo painel.

Por isso, o juiz recomenda a participação do Judiciário na elaboração de políticas de segurança desde sua concepção. E que haja um compartilhamento de informações entre as polícias e o Judiciário. Herbert Carneiro reconheceu ainda o atraso tecnológico do Judiciário, "que ainda trabalha com o papel escrito, com o correio, com prazos longos, enquanto o crime atua com a mais moderna tecnologia". Para sanar esses problemas, ele pediu que a Assembléia interferisse, quando da elaboração do Orçamento do Estado, destinando recursos com rubricas específicas para a modernização dos recursos materiais.

O juiz enfatizou que o Judiciário não tem muitos instrumentos que facilitem sua atuação, lembrando que o Código de Execução Penal, de 1940, é arcaico. E recomendou uma revisão dessa lei, de forma a avançar e não regredir, "como aconteceu com a mudança implantada com o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) e o esvaziamento das Comissões Técnicas de Classificação". Criticando o RDD, "que retira a dignidade do preso e até sua vida", e aqueles que querem endurecer mais ainda as penas, Herbert Carneiro garante que isso não resolve o problema da criminalidade.

Como instrumentos que melhoraram a execução penal, o juiz citou a lei que criou os juizados especiais e a recém-aprovada lei de crimes contra a mulher. Em Minas, ele citou como avanços do sistema criminal judiciário a criação da Secretaria da Defesa Social, que centralizou ações antes dispersas e sobrepostas em duas secretarias, a de Segurança Pública e a de Justiça; a criação do Sistema Integrado de Defesa Social, a criação das Apacs e o compartilhamento das informações, enfatizando mais uma vez, que nesta área o Judiciário precisa estar integrado ao lado das polícias, Corpo de Bombeiros e Ministério Público. Herbert Carneiro disse ainda que é preciso haver fluxo de informações sobre a liberação de recursos entre os órgãos e os municípios, e que o governo federal atenda mais ao Estado.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715