MG tem novo modelo de gestão da segurança pública

A mudança do modelo de gestão da segurança pública do Estado, de um modelo de gerenciamento de crises para um modelo ...

14/07/2006 - 00:01
 

MG tem novo modelo de gestão da segurança pública

A mudança do modelo de gestão da segurança pública do Estado, de um modelo de gerenciamento de crises para um modelo de resultados, foi apresentada pelo superintendente de Integração do Sistema de Defesa Social da Secretaria de Estado de Defesa Social, Marcus Vinícius Cruz, aos participantes do encontro regional do Seminário Legislativo "Segurança para todos - Propostas para uma sociedade mais segura", nesta sexta-feira (14/7/06), em Montes Claros.

O encontro regional do Norte de Minas, que encerrou a etapa de interiorização do seminário, reuniu mais de 144 pessoas de 15 municípios, entre autoridades ligadas à área de segurança, lideranças políticas e comunitárias. A etapa final do evento, promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais com o apoio de mais de 30 entidades, acontecerá entre os dias 21 e 23 de agosto, no Plenário da ALMG.

De acordo com Marcus Vinícius Cruz, os eixos da política de segurança de Minas Gerais são a reforma e profissionalização do sistema prisional; o atendimento ao egresso desse sistema, com medidas sócio-educativas; a intregração policial; e a adoção de medidas preventivas. Além disso, segundo o superintendente, o Estado passou a investir mais em segurança. Em 2003, eram destinados R$ 30 milhões para ações nessa área. Em 2004, esse número subiu para R$ 52 milhões. Já em 2005, o investimento teria chegado a R$ 172 milhões. No entanto, de acordo com dados de Marcus Vinícius Cruz, a destinação de recursos federais para a segurança no Estado foi de R$ 30 milhões em 2003; R$ 17 milhões em 2004 e R$ 9 milhões em 2005.

Resultados - O resultado dessas medidas, ainda de acordo com o expositor do tema "Panorama da violência e da criminalidade no Estado de Minas Gerais", foi a queda da criminalidade em geral, dos índices de crimes violentos em 12% e dos homicídios em 16%. Em Montes Claros, a redução dos casos de homicídios foi de 25% em 2005. Quanto à incidência de outros crimes, houve uma estabilização em 2006, embora os níveis ainda sejam altos. "Daí priorizarmos ações nessa região," justificou. Marcus Vinícius disse que as áreas integradas de segurança pública chegarão a Montes Claros em agosto e que o município é um dos 85 que serão contemplados prioritariamente pelo Plano de Interiorização da Secretaria de Defesa Social.

Ataques em São Paulo alarmam população

Na abertura do encontro regional, o deputado Gil Pereira (PP), que representou o presidente da ALMG em exercício, deputado Rêmolo Aloise (PSDB), discursou citando os ataques que voltaram a ocorrer em São Paulo, nos últimos dias, vitimando agentes policiais e civis de 30 cidades do Estado. Segundo ele, esses fatos alarmam a população e justificam o sentimento de insegurança das pessoas, comprovado em pesquisas recentes. O deputado alertou para a importância dos debates e do envolvimento da população na busca de propostas que resultem em ações para evitar que o pânico vivenciado em São Paulo não seja experimentado por outros estados. O deputado anunciou que, a partir de agosto, a Unimontes terá o curso de Segurança Pública. Segundo ele, somente os estados do Ceará e Santa Catarina possuem formação nessa área.

O secretário de Segurança Pública de Montes Claros, João Avelino Neto, informou que, na cidade, a prefeitura está agindo de forma integrada com as polícias. Ele também disse que foi criada a Guarda Municipal, que, além de cuidar do patrimônio público, atua com a Polícia Militar no apoio comunitário. "Quando se fala em segurança pública, é preciso se pensar em inclusão social", afirmou.

