Etapa final de seminário sobre segurança começa em 21 de agosto

A violência é a maior causa de morte na população jovem masculina do País entre 15 e 24 anos, segundo dados do IBGE d...

17/08/2006 - 00:02
 

Etapa final de seminário sobre segurança começa em 21 de agosto

A violência é a maior causa de morte na população jovem masculina do País entre 15 e 24 anos, segundo dados do IBGE do início dos anos 2000. O quadro é mais grave na Região Sudeste, onde a violência é a causa de 79,64% das mortes dos rapazes de 15 a 24 anos. Além de vítimas, os jovens são os principais agentes da criminalidade. Segundo o Anuário de Informações Criminais de Minas/2005, 53,27% da massa carcerária do Estado é formada por homens entre 18 e 29 anos.

Números como esses demonstram a necessidade de formulação de políticas públicas voltadas para a juventude e para as ações preventivas, bem como a adoção urgente de medidas para enfrentar a violência e a criminalidade. Esse é um dos objetivos do Seminário Legislativo Segurança para todos - propostas para uma sociedade mais segura, promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais com mais de 30 instituições de apoio, cuja etapa final será entre 21 e 23 de agosto, no Plenário. O evento foi idealizado em dezembro de 2005, quando foi criada a Frente Parlamentar pela Segurança Pública, coordenada pelos deputados Sargento Rodrigues (PDT) e Edson Rezende (PT).

Convidados - Entre as presenças confirmadas no evento, que teve mais de 500 inscrições, está a do professor Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), que falará na manhã do dia 22 sobre administração de recursos humanos. Esse assunto será abordado ainda pelo ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, Roberto Aguiar, que é professor da Universidade de Brasília (UnB). Também está confirmada, no dia 22, a presença do secretário-adjunto de Defesa Social, Luís Flávio Sapori.

Na abertura, no dia 21, está confirmada a presença do coordenador-geral da Secretaria Nacional de Segurança Pública, major João Francisco Goulart dos Santos; do subsecretário de Estado de Administração Penitenciária, Genilson Ribeiro Zeferino, e das cúpulas das Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Ministério Público e Defensoria Pública. A programação completa do seminário está na home page da Assembléia (www.almg.gov.br).

Interiorização foi em junho e julho; participantes vão discutir mais de 370 propostas

Há alguns anos, a Assembléia de Minas adotou a interiorização dos seminários legislativos como etapa anterior à reunião final. Assim, a população do interior pode participar das discussões e apresentar propostas, mesmo que não venha à Capital. É também nesses encontros que são eleitos os delegados (12 em cada evento) que terão direito a voz e voto na plenária final.

Foram promovidas em junho e julho reuniões nas seguintes cidades: Uberlândia (Triângulo Mineiro), Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Governador Valadares (Rio Doce), Juiz de Fora (Zona da Mata), Pouso Alegre (Sul) e Montes Claros (Norte). Nesses encontros, os participantes discutiram um documento-base elaborado pelas entidades apoiadoras, que foi enriquecido com novas sugestões, gerando um relatório com mais de 370 propostas. São essas propostas que serão discutidas novamente em grupos de trabalhos e votadas no encerramento do seminário, em Belo Horizonte. O texto final servirá de subsídio para ações legislativas e executivas.

O deputado Edson Rezende destaca que a conscientização dos jovens sobre valores humanos e a atuação da escola na prevenção da criminalidade foram sugestões recorrentes no interior. Uma proposta para as áreas de risco é implantar a educação em tempo integral. Outra sugestão foi destinar recursos para estruturação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Conseps). O deputado Sargento Rodrigues também destaca a proposta de definir receita vinculada para a área de segurança pública, a exemplo do que ocorre com saúde e educação. Projeto do deputado em tramitação na Assembléia propõe a criação de um fundo específico para o setor (PL 823/03).

Resultados - Maior evento institucional da ALMG, o seminário busca colher propostas da sociedade e dos segmentos interessados, a fim de subsidiar ações nas diversas esferas de poder. Exemplo de lei que surgiu a partir de um seminário foi a política de recursos hídricos (Lei 13.199, de 1999). Outro exemplo foi a sanção de várias normas a partir do Movimento pela Segurança e Vida, conduzido pelo Legislativo e entidades em 2000. Entre elas, a Lei 13.968, de 2001, considerada um marco para o setor, que estabelece que os sistemas de informações relativos à segurança pública, pertencentes à administração estadual, serão usados de forma integrada pelas polícias Civil e Militar.

Grupos sugerem fundo estadual para segurança e expansão de áreas integradas

O coordenador do grupo de trabalho que estudou o tema "Financiamento da Segurança Pública", Gustavo Persichini, auditor da Polícia Civil, afirma que a questão financeira é o grande gargalo do sistema. O especialista defende a inversão da lógica atual de planejar somente a partir do volume de recursos disponível. "É preciso mudar essa lógica e ter o planejamento como diretriz permanente, priorizando ações", avalia. O grupo apresentou, entre outras, a proposta de criar um fundo único para o sistema, que se destine exclusivamente aos gastos com custeio e investimento, excetuando-se o gasto com pessoal. Dos R$ 3,3 bilhões destinados ao setor em 2005, cerca de 60% foram para pagamento de pessoal e encargos, segundo relatório do Tribunal de Contas.

O coordenador do grupo que estudou o sistema de justiça criminal e o compartilhamento de informações, Lizandro Nei Gualberto, informou que uma proposta muito discutida no interior foi a de expandir a política de criação de áreas integradas, estabelecendo equivalência de responsabilidade territorial entre Polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros para toda cidade com mais de 30 mil habitantes. A proposta inicial foi enriquecida na etapa regional, quando a comunidade do interior sugeriu a inclusão da Defensoria Pública e do Ministério Público, entre outros atores. Um ponto comum foi a sugestão de melhor estruturar o sistema prisional, com a abertura de vagas e o aprimoramento da ressocialização dos presos.

 

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