Reunião busca consenso sobre investimento em Congonhas

A criação de um grupo de trabalho para discutir medidas compensatórias para a população prejudicada por empreendiment...

11/08/2006 - 00:00
 

Reunião busca consenso sobre investimento em Congonhas

A criação de um grupo de trabalho para discutir medidas compensatórias para a população prejudicada por empreendimentos minerais foi o principal resultado de reunião realizada nesta quinta-feira (10/8/06), em Congonhas, pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Moradores do Bairro do Pires se queixam de problemas de saúde provocados pela poluição sonora e do ar, causada pela exploração mineral, e temem que o transtorno aumente com a implantação de uma correia transportadora de minério que irá atravessar parte do bairro. O projeto é da Companhia de Fomentos Mineral e Participações (CFM), que considera o equipamento a melhor forma de aumentar o rendimento de suas lavras, por permitir o aproveitamento de minérios mais pobres.

Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Padre João (PT) afirmou que o grupo de trabalho deverá ir além da questão específica da correia transportadora. "Ele tratará de um conjunto de ações para devolver a qualidade de vida à população", afirmou o parlamentar. De acordo com a presidente da Associação Comunitária do Bairro do Pires, Vani Aparecida Severino Silva, são cerca de 2 mil moradores que hoje já sofrem conseqüências de empreendimentos anteriores.

Um vídeo produzido pela associação comunitária e exibido no início da audiência pública promovida pela Assembléia, mostrou os problemas enfrentados pela população. A implantação de uma linha férrea gera queixas pelo perigo de acidentes, atropelamentos e principalmente a intensa poluição sonora, inclusive de madrugada e perto de escolas. O desmatamento de uma área usada para manobras dos caminhões de transporte de minério provoca inundações em parte do bairro. E os moradores se queixam de que a poeira de minério agrava os casos de doenças respiratórias e amplia seu número. Entre os casos citados, há uma menina de quatro anos que já teve pneumonia três vezes. Alguns se queixam de que o gasto mensal com remédios, para grande parte dos moradores, fica entre R$ 100 e R$ 200.

O gerente de Meio Ambiente da CFM, Nívio Lasmar, que compareceu à reunião, ressalvou que muitas das queixas da população são decorrentes de outros empreendimentos, e que não há comprovação que os problemas de saúde são conseqüência da exploração mineral feita pela empresa. No entanto, já no início da reunião, apresentou a proposta de criação de um grupo de trabalho integrado por representantes da empresa, população e poder público, a fim de discutir medidas compensatórias que beneficiem os moradores do Bairro do Pires. A proposta foi acatada pelos participantes da reunião, sendo que o prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, comunicou a decisão de encaminhar imediatamente um ofício à CFM e entidades da sociedade civil formalizando a criação do grupo de trabalho.

O prefeito Anderson Cabido afirmou que a administração municipal só concordará com a instalação da correia transportadora, naquilo que cabe ao município, se houver um entendimento com a comunidade local. Ele ressaltou, no entanto, que o empreendimento irá trazer inúmeros benefícios para toda a cidade, como novos empregos, geração de renda e aumento da arrecadação.

Empresa garante que não haverá demissões

O medo de que os caminhoneiros empregados pela CFM sejam demitidos com a instalação da correia foi outra preocupação manifestada pelos moradores. Essa possibilidade foi afastada pelo representante da empresa, Nívio Lasmar. Segundo ele, hoje a CFM extrai e beneficia cerca de 4,5 milhões de toneladas de minério da lavra próxima ao Bairro do Pires. A correia permitiria dobrar esse número, uma vez que hoje o minério mais pobre não é explorado, por não ser economicamente compensatório transportá-lo por caminhões, processo mais caro que a correia. "O minério mais rico continuará a ser transportado pelos caminhões. Não haverá redução dos caminhões", garantiu Lasmar.

A correia transportadora terá, segundo o projeto, 6,2 quilômetros de extensão, ligando a lavra da CFM às instalações de beneficiamento. O empreendimento já obteve a licença prévia, mas a aprovação de medidas compensatórias para a população é uma das condições para concessão da licença de instalação, segundo afirmou o analista ambiental da Divisão de Urbanização da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Abílio de Azevedo. O coordenador de Gestão de Conflitos Relacionados à Mineração do Ministério do Meio Ambiente, René Vilela, também presente na reunião, cobrou atenção para as necessidades da população, mas também alertou que a correia transportadora pode ter um impacto ambiental menor que o transporte por caminhões.

A promotora de Justiça da comarca da Congonhas, Karina Ferreira, afirmou que irá requisitar formalmente toda a documentação e estudos técnicos relativos à implantação da correia transportadora. Ela disse que também irá estudar a possibilidade de um termo de ajustamento de conduta que contribua para reduzir os problemas de saúde provocados pela mineração.

Representantes de outras entidades do município de Congonhas, também presentes na audiência pública, cobraram a realização de uma discussão mais ampla, que também envolva outras comunidades prejudicadas pela atividade mineradora, como os bairros de Plataforma e Coelhos. A idéia foi elogiada pelo deputado Padre João (PT), que propôs a realização de um seminário com a participação de todas as empresas e entidades do município.

Presenças - Deputado Padre João (PT). Também participaram da reunião o vereador José Lúcio de Castro; o chefe do 3º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM/MG), Emílio Garibaldi; a secretária de Desenvolvimento Econômico de Congonhas, Gláucia Pedrosa; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineral, Eurides Pinheiro.

 

 

 

 

 

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