Prevenção - O coordenador da Frente Parlamentar de Segurança Pública da ALMG, deputado Edson Rezende (PT), acredita que prover a segurança dos cidadãos é o maior desafio colocado para o poder público hoje. O deputado também defende que o investimento deve ser feito, sobretudo, em ações preventivas. "Tanto do ponto de vista econômico, quanto social, já está comprovado que é mais vantajoso se investir em educação", afirmou o deputado, que apresentou dados de que enquanto um presidiário tem um custo para o Estado de R$ 1.500 por mês, um aluno matriculado no ensino médio da rede pública onera os cofres em R$ 1.180 por mês.

Na mesma linha de pensamento, o deputado André Quintão (PT) afirmou: "Ou todos nós voltamos nossas atenções para a questão social ou o problema da segurança vai se agravar cada vez mais." De acordo com o parlamentar, todo governo precisa priorizar políticas de educação, geração de emprego e dar atenção especial para a criança e o adolescente.

Deputados abordam destinação dos recursos

A revisão do pacto federativo e a criação do Fundo Estadual de Segurança Pública, com vinculação de recursos, conforme prevê projeto do deputado Sargento Rodrigues (PDT) em tramitação na ALMG, foi defendida pelo deputado Weliton Prado (PT). "Se os recursos arrecadados com as taxas de segurança pública fossem aplicados exclusivamente nessa área, não teríamos os problemas de infra-estrutura que temos hoje", afirmou. De acordo com o deputado, o Estado deve arrecadar R$ 360 milhões este ano com essas taxas, e, no ano passado, R$ 172 milhões foram aplicados na área. A concentração de recursos nas mãos da União foi alvo de críticas da deputada Ana Maria Resende (PSDB). "Só teremos segurança com políticas sociais e, para isso, precisamos de recursos", defendeu.

A criação da Comissão de Segurança Pública foi lembrada pelo deputado Rogério Correia (PT) como um dos melhores resultados da CPI do Narcotráfico, que desenvolveu suas atividades na legislatura passada. Para ele, a segurança precisa ser debatida com a sociedade de forma permanente. "Quem sabe a aprovação do Fundo Estadual de Segurança Pública não vai ser um desdobramento desse seminário?", apostou.

Mais participação - "Ninguém pode dizer hoje no Brasil que tem um plano pronto para garantir a segurança pública", afirmou o deputado Sargento Rodrigues (PDT), também coordenador da Frente Parlamentar de Segurança Pública. Ele defendeu o envolvimento de todos, especialistas e autoridades da área e sociedade civil na busca de propostas para esse plano. O deputado lamentou, ainda, a ausência de representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário nos encontros regionais do seminário.

O deputado Arlen Santiago (PTB) parabenizou a Polícia Militar, pelo trabalho preventivo que realiza, e a Polícia Civil, que está aperfeiçoando sua estrutura para atender melhor a população. "Precisamos agora mobilizar a população para que ela participe, opine, denuncie. A segurança é, de fato, questão de todos", defendeu. A manchete do jornal Gazeta, lida pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), diz que 80% da população de Montes Claros se sente insegura. Para ele são necessárias três medidas para garantir a segurança do cidadão - presença do Estado, participação da população e respeito ao direito do povo.

Grupos de trabalho - Após a fase de exposições e debates, os participantes do encontro foram divididos em três grupos para tratar dos temas: "Ações preventivas e envolvimento da sociedade" (Grupo 1), "Financiamento da segurança pública" (Grupo 2) e "Sistema de justiça criminal, compartilhamento da informação e administração de recursos humanos" (Grupo 3). O grupos foram coordenados pela diretora de Promoção dos Direitos Humanos e Inclusão Social da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, Márcia Martini; o auditor setorial da Polícia Civil, Gustavo Persichini de Souza; e pelo especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Superintendência de Integração da Secretaria de Estado de Defesa Social, Lizandro Nei Gualberto, respectivamente.

Nos grupos de trabalhos, os participantes discutem propostas sobre os temas e apresentam sugestões que serão apreciadas na etapa final do seminário. Também são eleitos 12 delegados que representarão a região na encerramento do seminário, em Belo Horizonte.

 

 

 

 

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