Para promotor, exclusão social pode aumentar a criminalidade

Ao falar no Seminário Legislativo "Segurança para Todos - Propostas para uma sociedade mais segura", que a Assembléia...

21/08/2006 - 00:00
 

Para promotor, exclusão social pode aumentar a criminalidade

Ao falar no Seminário Legislativo "Segurança para Todos - Propostas para uma sociedade mais segura", que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais realiza nesta segunda-feira (21/8/06), o promotor de Justiça e coordenador das Promotorias da Infância e Juventude do Estado, Ronald Albergaria, chamou a atenção para o risco de explosão social das "comunidades isoladas em guetos, vilas e favelas", a exemplo do que está ocorrendo em São Paulo. O promotor traçou um quadro sombrio da realidade social no País, destacando especialmente o aumento da criminalidade entre os jovens, por causa da exclusão social e da falta de aplicação do Estatuto da Infância e do Adolescente. Albergaria falou no segundo painel, "Ações preventivas e envolvimento da sociedade civil".

Em sua avaliação, para mudar esta "realidade perversa", será necessária a implantação de redes de proteção aos jovens, baseadas na disseminação de equipamentos públicos para todos e na participação da sociedade na busca de soluções. Ronald Albergaria lembrou os contratastes do Brasil, que está colocado entre os primeiros do mundo na economia e entre os últimos em avanços sociais. O promotor lamentou a perda de vínculos familiares e a atuação da mídia brasileira, principalmente a televisão, que veicula valores distorcidos (sexo, drogas, violência), o que, na sua avaliação, são fatores do aumento da criminalidade entre os jovens.

O Ministério Público, segundo Albergaria, vem trabalhando com conceitos de prevenção primária, o que significa escola de tempo integral nas áreas de risco; secundária, com os programas da família; e terciária, com a implantação de programas sócio-educativos como forma de abordar melhor a questão da violência. Para tanto, o MP sugere um programa global que priorize a garantia de acesso à educação infantil; o estabelecimento de novos paradigmas no ensino fundamental e médio; a implantação de programas de profissionalização; o fortalecimento dos conselhos tutelares; o combate à violência doméstica e aos maus-tratos; a criação de guardas municipais desarmadas; a criação de varas criminais especializadas nos crimes de abuso de crianças e adolescentes; entre outros.

Secretaria vem atuando na prevenção e participação comunitária

A Secretaria de Estado da Defesa Social (Sedes) vem atuando no combate à criminalidade por meio de ações de grupos interdisciplinares, com a elaboração de diagnósticos qualitativos, capacitação de agentes públicos, policiamento comunitário, potencialização de programas locais e núcleos de referência. Os programas são desenvolvidas pela Superintendência de Prevenção à Criminalidade, criada em 2003, cuja responsável, Márcia Cristina Alves, também participou do segundo painel.

Márcia Cristina destacou a necessidade de parcerias com as instituições locais e o envolvimento dos vários segmentos sociais na busca de soluções para o combate à violência. No programa da superintendência, segundo sua coordenadora, cada grupo de violência é abordado de uma forma diferenciada, levando-se em consideração o grau de participação na criminalidade (pessoas com delitos menores e pessoas com criminalidade mais forte e que já cumpriram pena).

Dentre os programas já efetivados pela Sedes, Márcia Cristina citou o de controle de homicídios "Fica Vivo"; a mediação de conflitos; o de penas alternativas; a proteção ao adolescente ameaçado de morte e a reintegração social do egresso. Até o momento foram atendidas mais de 3.500 pessoas nestes programas, em núcleos implantados em 11 municípios mineiros, além de outros sete em Belo Horizonte. A superintendente disse que a Sedes trabalha com o aumento da participação comunitária, a crescente participação de diferentes públicos nas atividades dos programas e com a criação do Grupo Especial de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar). A superintendência participa com 10% do orçamento da Sedes, o que representa uma destinação de R$ 25 milhões este ano.

Pastoral - Destacando a necessidade de mais prevenção e menos repressão, o representante da Pastoral de Direitos Humanos, Alexandre Delorenzo de Souza, afirmou que a insegurança de hoje é resultado das políticas passadas. "A sociedade civil precisa participar mais, acompanhando a execução do orçamento do Estado e da União e fiscalizando os mandatos dos parlamentares", acrescentou. Delorenzo fez palestra no segundo painel, que foi conduzido pelo deputado Edson Rezende (PT).

 

 

 

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