Comissão discute situação de aterro controlado de Rio Manso

O risco de contaminação da bacia hidrográfica do município de Rio Manso, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, p...

13/07/2006 - 00:03
 

Comissão discute situação de aterro controlado de Rio Manso

O risco de contaminação da bacia hidrográfica do município de Rio Manso, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pelo aterro de lixo da cidade foi debatido, nesta quinta-feira (13/7/06), pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Diante da divergência entre as informações trazidas pelos representantes do poder público local, que garantiram a segurança do aterro, e por um proprietário de terreno vizinho ao depósito, que denunciou o risco de contaminação, o deputado João Leite (PSDB), que pedira a realização da reunião, apresentou requerimento para que a comissão visite o aterro controlado de Rio Manso.

Carlos Alberto Maciel e Silva, proprietário de um terreno vizinho ao aterro, apresentou aos deputados fotos e um estudo topográfico demonstrando que o local escolhido para o depósito de lixo de Rio Manso fica a 300 metros de mananciais e nascentes de água. Segundo ele, o terreno escolhido pela Prefeitura está em desacordo com a legislação ambiental e traz riscos de contaminação da bacia do Rio Manso, que é uma das responsáveis pelo abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O prefeito do município, Divino Roberto Ferreira, explicou que, antes, o lixo de Rio Manso era depositado, juntamente com os resíduos da cidade de Bonfim, em um terreno a céu aberto, localizado a menos de 100 metro do rio. Ele contou que, após autuação da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Rio Manso adquiriu o terreno, onde hoje funciona o aterro controlado, dentro das normas estabelecidas pela legislação ambiental.

O responsável técnico pelo aterro da cidade, José do Carmo Dias, afirmou que hoje o município está resolvendo o problema do lixo. "Antes do aterro, a situação era muito mais grave", afirmou. De acordo com ele, as valas do depósito possuem a distância necessária da bacia hidrográfica, estabelecida pela legislação, e são impermeabilizadas, o que evita a contaminação do terreno pelas substâncias produzidas pela decomposição do lixo. O presidente da Câmara Municipal de Rio Manso, Francislei de Souza Barcelos, afirmou que o aterro pode estar prejudicando os proprietários de terrenos vizinhos, mas que está beneficiando a maioria da população da cidade.

Aterros controlados dispensam licenciamento da Feam

Durante os debates, o deputado João Leite perguntou à engenheira civil da Divisão de Saneamento da Feam, Melissa Seixas Lima Figueiredo, se o aterro controlado de Rio Manso cumpre as exigências legais e se possui a autorização de funcionamento do órgão estadual. O deputado questionou ainda se as valas do aterro estão suficientemente distantes da bacia hidrográfica.

Melissa Figueiredo explicou que os municípios não precisam de autorização da Feam para a instalação de aterros controlados, mas que devem respeitar a legislação ambiental tanto na escolha do terreno quanto no tratamento do lixo. Segundo ela, a Feam é responsável pela fiscalização desses aterros e, no caso, de Rio Manso, vistoria realizada no início deste ano constatou que a vala então utilizada estava a 300 metros de distância de curso d'água, não havendo conglomerado populacional nas proximidades.

Entretanto, a engenheira ressaltou que a vistoria foi feita em janeiro de 2006 e que a Feam não conhece a situação das valas que estão sendo utilizadas atualmente pela prefeitura. O deputado João Leite defendeu, então, que sejam feitas modificações na legislação ambiental, de forma a determinar que municípios que possuam bacias hidrográficas tenham seu lixo depositado em outras cidades.

Já o gerente da Divisão de Proteção de Mananciais da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Tales Heliodoro Viana, afirmou que, atualmente, o aterro controlado de Rio Manso atende às necessidade ambientais. Para ele, a bacia hidrográfica corre muito mais risco de ser contaminada pelos proprietários de terrenos na região que, na maioria das vezes, não tratam o lixo de maneira apropriada.

