Direitos Humanos apura negligência em morte de bebê no Sul de MG

Uma criança de três meses, de família humilde, com vômitos e sintomas de desidratação, passou por cinco médicos em to...

09/08/2006 - 00:01
 

Direitos Humanos apura negligência em morte de bebê no Sul de MG

Uma criança de três meses, de família humilde, com vômitos e sintomas de desidratação, passou por cinco médicos em todas as instâncias do sistema público de saúde de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, e morreu uma semana depois, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa da cidade. A causa mortis, no atestado de óbito, foi insuficiência renal. A morte da menina Vitória Camila Santos Alves, ocorrida em 25 de maio último, está sendo investigada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que realizou audiência pública na Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, na manhã desta quarta-feira (9/8/06). Os deputados querem apurar responsabilidades e negligências envolvendo a morte do bebê.

Os depoimentos da mãe da criança, Lucimara Sartori Alves, e da jornalista Joséti Alves, do jornal Hoje, que cobriu o caso, confirmam que Vitória Camila foi atendida por médico do Programa de Saúde da Família (PSF), com vômitos e inchaço nos pés e mãos, e foi liberada sem medicação. O estado de saúde da menina piorou, e sua mãe a levou ao pronto-socorro, onde não havia pediatra. O pai, Evaldo Santos Alves, teve que pagar por exames de sangue e urina em laboratório particular. Foi constatado que a menina apresentava infecção e desidratação. Ela passou ainda pela policlínica da cidade, antes de ser internada na UTI da Santa Casa, onde morreu por insuficiência renal.

Os deputados Durval Ângelo (PT) e Zé Maia (PSDB) perguntaram às depoentes se os exames de sangue e urina tinham sido feitos no Hospital Sagrado Coração de Jesus e constataram um equívoco. O laboratório Biognosis, onde os exames foram realizados, é vizinho ao hospital, mas não pertence a ele. Outra informação que alertou os deputados foi a de que a Santa Casa teria, inicialmente, recusado atendimento à menina porque a prefeitura não estaria repassando as verbas do Sistema Único de Saúde (SUS). Os parlamentares querem que isso seja esclarecido.

Deputados criticam ausência de autoridades

As ausências da promotora de Justiça da cidade, Silvana da Silva Azevedo, não justificada, e do diretor de Saúde e Ação Social da Prefeitura, Marcos Rogério de Paula Oliveira, que enviou representante, foram criticadas pelos deputados. Os dois servidores, que fizeram a denúncia sobre o caso, eram considerados peças-chave na audiência. Em função disso, a comissão aprovou requerimento convocando os dois para audiência em Belo Horizonte, além do promotor de Justiça da área de saúde de São Sebastião do Paraíso, Emílio Carlos Walter.

O representante enviado pela diretoria de Saúde e Ação Social da Prefeitura, Luiz Pimenta Montaldi, fez a defesa do sistema municipal de saúde, afirmando, entre outras coisas, tratar-se de uma referência no PSF. Porém, ele foi desmentido por três mulheres presentes à audiência, além da mãe da menina Vitória Camila. Uma delas, Ana Selma Alves, levou no colo a criança Ana Laura Alves Feitosa, que também teve a insuficiência renal (nefrose) que vitimou Vitória, mas se cuidou em Ribeirão Preto (SP) e foi salva. As outras duas mulheres, Beatriz de Jesus Augusto e Vânia Aparecida Silva, também fizeram relatos de negligência ou incapacidade do serviço municipal de assistência à saúde da cidade.

O deputado Rêmolo Aloise (PSDB) pediu uma auditoria da Secretaria de Estado da Saúde no sistema de saúde do município, e a comissão aprovou requerimento nesse sentido. O parlamentar também fez críticas à Polícia Civil da cidade, que se disse incapaz de apurar o caso, após denúncia feita por um vereador. Já o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), garantiu que o caso será investigado e não se encerrará com a audiência.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PSDB), vice-presidente; Paulo Cesar (PDT), Rêmolo Aloise (PSDB) e Zé Maia (PSDB).

 

 

 

 

 

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