Brasil já contribui para reduzir emissão de gases de efeito estufa

Projetos de redução da emissão de gases que usam o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) colocam o Brasil em 2º lu...

01/08/2006 - 00:02
 

Brasil já contribui para reduzir emissão de gases de efeito estufa

Projetos de redução da emissão de gases que usam o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) colocam o Brasil em 2º lugar mundial no setor, com 175 projetos apresentados desde fevereiro último, atrás apenas da Índia, que já apresentou 330 projetos. Tais projetos vão representar até 2012 uma redução de 1,3 bilhão de toneladas de poluentes na atmosfera, sendo que o Brasil terá contribuído com 20% para esta diminuição. Os dados foram apresentados pelo secretário executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, José Domingos Gonzales Miguez, na reunião da Comissão Especial do Protocolo de Quioto da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (1º/8/06). Dos 175 projetos brasileiros, 90 foram aprovados na Comissão Interministerial, sendo que 60 foram aprovados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A pedido dos deputados Laudelino Augusto (PT), presidente, Sávio Souza Cruz (PMDB), relator, e Doutor Ronaldo (PDT), a reunião destinou-se à apresentação das 26 propostas recebidas e levantadas ao longo dos trabalhos da comissão, para serem encaminhadas a órgãos diversos, depois de votadas no relatório final, que será apresentado no próximo dia 9. A reunião também serviu para os deputados obterem informações sobre o Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas e sobre o sistema de conhecimento inteligente que integra diversas áreas ambientais, desenvolvido pelo professor Paulo Martins, do Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec).

José Domingos Miguez, que é também o chefe executivo do MDL do Protocolo de Quioto para a região da América Latina e Caribe, da ONU, discorreu sobre a Comissão Interministerial, colegiado deliberativo formado por 20 membros (os mesmos signatários do protocolo), que tem como função supervisionar a aplicação do MDL, verificando os projetos apresentados pelos países, validando-os e conferindo, posteriormente, a redução da emissão de gases. Segundo Miguez, só a partir deste ano o Protocolo de Quioto ganhou orçamento próprio na ONU. "O protocolo veio para ficar, e o MDL será mecanismo fundamental dentro dele", enfatizou.

Fórum Mineiro vai discutir políticas públicas

Criado em junho passado, o Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas vai ser instalado nesta quarta-feira (2), às 11 horas, no Palácio da Liberdade, pelo governo do Estado. O fórum é composto por 16 integrantes, sendo nove secretarias estaduais, dois representantes de organizações não-governamentais (ONGs), três de universidades e dois do setor produtivo. Conta com uma secretaria executiva, coordenada pelo consultor Milton Nogueira, e com comissões temáticas. Seus objetivos, segundo o secretário Milton Nogueira, são desenvolver debates que subsidiem políticas públicas para o setor; obter recursos nacionais e internacionais para o financiamento de projetos mineiros; propor mecanismos que incluam as mudanças climáticas na aprovação de projetos de desenvolvimento; formar quadros, treinar agentes públicos e monitorar os projetos apresentados, entre outros.

Na fase de debates, participantes da reunião se ofereceram para contribuir com o fórum, entre eles representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Instituto Nacional de Meteorologia e da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental. O superintendente de Desenvolvimento Minerometalúrgico e de Política Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Francisco de Assis Soares, disse que os mecanismos do MDL são importantes para Minas Gerais, do ponto de vista econômico, social e ambiental, na solução de problemas locais. E citou como política para a área a inclusão da gestão ambiental como um dos 32 projetos estruturantes do governo mineiro (aqueles que são prioritários na destinação de investimentos).

Sistema inédito de organização do conhecimento

Com o objetivo de integrar o pensamento econômico com o ecológico e o ético, há cerca de dois anos, o professor Paulo Martins, do Cetec, desenvolve um sistema inteligente que conterá uma imensa base de dados sobre os vários campos da ecologia (clima, hidrologia, solo, agricultura), que se destina a subsidiar o trabalho dos comitês de bacias, num primeiro momento, e que poderá ser disponibilizado para produtores rurais e governos, na medida que o projeto consiga mais recursos. Financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), o projeto precisa de mais recursos humanos e materiais, como consultores e computadores, para que seja ampliado o marco até agora conseguido, que é a cartografia da bacia do Rio Paracatu.

Segundo Paulo Martins, o sistema inclui o arquivo de memórias de conhecimentos cartográficos; interação das administrações públicas com as privadas, com ênfase na atividade rural; e modelagem de soluções para a aplicação em ecologia, agricultura, silvicultura e produção econômica.

O deputado Laudelino Augusto comemorou a instalação do fórum mineiro como uma oportunidade para que as propostas e estudos desenvolvidos pela comissão especial tenham continuidade. Entre as 26 sugestões lidas por ele, a serem encaminhadas a diversos órgãos, estão: disponibilizar o relatório final da comissão no site do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; preparar reunião de negócios com representantes do programa austríaco do MDL, que visitarão Belo Horizonte em 12 e 13 de setembro próximo; promover um inventário das emissões dos gases de efeito estufa (GEE) em Minas Gerais; solicitar do Banco Mundial a vinculação do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais como órgão participante do Fundo Mundial para o Meio Ambiente; criar uma linha de financiamento para o desenvolvimento de projetos de MDL

MDL - O MDL é uma alternativa criada pelo Protocolo de Quioto, tratado internacional que prevê ações para a contenção das emissões dos GEE, para que os países desenvolvidos possam cumprir suas metas de redução. Com o MDL, esses países podem adquirir créditos de carbono gerados em países em desenvolvimento signatários, caso do Brasil. Para os defensores dessa alternativa, sua vantagem é que, além de contribuírem para uma menor emissão de GEE, geram empregos e renda e estimulam a preservação ambiental.

Presença - Deputado Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão.

 

 

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