Nesse sentido, o deputado Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente da comissão, afirmou que o problema do lixo urbano somente será resolvido por meio de uma política de educação ambiental. A deputada Maria Tereza Lara (PT) destacou que a maior parte dos municípios mineiros apresenta dificuldades com o tratamento adequado dos resíduos sólidos.

Estância climática de Monte Verde

A comissão aprovou parecer de 1º turno, na forma do substitutivo nº 1, sobre o Projeto de Lei (PL) 2.448/05, do deputado Dalmo Ribeira Silva (PSDB), que reconhece a estância climática de Monte Verde, no município de Camanducaia. Estão anexados à proposição o PL 2.614/05, também do deputado Dalmo Ribeiro Silva, que reconhece Maria da Fé como estância climática e o PL 23.234/06, do deputado Dilzon Melo (PTB), que dispõe sobre o reconhecimento de localidade como estância climática.

No parecer, o presidente da comissão e relator, deputado Laudelino Augusto (PT), considerou que é oportuno o reconhecimento de Monte Verde e de Maria da Fé como estâncias climáticas, mas que é necessário estabelecer uma regra geral para a denominação de localidades como estâncias climáticas e hidrominerais. O substitutivo nº 1, que incorpora integralmente o texto da Lei nº 13.459, de 2000, e dispositivo do Decreto Lei nº 7.841 (Código das Águas), de 1945, cumpre esse objetivo estabelecendo as regras gerais, os pré-requisitos mínimos e a documentação necessária para o reconhecimento das localidades.

Entre as regras gerais, estão, por exemplo, a presença de infra-estrutura hoteleira, com oferta de, no mínimo, 50 apartamentos; de infra-estrutura de lazer com quadras poliesportivas e piscinas; e de serviço médico permanente. Para o reconhecimento de localidade como estância climática, são necessários alguns requisitos mínimos como, variação entre as médias anuais das temperatura mínimas e máximas menor ou igual a 10º C e número anual de horas de insolação superior a duas mil. Já para reconhecimento como estância hidromineral, o substitutivo exige, por exemplo, a presença de fonte de água mineral com vazão mínima de 250 mil litros, por 24 horas.

Foram ainda aprovados dois projetos de declaração de utilidade pública que dispensam apreciação do Plenário.

Requerimentos - Os deputados também aprovaram o Requerimento 5.698/06, da Comissão de Direitos Humanos, solicitando que seja encaminhado ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) ofício sugerindo a inclusão na Comissão de Desafetação do Parque Estadual de Grão-Mogol de representantes da Associação de Agroturismo Rural e Ecológico da Região do Taquaril e Adjacências; das Promotorias de Conflitos Agrários e de outras entidades para avaliar a situação das famílias atingidas pela implantação do parque.

Foram aprovados dois requerimento do deputado João Leite. O primeiro solicitando informações à Feam, ao IEF e a Prefeitura Municipal de Caparaó sobre a retirada de mata nativa próximo ao Parque Nacional do Caparaó para construção de aterro sanitário. E o segundo requerendo a realização de audiência pública em Formiga para discutir a implantação de um aterro sanitário no município.

Por fim, foram aprovados dois requerimento do deputado Laudelino Augusto. No primeiro, o deputado pede o envio de ofício ao governador do Estado para que encaminhe à ALMG, proposta legislativa que atenda a determinação do art. 14 da Lei nº 11.720/94, que prevê a criação do Conselho Estadual de Saneamento Básico. O segundo determina a realização de audiência pública para debater o elevado consumo de carvão vegetal nativo por empresas de ferro gusa e conhecer os dados do IEF relativos a 2005, sobre as autorizações concedidas, bem como os autos de infração expedidos pela Polícia Ambiental por desmatamentos clandestinos.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente; e João Leite (PSDB); deputada Maria Tereza Lara (PT); e, além dos convidados já citados, o secretário municipal de Meio Ambiente de Rio Manso, Jarbas Alves Ribeiro; o secretário de governo do município, José Márcio Pereira; e o engenheiro sanitarista, Romeu Santana.

 

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