Palestrantes de seminário abordam financiamento da segurança

O financiamento da segurança pública foi o tema do terceiro painel do Seminário Legislativo "Segurança para Todos - P...

21/08/2006 - 00:00
 

Palestrantes de seminário abordam financiamento da segurança

O financiamento da segurança pública foi o tema do terceiro painel do Seminário Legislativo "Segurança para Todos - Propostas para uma sociedade mais segura", aberto na manhã desta segunda-feira (21/8/06) no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O evento, que reúne cerca de 500 participantes e 30 entidades apoiadoras e foi precedido de encontros nas diversas regiões do Estado, vai até a próxima quarta-feira e pretende colher sugestões dos poderes de Estado e da sociedade civil organizada para combater a violência e aprimorar a política de segurança.

O major João Francisco Goulart dos Santos, coordenador-geral da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão do Ministério da Justiça, explicou que a Senasp é constituída por três departamentos, responsáveis pela elaboração de políticas, programas e projetos; pelas atividades de pesquisa e formação de quadros; e pelas ações de execução e avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública. Segundo ele, o plano foi elaborado por uma equipe multidisciplinar e prevê investimentos em ações de prevenção, contando, para isso, com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), criado por medida provisória em junho de 2000.

Fundo Nacional de Segurança Pública

Esse fundo destina recursos para reequipamento, treinamento e qualificação das polícias; apoio a projetos de sistemas de informações; programas de polícias comunitárias; e programas de prevenção ao delito e à violência. Ao abordar a implantação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), o coordenador-geral da Senasp disse que o sistema baseia-se em três princípios: sem gestão eficiente não há política de segurança; essa política deve ser pautada por um processo de humanização; e é necessário haver uma articulação sistêmica das instituições que lidam com a questão da segurança.

Entre as ações estruturantes que estão sendo desenvolvidas, João Francisco citou a criação de uma rede nacional de especialização em segurança pública; a estruturação das perícias; a constituição de gabinetes de gestão integrada; a criação de sistemas de estatísticas e de monitoramento da implantação do Susp; a articulação da Rede Infoseg; a assinatura de convênios com os municípios para ações preventivas e a integração dos bombeiros militares no Susp. Ele lembrou, ainda, que a Força Nacional de Segurança Pública, constituída por policiais e bombeiros dos estados e do Distrito Federal, já conta com quase 8 mil membros formados.

Com relação ao processo de distribuição de recursos do FNSP, o major João Francisco assegurou que a distribuição é pautada pela real necessidade de cada unidade da federação, e que os focos da criminalidade variam de estado para estado. Mas só aqueles que possuem gabinetes de gestão integrada podem ter acesso aos recursos do fundo, mediante duas formas de repasse: doação, com aplicação direta, e transferência voluntária, efetivada por meio de convênio. Em 2005, os investimentos foram da ordem de R$ 203 milhões. Nos últimos anos, segundo o major, têm crescido mais os repasses relacionados a aquisições diretas, pela União, de veículos policiais, equipamentos para laboratórios periciais e veículos para bombeiros, com considerável economia em relação aos gastos que seriam necessários se as compras tivessem sido feitas separadamente pelos diversos estados.

Alternativa do financiamento privado

O segundo palestrante do painel sobre financiamento foi Marcos Siqueira Moraes, assessor da Secretaria de Estado de Defesa Social, que falou sobre o tema "Alternativas ao financiamento público de políticas de segurança pública". Na sua opinião, o momento atual, de grave crise no sistema de segurança, é propício à avaliação de novas idéias e propostas, como o financiamento privado do setor.

Ao analisar as perspectivas para essa proposta, ele traçou um cenário em que o setor privado ficaria responsável pelo financiamento, implementação e gerenciamento de uma determinada estrutura, como, por exemplo, uma penitenciária. Assim, o poder público consumiria um fluxo de serviços baseado nessa estrutura; os pagamentos seriam feitos, total ou parcialmente, pelo poder público; e os contratos seriam de longo prazo.

Marcos Siqueira explicou que as primeiras experiências de financiamento privado da segurança aconteceram na década de 80, em países como Alemanha, Nova Zelândia, Reino Unido e França, com foco no aumento da quantidade dos investimentos. Numa avaliação crítica, ele disse que o financiamento privado acabava, invariavelmente, suportado pelos cofres públicos. Já na década de 90, a lógica do financiamento privado passou a ser a do melhor investimento. Nesse caso, analisou, "a efetiva transferência de risco é um fator vital".

Na opinião do assessor da Secretaria de Defesa Social, o financiamento privado pode ser viável na disponibilização de estrutura predial para atividade policial; em frotas de veículos policiais; na construção de estruturas penitenciárias e na oferta de estrutura de comunicação. Marcos Siqueira fez, porém, um alerta: é preciso levar em conta que o financiamento privado inclui novos atores no ambiente de implementação de políticas de segurança, tornando ainda mais complexa a questão da segurança pública. "Governança é a habilidade de coordenar os atores relevantes para o adequado desenho e implementação de políticas públicas", argumentou.

Ao concluir sua palestra, o assessor considerou positivas as perspectivas para a utilização do financiamento privado na segurança no Brasil, mas aconselhou que sejam tomados alguns cuidados, como a flexibilidade do processo decisório, garantindo-se opções públicas de investimento, e a criação de mecanismos efetivos de transferência de riscos.

Debates - Durante os debates do primeiro dia do Seminário "Segurança para Todos", os parlamentares, expositores e participantes falaram ainda sobre temas como superlotação carcerária, capacitação dos conselheiros tutelares municipais e estaduais, políticas preventivas de combate à violência, Estatuto da Criança e do Adolescente, centros de internação, venda de bebidas alcóolicas a menores de idade, polícia comunitária, proteção ao patrimônio público, impunidade nos casos de violência e reformulação da legislação no que tange à segurança pública.

Segundo o deputado Sargento Rodrigues (PDT), não basta que se faça uma reengenharia na legislação, sem o apoio e o envolvimento de toda a sociedade civil no combate à violência. "É preciso que as polícias trabalhem em parceria com o Ministério Público, Poder Judiciário e com a ajuda de toda a comunidade. Só assim teremos verdadeiramente segurança para todos", disse.

 

 

 

 

 

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